VAR, jogos decisivos, vibração. Até que enfim começa o Paulista
O importante na modorrenta primeira fase foi o rebaixamento de São Bento e São Caetano. Começam os óbvios mata-matas entre grandes e pequenos
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A sensação é de alívio.
Acabou a 'interminável' primeira fase do cada vez menos relevante Campeonato Paulista.
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Sem as revelações do Interior.
Já que a esmagadora maioria dos meninos com talento já está no Exterior ou em equipes importantes.
Não mais jogando futebol e cortando cana, como fazia em Araras, o lateral Roberto Carlos, em 1993.
Tudo mudou com a valorização da Libertadores.
Os Estaduais perderam o sentido.
Mas seguem existindo porque são os presidentes de Federações que elegem e sustentam os presidentes da CBF.
E mais do mesmo, os quatro grandes se classificaram entre os oito clubes que disputarão as quartas-de-final.
De 16 equipes, a metade segue, depois de 12 rodadas.
O mais importante que aconteceu foi o rebaixamento de São Bento e São Caetano.
Até a detentora de transmissão do evento, a TV Globo, desistiu e não mostrou jogos às quartas-feiras de janeiro e na maioria de fevereiro, tamanha a falta de importância das partidas.
Até a rica Federação Paulista de Futebol desvalorizou essa primeira fase.
Sabia de sua desimportância.
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E não quis gastar em árbitros de vídeo.
Chegaram os jogos eliminatórios.
E seguindo o repetitivo roteiro, confrontos entre os grandes e pequenos.
A diferença está no momento que Ituano, Ferroviária, Red Bull e Novorizontino encontrarão os tradicionais vencedores de Paulitas.
A começar pelo São Paulo.
O clube do inseguro Leco e do incoerente Raí nem pareceu que conseguiu a classificação ontem, com o empate diante do São Caetano.
O time foi xingado, vaiado, humilhado pela própria torcida.
Seu planejamento amador fez com que esteja sendo comandado por um treinador rebaixado com o Botafogo e, que no último trabalho, encaminhou o Vitória ao rebaixamento: Vagner Mancini.
O elenco, que já deu vexame na Florida Cupa, conseguiu ser eliminado da pré-Libertadores, não desperta confiança na própria diretoria.
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Tanto que será reformulado com a chegada de Cuca, assim que se restabelecer da recuperação de delicada operação cardíaca.
O time segue de mal a pior. Foi dominado ontem pelo rebaixado São Caetano. O clube do ABC perdeu pelo menos quatro chances reais. Mancini não deu a menor estrutura tática. O time teve sorte em escapar de passar vergonha. Tiago Volpi fez grandes defesas.
A infantil polêmica envolvendo o goleiro Jean tirou a atenção da péssima partida do São Paulo. O reserva de Volpi e que tem sido enorme decepção desde que foi contratado do Bahia, em janeiro de 2018, criou novo caso no clube.
Depois da briga pública com Sidão, no ano passado, ele voltou a causar problemas. Primeiro, ao chegar das férias acima de peso. O clube deixou vazar à imprensa que os motivos foram chocolate e refrigerante. Depois por, outra vez, se irritar com a reserva.
Seu comportamento individualista incomodou o improvisado Mancini. E ele aproveitou a derrota para o Palmeiras para criticar Jean diante do grupo. O goleiro não ouviu a bronca até o final, abandonou o grupo. Foi afastado.
Criticou Mancini publicamente. Disse que merecia tratamento diferente por ter jogado no Bahia no mesmo período que Vagner treinava o Vitória. O treinador garantiu que a declaração não é verdadeira.
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O incoerente Raí, tentando não desvalorizar ainda mais o goleiro, disse que a situação será resolvida se o jogador pedir desculpas ao grupo. Aliás, situação que o executivo avisa que o jogador sinalizou.
Chegou à imprensa a 'adoração' de Jean por chocolate e refrigerante, que o atrapalha a entrar em forma.
Na verdade, Cuca já sinalizou que não deseja a permanência do individualista goleiro.
Ele tem tudo para sair.
Até como exemplo.
Assim como não quer Nenê, Jucilei e Bruno Peres.
O inseguro Leco quer tirar o adjetivo incoerente de Raí.
Avisa a membros da diretoria e conselheiros que, com a saída de Diego Souza, Nenê, Jucilei e Bruno Peres que economizará.
Só que ao mesmo tempo está disposto a investir R$ 1,2 milhão limpos para Alexandre Pato.
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Com o time jogando mal, sem confiança, préstes a sofrer uma profunda reformulação, o São Paulo vai começar os jogos eliminatórios contra o regular Ituano.
Hernanes, contundido, estará fora dos confrontos decisivos.
Tudo ficará dificílimo se o Ituano não vender o mando do jogo final.
Ninguém estranhará se acontecer na capital, como infelizmente, já virou tradição.
Já o Santos também não terá sossego diante do Red Bull. A equipe de Jorge Sampaoli é limitada. E ainda assim, o técnico argentino descobre na pele como é insensato o futebol brasileiro. Não respeita as datas Fifa. E sacrifica os clubes.
Ele não poderá escalar Cuevas, Derlis González e Soteldo, que estarão disputando amistosos com suas seleções. Com a ausência do trio, o time perde a disposição tática natural para aproveitar a velocidade do toque de bola, a velocidade, a pressão. E a recomposição.
No vexame de ontem, derrota por 4 a 0, diante do Botafogo de Ribeirão Preto, Sampaoli outra vez viu o quanto o elenco é fraco. Incapaz de responder sem os titulares às suas decisões estratégicas. Marcação na saída de bola adversária provocou enorme buraco na intermediária. E que deixou a defesa aberta. Como aconteceu diante do Ituano, quando foi humilhado por 5 a 1.
Não bastasse esse ingrediente pesadíssimo, há o dinheiro.
A diretoria ainda não teve competência para pagar os jogadores.
O que tirou de vez a paciência do argentino.
Ele fez questão de devolver seu salário.
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Não aceita receber enquanto os salários de fevereiro não chegarem às contas dos atletas.
Com esse clima de total tensão que o Santos enfrentará a equipe que mais pontuou no primeiro turno.
Mais do que os clubes grandes.
O polêmico Antônio Carlos faz seu time jogar ótimo futebol.
E também tem a vantagem de decidir em 'casa', no Moisés Lucarelli, em Campinas.
Isso se a Federação Paulista de Futebol permitir.
A derrota de ontem para o Botafogo fez o Santos perder a segunda colocação geral para o Palmeiras. O que poderá dar a vantagem ao time de Felipão decidir uma possível semifinal na arena palmeirense.
Já o Corinthians é o grande com melhor ascensão técnica e tática. O time se encaixou na hora certa. Fábio Carille outra vez vem fazendo grande trabalho. Conseguiu dar unidade aos vários jogadores contratados pela diretoria. E num espaço de tempo muito curto conseguiu montar um time compacto, vibrante e veloz no ataque.
Na vitória contra o difícil Ituano, ontem, fora de casa, o Corinthians mostrou sua força. Mesmo com Cássio tendo de trabalhar muito, e com eficiência, o time criou inúmeras chances para vencer bem mais do que por 1 a 0.
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Variando entre o 4-1-4-1 e o 4-2-3-1, o time está crescendo a cada jogo. A compactação, as triangulações pelos lados, a movimentação e sacrifício dos atacantes na marcação se aprimoram.
Carille confessou surpresa e alegria, diante tantas opções que ganhou no elenco. Ele não acreditava que teria tantos jogadores com qualidade. Lamenta não ter Fagner por conta dos amistosos da Seleção, mas avisa que seu time está pronto para as partidas das quartas.
A Ferroviária é uma equipe muito organizada, moderna, vibrante. Vinícius Munhoz faz um trabalho interessante. Mas o Corinthians é nitidamente superior.
E tem enorme chance de arrancar para brigar, de verdade, pelo tricampeonato.
O Palmeiras tem tudo para superar ainda a crônica falta de ambição ofensiva de Felipão. O talento do elenco é tão desproporcional ao exagero defensivo de Scolaria, que acaba colecionando vitórias. A diretoria ainda não quer a menor relação com a Federação Paulista de Futebol, por conta da decisão do Paulista de 2018. Mauricio Galiotte jura que o Corinthians foi favorecido por interferência externa, proibida pela lei.
Ele queria colocar apenas reservas. Mas Scolari insistiu que o torneio serviria de preparação para a Libertadores, real objetivo palmeirense em 2019. E que a melhor desfeita para o presidente da FPF, Reinaldo Bastos, seria vencer a competição, ganhar o dinheiro pelo título, R$ 5 milhões. E travar a caminhada do rival Corinthians.
Felipão colocará seus principais jogadores.
Eles estão descansados, mais do que os outros grandes, por conta do revezamento imposto por Scolari. Já pensando nesses momentos decisivos.
Não faltará talento e fôlego nestas quartas.
E o time vai precisar.
O adversário é o Novorizontino de Roberto Fonseca.
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O time interiorano fez um acordo interessante com o Londrina. O clube cedeu por empréstimo o técnico e jogadores para se valorizarem no Paulista. Vale mais o dinheiro de eventuais vendas do que jogar para valer o deficitário Campeonato Paranaense.
A equipe tem na força física, na compactação e na velocidade de contragolpes suas armas.
A expectativa é de dois jogos muito interessantes, com o favoritismo palmeirense.
O caminho já está definido para as semifinais e finais.
Os vencedores de Palmeiras e Novorizontino e Santos e Red Bull se enfrentarão por uma vaga à final.
Já quem passar entre Corinthians e Ferroviária e Ituano e São Paulo disputarão o outro lugar na decisão.
Finalmente começa o Campeonato Paulista...
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