Vingança. Tevê não repete lance polêmico. Arbitragem desnorteada
Sportv não mostra replay do duvidoso gol de Leandro Damião. De propósito. Ricardo Marques ficou sem saber o que marcar. Coincidência?
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Foi cruel.
Mas finalmente o Sportv fez o que deveria.
Há muito tempo o replay de lances duvidosos tem levantado a séria desconfiança de interferência externa.
Algo absolutamente proibido nas regras do futebol.
Em torneios que não há o uso do VAR, Video Assistant Referee, ou, em português, árbitro de vídeo.
A Fifa finalmente começou a se render à tecnologia em 2016.
E a Copa do Mundo da Rússia sacramentou a modernidade no futebol.
Em quatro situações ele pode ser consultado, em gols duvidosos, lances de pênaltis, expulsões e quando o árbitro confunde e erra o jogador na hora de dar um cartão amarelo ou vermelho.
Só que hoje, em Porto Alegre, Ricardo Marques Ribeiro, árbitro da Fifa, que está filiado à Federação Mineira, protagonizou uma cena lastimável, vergonhosa.
Eram nove minutos do segundo tempo, a partida estava empatada em 1 a 1. Cuesta e Sanchez dividiram a bola dentro da grande área. Ela sobrou para Leandro Damião, adiantado, que fez o gol.
Ricardo ficou completamente perdido.
Não sabia se marcava impedimento ou não.
Ele conversou com seus bandeiras, com o quarto árbitro.
Foram longos cinco minutos.
Ficou nítido que a longa conversa tinha um objetivo.
O de esperar que o lance fosse repetido na transmissão do Sportv, como acontece normalmente.
E aí, 'por milagre', o juiz costuma acertar.
Só que o Sportv tomou uma decisão inédita.
Resolveu só repetir o lance quando o árbitro decidisse.
Não antes.
Foi uma tortura chinesa.
O árbitro ia de um lado para o outro do campo, conversando com os bandeiras.
Deixando a séria desconfiança que tudo o que ele queria era deixar o tempo passar.
E quem sabe, alguém avisaria o que a tevê mostrava.
Pois a tevê não mostrou.
Ricardo Marques ficou perdido.
Não conseguia disfarçar.
Quem acompanhava o jogo ficou convicto que ele esperava o replay que não veio.
O juiz decidiu pelo impedimento.
Sem convicção alguma, anulou o gol.
Galvão Bueno comemorava no seu programa "Bem, Amigos".
Ele deixou claro a armadilha que o Sportv preparou.
E que a Globo, dona do monopólio das transmissões, deverá fazer nas últimas oito rodadas do Brasileiro.
Em caso de lance duvidoso, não repetir.
Até que o árbitro tome uma decisão.
Com essa atitude, fica dificílima a interferência externa.
Escancara a fragilidade da arbitragem deste país.
O desespero nos olhos de Ricardo Marques foi a maior evidência do quanto ele estava perdido.
A impressão de que ele foi uma cobaia involuntária, o primeiro árbitro a sofrer com a decisão da Globo de não repetir o lance duvidoso.
A situação deve ser mantida.
E em 2019, a bilionária CBF tenha a dignidade de colocar o VAR em todos os torneios nacionais.
Principalmente no seu campeonato nacional.
Acabando de vez com a indecente e ilegal ajuda externa aos árbitros.
Não colocou por economia.
Como a reprodução da conversa do juiz com os bandeiras, com o quarto árbitro, com quem quer que seja, é vetada, ninguém jamais pôde afirmar se houve interferência externa em qualquer jogo.
Mas a desconfiança sempre houve.
Mas a reação da tevê foi maquiavélica.
Expôs o que muita gente desconfiava.
Ricardo Marques vai negar até a morte, que estivesse esperando alguém avisar do replay.
Mas a cena em Porto Alegre foi absurda.
E fala por si.
Se havia alguma dúvida, ela acabou.
Para piorar a situação do árbitro, ao final da partida, outra cena lamentável.
Ao ser cobrado por dirigentes do Internacional, Ricardo mostrou completamente descontrolado.
Ele já saiu do jogo nervoso, tenso além do normal.
Foi o primeiro juiz a não ter replay em lance polêmico.
A cúpula da Globo, dona do Sportv, permitiu a omissão do replay.
E demonstrou como as coisas acontecem neste país.
Triste demais...
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