'Vocês são malucos. Eu sei o que estou fazendo.' Abel, ao explicar os reservas na derrota para o São Paulo
Treinador palmeirense dá grande presente ao desesperado rival. Escala os reservas e perde o clássico por 2 a 0, diante de 35 mil torcedores no Allianz. E não aceita questionamento da imprensa por não colocar os titulares
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Abel Ferreira havia alertado. Os jogadores do Palmeiras estavam desgastados com as 83 partidas em 2021. Ainda mais levando em consideração a final da Libertadores, daqui a dez dias.
Só que ninguém esperava que ele fosse poupar todos os seus titulares, com exceção de Weverton, justo no clássico contra o São Paulo, no Allianz Parque.
Foi um presente antecipado de Natal, do treinador português para o rival, ameaçado pelo rebaixamento. O time de Rogério Ceni fez o que quis em campo, aproveitando-se do desentrosamento e da fragilidade técnica do adversário.
Venceu, com facilidade, os reservas palmeirenses por 2 a 0, gols de Gabriel Sara e Luciano. O São Paulo só não goleou porque desperdiçou várias oportunidades. Mas os três pontos entregues pelo histórico rival levaram mais tranquilidade e confiança ao Morumbi, na briga contra o rebaixamento.
Diante das vaias, palavrões dos torcedores palmeirenses, Abel Ferreira tratou de ir para o vestiário, aos 42 minutos do segundo tempo. Ele mesmo criou um clima pesado, tenso, de quem não conhece a história do clube em que trabalha.
Muito mais lógico seria ter levado os reservas para enfrentar o Fluminense. E ter colocado os titulares hoje, contra o São Paulo.
Luiz Adriano, que não seguirá em 2022, foi a vítima predileta da torcida. Vaiado, xingado, perseguido. Ainda piorou tudo aplaudindo os torcedores ao ser substituído.
Clima péssimo, criado por Abel Ferreira.
O São Paulo de Rogério Ceni não tinha nada a ver com isso. Jogou com seus titulares e conseguiu uma vitória fundamental para seguir na Série A.
"A gente não sabia [que o Palmeiras jogaria com os reservas]. Nos preparamos pra pegar o time titular deles, mas é o Palmeiras, ganhamos do Palmeiras", disse Luciano, entusiasmado com o gol que marcou o fim de seu jejum de 11 partidas.
"Acreditem no que estamos fazendo. Um ano atrás, ninguém dava nada para esse time. Ganhamos dois grandes títulos. Vinte e um anos depois, uma Libertadores e ainda a Copa [do Brasil]. Temos um plano e vamos seguir até o fim", dizia, irritado, Abel Ferreira, na coletiva após a derrota.
"Me pagam para tomar decisões difíceis. Era mais fácil jogar contra o São Paulo com o melhor elenco? Vocês [jornalistas] são malucos. Eu sei o que estou fazendo. Vamos seguir o nosso plano, aconteça o que acontecer", cravava, tenso.
"Perdemos. Parabéns, São Paulo. O São Paulo está lutando para não descer, certo? Grêmio e Santos lutando para não descer, certo? Portugal, que é Portugal, não foi qualificado de forma direta. Isso para dizer o quê? Muito difícil continuar com o sarrafo aqui", ironizava.

A verdade é que Abel Ferreira não vai admitir nunca. Só que não teve o menor sentido colocar seus titulares cansados no Maracanã, no domingo.
E os reservas no Allianz Parque lotado, e contra o São Paulo, rival que, na Segunda Guerra Mundial, comandou um levante para tentar tomar o estádio que pertencia ao Palestra Itália. Movimento que obrigou o clube a mudar de nome e se chamar Palmeiras.
O clube caiu para a terceira colocação no Brasileiro, que já foi perdido há muito tempo.
Com 13 pontos de diferença do líder, Atlético Mineiro.
E questionamento da torcida...