'Vim para ganhar'. Abel tem o destino de Galiotte e Leila nas mãos
Português precisa fazer o Palmeiras vencer. Para Galiotte fazer de Leila presidente. Esperto, vai seguir os passos de Cebola. Vai morar no CT
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A repercussão foi excelente.
O presidente Mauricio Galiotte ficou orgulhoso.
Acredita que Abel Ferreira convenceu a mídia.
A diretoria, os conselheiros, os torcedores.
O português foi firme, mostrou personalidade, conhecimento sobre o Palmeiras, seus jogadores, o calendário brasileiro.
Aos 41 anos, o treinador, que nunca ganhou um título na carreira de quatro anos, comandando o português Braga e o grego PAOK, tem de dar certo no Palestra Itália.
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Precisa ser vencedor, porque é a grande aposta de que Galiotte terá força política para entregar a presidência à dona da Crefisa, Leila Pereira.
A figura do ex-presidente Paulo Nobre vem sendo lembrada cada vez mais constantemente. A cada fracasso, a cada demissão de treinador.
Nobre e Leila, inimigos mortais, vão se enfrentar na eleição de 2021.
Abel Ferreira está no epicentro dessa briga entre bilionários.
Daí a entrevista tinha de ser o que foi.
Otimista, vibrante, cheio de certezas.
O treinador foi lateral-direito por 14 anos em clubes portugueses.
Penafiel, Vitória de Guimarães, Braga e Sporting.
Está acostumado a ser questionado.
Sabia o que os jornalistas precisavam ouvir.
E Galiotte queria que falasse.
"Não vim aqui para ter férias, vim aqui para trabalhar e ganhar com o clube."
"Vim para ajudar os jogadores a crescerem, é a minha missão."
"Portanto, minha estadia nos próximos meses será aqui dentro."
"Não nos falta nada."
"O Palmeiras oferece todas as condições para os profissionais fazerem o trabalho", destacou.
"Temos que recuperar a nossa identidade. O Palmeiras é conhecido pela Academia, por uma forma e estilo de jogar, não pelos títulos. Foi uma identidade criada. Mas não me peçam que sem treinar verão meu time jogar os meus ex-times. Não me peçam isso, pois não há tempo."
"Sei que temos que ganhar."
"Os jogadores são inteligentes, sabem o que devem fazer em campo, tem uma base dentro deles. Eles têm um mapa do futebol dentro deles. O que vamos fazer agora é ajudá-los, que cada um deles tenha a capacidade de ser melhor que si mesmo a cada dia. Se fizermos isso como no último jogo, teremos muitas alegrias", garantiu Abel.
A prática ensinou ao treinador. Ele chegou ao PAOK com a missão de fazer uma reformulação no elenco, dar espaço aos jogadores da base.
Só que exagerou e provocou um rompimento brusco com os veteranos. O ambiente ficou péssimo, garante a imprensa grega. Daí a saída no meio do contrato para o Palmeiras.
Aqui, embora tenha missão parecida, ele indica que trabalhará com mais calma. Dará mais valores aos veteranos.
E lógico que agradou o líder do time. Felipe Melo.
"No jogo de segunda (contra o Atlético Mineiro), vi Felipe Melo fazer dez quilômetros de distância com intensidade. Agradou-me muito ver Luiz Adriano voltar à área pra recuperar a bola, esse espírito competitivo. Não há tempo para mudar, com o tempo vocês vão ver a confiança dos jogadores crescendo e isso é pra continuar."
"Eu falei pra eles que mostraram uma imagem para além da vitória na segunda-feira, mostraram qualidade, organização, espírito de equipe, competitividade. A forma como o Luan celebrava quando cortava a bola me agradou."
"O jogo não é só com bola, ele é dividido por vários momentos, e o Palmeiras foi muito inteligente, fez o que era necessário quando era preciso atacar ou defender, sempre como equipe. E quando uma equipe trabalha pra conseguir alguma coisa, ela consegue."
Abel percebeu a importância de Andrey Lopes. Sabe como o time estava rendendo sob o comando do auxiliar. E promete ouvir, valorizar suas opiniões.
E, esperto, vai seguir, pelo menos nas primeiras partidas, a estrutura tática que encontrou.
Avisando que não é fã de rodízio.
Seu time titular será seu time titular.
Técnicos estrangeiros no Palmeiras
1. Adriano Merlo (Itália): 1920, 1926 e 1929
2. Attilio Fresia (Itália): 1921
3. Dante Vagnotti (Itália): 1922 e 1927
4. Renzo Mangiante (Itália): 1926 e 1927
5. Emeric Hirchel (Hungria): 1929
6. Humberto Cabelli (Uruguai): 1930, 1932 a 1933 e 1934 a 1935
7. Eugênio Medgyessy (Hungria): 1929 a 1930 e 1932
8. Ramon Platero (Uruguai): 1934 e 1938 a 1939
9. Carlos Viola (Uruguai): 1935
10. Ventura Cambon (Uruguai): 1935 a 1936, 1938 a 1939, 1941, 1944 a 1945, 1946 a 1947, 1948, 1949 a 1950, 1951,1952, 1953, 1954,1955 a 1956 e 1957
11. Caetano De Domenico (Itália): 1940 a 1941
12. Conrado Ross (Uruguai): 1946
13. Felix Magno (Uruguai): 1948
14. Segundo Villadoniga (Uruguai): 1949
15. Jim Lopes (Argentina): 1950
16. Abel Picabéa (Argentina): 1952
17. Ondino Vieira (Uruguai): 1953
18. Armando Renganeschi (Argentina): 1961
19. Filpo Núñez (Argentina): 1964 a 1965, 1968 a 1969 e 1978 a 1979
20. Fleitas Solich (Paraguai): 1966
21. Alfredo Gonzalez (Argentina): 1968
22. Ricardo Gareca (Argentina): 2014
23. Abel Ferreira (Portugal): 2020
O treinador português vai mesmo morar no CT do Palmeiras, pelo menos no início no país. Para acelerar o processo de adaptação aos métodos de trabalho do clube brasileiro.
Abel avisou a Galiotte para ter calma na busca de um zagueiro pela esquerda e um lateral-esquerdo.
Quer analisar a base, para ver se encontra dentro do Palmeiras esses jogadores.
Abel Ferreira já havia deixado boa impressão ao reunir todos os funcionários do clube. Desde os mais importantes até os da limpeza.
E pediu união para o Palmeiras voltar a vencer.
A primeira impressão do 23º estrangeiro a comandar o futebol.
O oitavo europeu.
O primeiro português.
E que influenciará o futuro do Palmeiras.
Não só dentro de campo.
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