Sonolento, burocrático, apático. Empate do Palmeiras foi derrota
O time de Mano confundiu domínio de bola com apatia. Apenas empatou com o Atlético em crise. E viu o Flamengo abrir cinco pontos na liderança
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O Palmeiras baniu Felipão porque o treinador forçava seu time a chutões, cruzamentos insistentes para a área.
Era consenso na diretoria que a equipe estava afobada, desesperada.
Mano Menezes que é inteligente, percebeu o que a diretoria, patrocinadores, mídia, conselheiros e torcedores exigiam: o time tocando a bola, sem precipitação.
Um time consciente.
Foi assim que conseguiu quatro vitórias seguidas e empatar com o Internacional, em Porto Alegre.
Foi assim que o clube passou o Santos e colou no líder Flamengo, ficando só a três pontos distantes.
O time carioca jogou hoje pela manhã, venceu a Chapeconense por 1 a 0.
Abriu seis pontos.
Obrigou o Palmeiras a vencer o Atlético Mineiro, que vinha em péssima fase, na sua arena.
Só que o ameaçado Rodrigo Santana soube bem o que fazer.
Tratou de montar seu time com três zagueiros. Organizou a última linha com cinco defensores outra com quatro meio-campista e um só atacante. Congestinou sua intermediária.
Mano montou seu time no 4-3-3, mas com os setores afastados. Sem triangulações pelas laterais. Centralizando o jogo, com toque de bola lento, com atletas desinteressados, sem personalidade para dribles, improvisações.
O resultado foi o Palmeiras com 62% de domínio de bola. Mas sem objetividade, burocrático, sem penetração, estéril sem incomodar o goleiro Cleiton.
Para piorar as coisas, tomou um golaço de Nathan, no final do primeiro tempo.
O técnico palmeirense estava suspenso pelo terceiro cartão amarelo. Se estivesse no banco, seus gritos talvez acordassem a monótona equipe vice-líder do Brasileiro.
Sidney Lobo, seu auxiliar, não conseguiu.
Foi o talento de Dudu e Gustavo Scarpa, que fizeram uma improvável tabela, salvou o Palmeiras da derrota. O empate veio aos 37 minutos do segundo tempo, em um lindo gol de Dudu.
Só aí o time paulista mostrou mais competitividade, gana, vontade de vencer. E encurralou o Atlético Mineiro, como deveria ter feito desde o início do jogo.
Foi tarde demais.
Apenas empatou com um adversário em baixa e em casa.
Resultado: ficou a cinco pontos do Flamengo.
O empate do Palmeiras foi uma derrota causada pela burocracia.
Uma coisa é tocar a bola com objetividade.
Outra é perder tempo, sem intensividade, vibração.
Lucas Lima foi o retrato da acomodação.
Um jogador tão talentoso que não consegue levantar a cabeça, encarar a defesa adversária, buscar tabelas, infiltrações, inversões de jogadas, como fazia no Santos.
Perdeu toda a confiança, se acomodou no Palestra Itália.
No jogo de hoje deveria ser a alma da equipe.
Foi um carimbador de bola.
Principalmente passes laterais, improdutivos.
O time de Mano Menezes pagou caro pela apatia.
Perdeu dois pontos irrecuperáveis.
A equipe de Jorge Jesus agradece...
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