Tite: alívio por Suíça, Sérvia e Camarões. E ansiedade pela chance de levar Firmino e Gabriel Jesus à Copa do Catar
'Estou em paz', resumiu o treinador da seleção brasileira após o sorteio no Catar. Ele estava mais ansioso para que seja aprovada a tese de 26 convocados. Para levar Firmino e Gabriel Jesus, seus fiéis escudeiros
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasill
Alívio.
A fisionomia de Tite e do seu inseparável auxiliar Cléber Xavier era de alívio em Doha, no Catar. Embora os dois cumprissem a obrigação estratégica de elevar ao máximo o potencial de Suíça, Sérvia e Camarões.
É lógico que eles estavam muito sorridentes porque o sorteio dos grupos da Copa do Mundo tirou do caminho do Brasil a Alemanha e a Holanda, que estavam no mesmo pote que a Suíça, absurdo do ranking da Fifa.
Mas eles jamais assumiriam publicamente.
"Eu estou em paz. Antes do sorteio, o pessoal perguntava qual era a expectativa, e eu disse ‘sem expectativa’. O que eu tenho certeza é de que vai precisar passar pelas grandes seleções e por uma fase classificatória que é inevitável.
"Palavra de honra, eu ficava olhando as possibilidades que tinha e deixei as coisas acontecerem. Mas é claro que, quando se pega grupos com Alemanha e Canadá, tem algumas situações, mas nada que você diga que possa facilitar. Mundial não tem facilidade", resumiu, Tite, na "zona mista", setor de entrevistas a jornalistas que estavam no Catar.
As declarações de Tite remetem às que fez em Sochi, na Rússia, logo após o sorteio de 2018, que colocou as mesmas Suíça e Sérvia no grupo do país. A única troca é a entrada de Camarões, no lugar da Costa Rica.
"Há outros grupos que têm duas equipes fortes e as outras duas em um nível menor que a gente olha e diz: aí estão os dois classificados. Nesse grupo [do Brasil], não se vai ter com nenhum deles um grau de facilidade maior. Nem em termos técnicos, táticos e mentais. Isso vai exigir da gente uma performance de alto nível", disse no dia 3 de dezembro de 2017.

Ou seja, Tite, na sua segunda Copa do Mundo, segue o mesmo. Tratando de elevar o nível dos adversários para valorizar mais do que prováveis vitórias.
Ele e Cléber sabem muito bem que o Brasil tem como "obrigação" se classificar em um grupo que só é "traiçoeiro" para quem que se deixar enganar. Os adversários, embora muito táticos, principalmente a Suíça, seguem bem abaixo tecnicamente em relação ao time de Tite.
O treinador tinha outro motivo, e mais sigiloso, para comemorar.
A tese que defende com ardor.
A de que poderá levar 26 jogadores, e não apenas 23 atletas, para a Copa do Mundo.
Os motivos têm nome.
Roberto Firmino, Gabriel Jesus, Matheus Cunha e Gabigol.
Os quatro corriam sérios riscos de não irem para a Copa do Mundo, com apenas 23 convocados.
Antony, Richarlison, Raphinha, Vinícius Júnior estão garantidos no ataque.
Além de Neymar, evidente.
Com a tese de mais três atletas, o treinador poderá chamar alguns dos jogadores que fazem parte do "seu grupo".
Tite é muito grato ao elenco que garantiu a classificação para o Mundial da Rússia, quando ele ganhou prestígio muito grande como treinador da seleção.

Roberto Firmino e Gabriel Jesus são dois importantíssimos, na visão do treinador. Que se dedicaram de corpo e alma ao time. Violentando, inclusive, suas características no Liverpool e no Manchester City.
O técnico os quer levar para a Copa, mesmo não rendendo bem na seleção brasileira.
Gabigol, além do seu bom futebol, há a pressão para convocar um ídolo que atue no país.
Em relação a Matheus Cunha, o treinador estava empolgadíssimo com as atuações do atacante do Atlético de Madrid. Até que ele sofreu uma lesão ligamentar no joelho direito, em fevereiro. A previsão do clube espanhol é que ele volte a jogar no próximo mês, no máximo em maio.
Daí, o entusiasmo de Tite por poder três atletas a mais para levar ao Catar.
Tese que a Fifa iria estudar e tem tudo para aceitar.
O que traz tanto alívio ao treinador brasileiro como o sorteio de hoje.
Ele sabe que Suíça, Sérvia e Camarões foram um presente do destino.
Os adversários poderiam ser Alemanha ou Holanda, Polônia e Gana.
Tite não tem do que se queixar...