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Cosme Rímoli - Blogs

Submisso à CBF, Tite ironiza a falta de adversários fortes antes da Copa. Técnico é outra pessoa desde que deixou o Corinthians

O treinador da seleção é pessoa muito diferente do que era no Corinthians. Submisso à direção da CBF, não reclama dos fracos adversários como Coreia e Japão a cinco meses da Copa. Mas critica os pontapés em Neymar

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Tite é outro desde que assumiu a seleção, em 2016. Protegendo Neymar e sendo vazio nas coletivas
Tite é outro desde que assumiu a seleção, em 2016. Protegendo Neymar e sendo vazio nas coletivas

São Paulo, Brasil

Tite sabe muito bem conduzir entrevistas.

Ele é treinador há 22 anos.

Foi jogador por 11 anos.


Ou seja, só fala o que interessa a ele. 

Por mais garantia, nunca vai a coletivas sozinho. Ao contrário dos outros todos treinadores de seleções importantes do mundo, ele leva um auxiliar. Para ajudá-lo a não enfrentar perguntas constrangedoras. Ele não percebe que, para os jornalistas brasileiros e do exterior, a imagem que passa é de pura insegurança.


E hoje, depois da vitória contra o fraco Japão por 1 a 0, após celebrar o 5 a 1 diante da Coreia do Sul, Tite ironizou a falta de adversários importantes para o Brasil antes da Copa do Mundo.

Agiu como se fosse algo impossível e não fruto da incompetência da CBF em articular com outras federações do mundo. Usar politicamente a Fifa, abrir mão de dinheiro, fazer o que for. Não cruzar os braços e se conformar.


Mas Tite, que já foi muito mais contestador, quando era o treinador do Corinthians, por exemplo, mudou muito ao trabalhar na seleção brasileira. Ele aceita tudo o que vier.

Foi irônico, querendo fazer piada com uma situção que é muito séria.

O Brasil tem a chance de um amistoso importante a dois meses da Copa do Mundo, além da partida obrigatória, segundo a Fifa, contra a Argentina.

"Que seleção jogar contra, hipoteticamente? França, campeã mundial."

"França, vamos colocar um pouco mais…"

"Alemanha, Inglaterra, top, top."

"No mundo real não dá agora", disse, após a vitória de hoje, contra o Japão.

Tite levou Danilo, o melhor jogador no Brasil, para a Coreia e Japão. Não o colocou um minuto sequer. Inaceitável
Tite levou Danilo, o melhor jogador no Brasil, para a Coreia e Japão. Não o colocou um minuto sequer. Inaceitável

É assim, sem contestar, que o comandante da única seleção pentacampeã do mundo age. Desde que começou a trabalhar na seleção, Tite mudou muito. No Grêmio, no Corinthians, era outra pessoa. Alguém contestador.

Com coragem de dizer o que realmente pensava de Neymar há dez anos.

"Perder ou ganhar é do jogo. Simular uma situação para levar vantagem não é. [Neymar] é mau exemplo para o garoto que está crescendo, para o meu filho."

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O Tite de 2012, campeão do mundo e da Libertadores, é bem diferente do que fracassou na seleção na Copa da Rússia e tem outra chance no Catar. Ele trata Neymar com enorme privilégio. Segue sendo dependente do camisa 10. Aos 30 anos, o coadjuvante de Mbappé tem a liberdade de não voltar para a marcação e correr por onde gosta, do meio para a esquerda. Se vai sufocar Vini Jr., a falta de sorte é do jogador do Real Madrid. Se Richarlison tiver de correr por ele e por Neymar, problema do atacante do Everton.

A grande reclamação de Tite não foi com o nível do amistoso. Não, ele queria reclamar das faltas que seu time tomou. Principalmente as oito que fizeram em Neymar, que, aliás, tomou cartão amarelo ao agarrar um marcador pelas costas.

"Fiquei brabo com a arbitragem. A falta tática era toda hora. Forte demais, passava do ponto. E aí o poder criativo ficava neutralizado nessa. O jogo te permite isso, o árbitro que tem que coibir."

Foi isso, Tite se contentava com as finalizações contra o fraco Japão.

"A atuação foi sólida, enquanto não teve o poder criativo maior. Quando teve o poder criativo maior, teve um detalhe que foi significativo, as finalizações têm que ser mais precisas. Tivemos número bastante grande de finalizações, mas número grande também de finalizações bastante bloqueadas, mas também imprecisas nossas."

Foram 20 chutes a gol.

Oito travados.

Na entrevista superficial que deu, Tite não assumiu que centralizou e "matou" Vini Jr. E também não explicou por que fez Danilo apenas viajar pela Coreia do Sul e Japão, sem colocar sequer um minuto em campo o melhor jogador atual do Brasil.

Assim segue o trabalho de Tite desde que a seleção foi eliminada na Copa da Rússia.

Vini Jr. jogou 'encaixotado' no meio contra o Japão. Tite sabotou o melhor jogador brasileiro no exterior
Vini Jr. jogou 'encaixotado' no meio contra o Japão. Tite sabotou o melhor jogador brasileiro no exterior

Acumulando vitórias contra times frágeis, sem capacidade de testar o real potencial da equipe. A exceção foram os jogos contra a Argentina. Rival que, não por acaso, ganhou a histórica final da Copa América de 2021, em pleno Maracanã.

O Brasil segue se enganando até a Copa do Catar.

Tite sabe disso.

Mas não assumirá nem sob tortura.

Vivido, sabe: o que será publicado é o que o técnico fala.

Mesmo sendo o mais incoerente, mais vazio possível.

E não o que realmente pensa.

O que acontece, de verdade.

Uma pena Tite ter mudado tanto para seguir na CBF...

Vini Jr. assume protagonismo e aparece em 2º na lista dos mais caros do mundo

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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