Tite se mostra preso à Seleção até 2022. E esquece alegria pela final
A grande dúvida era se Tite assumiria estar disposto a ir embora depois da Copa América, deixou claro que não vai. Mas não mostrou alegria por ficar
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
Rio de Janeiro, Brasil
Maracanã
"Dois mil e vinte e dois é o contrato. Após a Copa do Mundo. É o contrato que o Tite mantém com a CBF."
Essa foi a resposta mais esperada de Tite nesta véspera de decisão de Copa América.
O treinador não estava eufórico, não estava animado.
Os sorrisos foram raros.
Na coletiva obrigatória que o técnico é obrigado a conceder, antes da final da Copa América, o Peru não despertava a atenção dos cerca de 200 jornalistas no Maracanã.
Tite recebe cerca de R$ 900 mil mensais com a CBF.
Ele prevê multa rescisória, em caso um dos dois lados desista antes do final do Mundial do Qatar,
A CBF é uma entidade de patrimônio bilionário. Não seria a falta de dinheiro que impediria a dispensa de Tite.
Mas a falta de substitutos nascidos no Brasil à altura do treinador.
O presidente Rogério Caboclo o considera o melhor entre todos. Só que não quis a permanência de Edu Gaspar como coordenador de seleções. A postura o incentivou a aceitar a proposta do Arsenal.
Caboclo resolveu fazer valer sua hierarquia e escolherá o chefe imediato de Tite.
Juninho Paulista ganhou muita força nesta última semana.
E segue favorito por conta do seu relacionamento com Caboclo e ter o perfil que deseja: ex-jogador, vencedor e completamente integrado à filosofia da CBF.
A experiência de Juninho Paulista gerindo o Ituano deu muito certo.
Há um dado que pode apressar o processo.
E o nome do novo coordenador possa ser anunciado já na segunda-feira.
O presidente Caboclo viajará para a Suíça na terça-feira. Vai definir detalhes do Mundial sub-17 que o Brasil vai sediar no lugar do Peru, ainda este ano. E quer deixar definida a situação. Daí, as chances de Juninho serem grandes, pelo grau de relacionamento entre os dois.
Tite não tem intimidade com Juniinho Paulista.
Mas é muito melhor do que com qualquer eventual dirigente que o treinador sequer conhecesse, como um presidente de federação, por exemplo.
O treinaor, que vai disputar a sua primeira final com a Seleção Brasileira, não se mostrava alegre, muito pelo contrário.
Não fez questão de disfarçar o incômodo que vive.
Ele gostaria de estar cercado pela Comissão Técnica que escolheu. Não ter Sylvinho, que foi para o Lyon, como auxiliar foi ruim. Mas perder Edu Gaspar, que garantiu o emprego duas vezes, foi pior.
A primeira vez foi ao ganhar o cargo do banido presidente Marco Polo del Nero,
A segunda, ao ter renovado seu contrato.
Mas os fracassos da seleção de base acabaram por convencer Caboclo que Gaspar deveria sair.
Tite só voltou a se animar quando foi perguntado sobre estar provado que o Brasil não precisou de Neymar.
"Se o maior do mundo saiu em 1962, e Amarildo entrou e arrebentou. Se o maior do mundo saiu e foi insubstituível, todos os outros... não é desmerecimento a Neymar, Messi, Cristiano Ronaldo, Hazard, Griezmann... Neymar é diferenciado, é Top-3. Faz coisas com velocidade impressionante.
"Conjunto tem que estar forte. Se não aparecer Neymar, aparecer o Cebolinha. E David Neres."
A coletiva de Tite teve um clima que em nada lembrou um treinador às vésperas de sua primeira conquista oficial com a Seleção.
E sim de um técnico desgostoso.
A indicação é que ele vai seguir no cargo.
Mas sem a empolgação de quando assumiu.
Muita coisa mudou desde agosto de 2016...
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