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Vitória espetacular de Glover sobre Marreta. Aos 41 anos

Glover Teixeira surpreendeu. Impôs o jiu-jitsu diante dos socos e pontapés do muay thai de Marreta. É o desafiante do cinturão dos meio-pesados

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Glover Teixeira venceu Marreta, de forma impressionante. Jiu-Jitsu impecável
Glover Teixeira venceu Marreta, de forma impressionante. Jiu-Jitsu impecável

São Paulo, Brasil

A grande chance da carreira de Glover Teixeira teria escapado há seis anos.

No dia 26 de abril de 2014.

Quando enfrentou Jon Jones, no auge, na disputa do cinturão dos meio-pesados.


Foi valente, mas acabou dominado.

Perdeu.


Mas 14 lutas depois, seis anos após perder a chance de ter o título dos meio-pesados, aos 41 anos, o mineiro de Sobrália, conseguiu uma façanha.

Tal qual a de 21 anos atrás, quando conseguiu entrar nos Estados Unidos de forma ilegal, pelo México, por Tijuana, guiado por 'coiotes', profissionais que levam imigrantes do mundo todo para o país da América do Norte.


Nesta madrugada, em Las Vegas, Glover conseguiu se superar, ir além dos seus limites, outra vez.

Ele conseguiu uma vitória tão inesperada quanto espetacular contra Thiago de Lima Santos, o Marreta. Também brasileiro e com uma história de vida fantástica. E cinco anos mais novo.

Era o confronto do excepcional jiu jitsu do mineiro de Sobrália, contra a mistura excêntrica e fulminante da muay thai com a capoeira. 

Para simplificar, Glover representava a luta 'agarrada', o xadrez humano, onde cada movimento no chão poder ser uma armadilha fatal.

E Marreta, a luta à distância, com socos e, principalmente, chutes arrasadores.

O carioca também enfrentou Jon Jones, pelo título dos meio-pesados, foi na noite de 6 de julho do ano passado. Perdeu, em decisão dividida. Jones saiu de cadeira de rodas, devido à violência dos chutes do brasileiro.

Só que Marreta rompeu os ligamentos dos dois joelhos, por pisões de Jones. O resultado foi duas operações que fizeram que só voltasse a lutar ontem.

Estava completamente recuperado.

E era o grande favorito para a luta com Glover.

O combate colocava Marreta, o número um do ranking contra o terceiro.

Quem vencesse teria o direito de desafiar o polonês Jan Blachowicz, dono do cinturão dos meio-pesados.

Com socos e cotoveladas, Glover fez Marreta virar as costas para ele. Começo do fim
Com socos e cotoveladas, Glover fez Marreta virar as costas para ele. Começo do fim

A luta foi espetacular, de tirar o fôlego.

E desbancar o favoritismo de Marreta.

Um sabia o que o outro tentaria fazer.

Só que o carioca não conseguiu evitar.

No primeiro assalto, Glover se submeteu ao seu plano, que parecia suicida. Para diminuir a distância, agarrar Marreta, ele recebeu vários socos, diretos, cruzados, violentíssimos. Mas seguiu com obstinação assustadora.

Ele tomou os socos, mas conseguiu se aproximar de Marreta. E o jogou ao alto pelas pernas. E fez o que queria. Deixá-lo com as costas no chão. Foi uma saraivada de socos potentes. O carioca mostrava todo sua falta de habilidade para escapar do excelente jiu-jitsu do rival.

Mas Marreta sobreviveu ao round.

No segundo, a expectativa era que o quarentão Glover estaria cansado. Marreta até conseguiu, nos primeiros momentos do assalto dar a impressão de conseguiria manter a luta distante, com seus socos.

Mas logo Glover o colocou outra vez no chão.

Fez o que quis, montou, usou seu ground-and-pound, ficando por cima, distribuindo socos. O que queria, teve no final do round. Marreta virando as costas para escapar dos murros. O mineiro encaixou um mata-leão e a luta acabaria. Mas Marreta foi salvo pelo final do assalto.

O fim. Com Marreta de costas, Glover aplicou o mata-leão. Vitória clássica
O fim. Com Marreta de costas, Glover aplicou o mata-leão. Vitória clássica

O terceiro assalto foi o da dupla reviravolta.

Glover tentou o mesmo truque do segundo. Dar um direto e logo agarrar as pernas de Marreta. O carioca suportou o direto e quando o mineiro tentou se abaixou para segurar suas pernas, acertou um potente direto, o jogando no chão.

Knockdown sensacional.

Foi a sua vez de socar para valer Glover. Ele se empolgou batendo e se esqueceu do poder de absorção e, principalmente, do jiu-jitsu do mineiro. 

Glover conseguiu 'raspar', ou seja, inverter a posição.

Aí foi o caminho do fim.

Seus socos fizeram outra vez Marreta virar de costas.

Era tudo o que não poderia fazer.

Glover não desperdiçou a chance.

Deu a prometida gravata, o mata-leão.

Usou a técnica e sua força incrível de quem foi imigrante ilegal, foi expulso dos Estados Unidos, e voltou para fazer fortuna e lutar pelo cinturão do UFC.

Para não desmaiar, perder os sentidos, Marreta teve de apelar para o gesto da desistência. Bateu com o mão no chão, simbolizando que a vitória era do rival de 41 anos.

A vitória de Glover aconteceu com um minuto e 49 segundos do terceiro round.

Agora, há um grande problema para o UFC.

O nigeriano Israel Adesanya, campeão dos médios, já havia desafiado Jan Blachowicz para uma 'super-luta'.

Após a vitória, Glover cobrou de Dana White o direito que é seu. Disputar o cinturão
Após a vitória, Glover cobrou de Dana White o direito que é seu. Disputar o cinturão

O combate está sendo articulado, tratado como prioridade.

O que pode significar duas situações.

A primeira, Glover esperar por muitos meses, talvez até um ano para decidir o título, que tem direito.

Ou o mineiro aceitar fazer uma luta difícil, por exemplo, Dominick Reyes, o número dois do ranking, de apenas 30 anos. E Glover correr o risco de perder a chance de disputar novamente o cinturão. Se ele aceitar a luta, será um grande erro.

O ideal seria que o confronto com Blachowicz aconteça na sequência. E não houvessa a 'super-luta' com Adesanya.

"Dana White. Você vai dar a chance para Adesanya?

"Eu tenho 41 anos, não me faça esperar.

"Mas de qualquer forma estou feliz por estar aqui, obrigado, Dana.

"Obrigado, UFC", disse Glover, sabendo o quanto a situação é delicada.

Marreta tem enorme potencial.

Precisa aprimorar seu jiu-jitsu.

E ganhar ritmo, porque estava sem lutar desde a disputa do cinturão com Jones, há um ano e quatro meses.

Mas o dono de uma das lutas mais espetaculares de 2020 tem nome e sobrenome.

Glover Teixeira...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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