Atenção, um nome para se gravar: Giannis An-te-to-ko-un-mpo!
Na NBA, mais uma vez o primoroso craque grego de pais nigerianos conduz os Milwaukee Bucks a uma vitóriaindiscutível sobre os Toronto Raptors
Silvio Lancellotti|Do R7 e Sílvio Lancellotti

Não se trata de um nome, somente, vá lá, impronunciável. Mas, também, e principalmente, de um nome quase impossível de se recordar e, por extensão lógica, de se escrever sem um arremedo de cola estudantil: Antetokounmpo. Ou, a identificação registrada na camiseta de número 34 dos Milwaukee Bucks, o time de Basquete que, nesta noite de 17 de Maio de 2019, no seu Fiserv Forum da cidade mais populosa do Wisconsin, superou os Toronto Raptors por fartos 125 X 103 no segundo combate da melhor-de-sete partidas da Conferência Leste da NBA, a organizadora do Basquetebol profissional de Estados Unidos e Canadá. Agora, na série, Bucks 2 X 0 Raptors.

Até a presente temporada da NBA, pouco se conhecia a respeito de Antetokounmpo, que eu passarei a chamar de Giannis, fora da sua Grécia de nascença ou da Milwaukee que o celebrizou. Subitamente, todavia, o rapaz de quase 25 anos, 2m11 de altura e 110kg de peso, mas dotado de uma impressionante fluidez atlética, de uma formidável versatilidade no seu esporte, evoluiu e impactou de modo tão abusado que os analistas já consideram que se tornará, depressa, o melhor do Basquete no planeta.

De fato um fenômeno, perdão, de história fenomenal. Ele veio ao mundo em Atenas, dia 6 de Dezembro de 1994, um dos cinco filhos de um casal de nigerianos. Veronica, a mãe, uma ex-campeã do Salto em Altura. E Charles, o pai, um ex-futebolista. Mas, por um absurdo legal, ainda que de nascença na Grécia, descendentes diretos de um casal de estrangeiros não recebem, automaticamente, os mesmos direitos dos helênicos de fato. Pior, descendentes diretos de nigerianos, que não venham ao mundo dentro dos limites da Nigéria, por lá, igualmente, são estigmatizados como forasteiros. E assim, até atingir os 18 anos de idade, virar adulto e fazer o crucial juramento à constituição da Grécia, ele meramente viveu no limbo, pobre apátrida.

Na família o Sina Oguro, no seu passaporte ficou Giannis Sina Oguro Antetokounmpo – que, no dialeto Yorubá do pai Charles, significa “a coroa que alguém foi buscar em ultramar”. Poética verdade. Na adolescência, Giannis e o seu mano mais achegado, Thanasis, como dois camelôs de sarjeta, vendiam relógios vagabundos e óculos falsos exclusivamente para ajudar a família e, principalmente, para comprar os pares importados de tênis que calçavam nas pelejas de Basquete da escola. Muito melhor, já em 2009 Giannis começou a atuar nas categorias de base do Filathilikos. Depressa ascendeu à seleção da Grécia e em 2013, no “Draft” na NBA, acabou fisgado pelos Bucks.

A princípio, os torcedores de Milwaukee não confiaram que a aquisição de um ex-apátrida, que mal recebera o seu passaporte para viajar ao Exterior, talvez pudesse resgatar parte da grandeza do seu mega-esquadrão da década de 70, o campeão da NBA em 1971. Naqueles idos os Bucks ostentavam astros excepcionais como Oscar Robertson e Lew Alcindor, que se converteria ao muçulmanismo sob o nome de Kareem Abdul-Jabbar. O “Big O” dono de um recorde magistral nas assistências, 9.887 em 1.040 jogos. Kareem, que também brilharia nos Los Angeles Lakers, o primadista antológico de pontos, 38.387 em 1.560 porfias, sem falar dos 17.440 rebotes e dos 3.189 bloqueios.

De 2013 a esta temporada, Giannis cresceu gradualmente e inexoravelmente. Como os Bucks, da 15ª colocação no ranking da Conferência Leste, até o 7º lugar em 2017/18 e à primeiríssima posição em toda a NBA nesta “season”, circunstância que lhe assegurou a primazia de disputar no Fiserv Forum, até o duelo derradeiro, pelo Larry O’Brien Trophy, quatro das pugnas de cada melhor-de-sete. Claro que Giannis se mostrou primordial nessa fermentação.

Em 465 pelejas, acumulou a média de 27,7 pontos, com o aproveitamento de 52.1% de suas tentativas, 8 rebotes, 4 assistências, 1,2 roubos de bola, 1,5 bloqueios por duelo. Nada menos do que o primeiro atleta, em toda a história da NBA, a se encaixar entre os 20 principais destaques de todos esses departamentos. Na abertura da sua série com os Toronto Raptors, até faltarem 4’12”, os Bucks perdiam de 98 X 95. Todavia, Giannis e Brook Lopez, este de raiz cubana, carregaram os companheiros aos 108 X 101.

Não houve um só instante na peleja desta sexta em que os Raptors sequer insinuassem que ameaçariam os Bucks. O placar favoreceu o time da casa desde o sinal de largada. No primeiro quarto, Giannis & Cia. abriram 35 X 21. E o primeiro tempo fechou em 64 X 39. Toronto se aliviou um pouquinho no terceiro quarto, a folga de 25 pontos se reduziu a 18, placar de 95 X 77. No último quarto, porém, Nick Nurse, o seu treinador, admitiu a completa impossibilidade de bater os rapazes de Mike Budenholzer, resultado de 125 X 103. Giannis reuniu 30 pontos e inacreditáveis 17 rebotes.

A série viaja ao Canadá para duas partidas na quadra dos Raptors, a Scotiabank Arena, no domingo, 19, e então na terça, 21. Caso os Bucks não realizem 4 X 0, a tabela prevê um retorno a Milwaukee na quinta-feira, 23, e talvez mais dois confrontos, em Toronto no sábado, 25, e na sede dos Bucks, na segunda, 27. Alguém aposta numa reviravolta? Bastante difícil.
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