Só Renato Gaúcho para apostar em Thiago Neves e Diego Souza
Os dois jogadores desacreditados se comprometeram. Deram 'a palavra de honra' para Renato que irão ser profissionais no Grêmio. Estão contratados
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Uma contratação à antiga.
Onde a palavra pesou mais que os fatos.
Como o blog publicou, os dirigentes dos principais clubes do Brasil estavam com medo de apostar em Thiago Neves.
O paranaense, que fará 35 anos daqui exato um mês, tem muito talento. Habilidoso, inteligente, técnico. Com excelente visão de jogo.
Mas extremamente problemático fora do gramado.
Era ídolo da torcida cruzeirense.
Irreverente, adorava provocar os rivais, quando vencia.
Mas no ano que o clube mais precisou dele, comandado por uma diretoria incompetente, suspeita, investigada pela Polícia Federal, Thiago Neves não foi o líder que se esperava.
Ele foi além de se omitir.
Se transformou em um personagem que só tumultou as coisas ainda mais na Toca da Raposa.
Foi contaminado pela acovardada mediocridade tática de Mano Menezes. Depois, trabalhou contra Rogério Ceni, por saber que o treinador faria uma revolução no envelhecido elenco cruzeirense.
Depois, com o time caminhando para o rebaixamento, cobrou seu salário atrasado dos dirigentes. Não recebeu.
Cobrou pênalti importantíssimo contra o CSA para fora.
Machucado, foi para show, enquanto o time jogava, não mostrando o menor comprometimento ou preocupação com o rebaixamento que chegava.
Por tudo isso, teve de sair do Cruzeiro.
Entrou na justiça para conseguir seus direitos.
Mas ninguém o queria mais na Toca da Raposa.
Dirigentes, conselheiros e, principalmente, torcedores.
Recebeu ameaças de todos os tipos depois do rebaixamento.
Mas estava livre no mercado.
Só que marcado.
Foi quando recebeu uma ligação de Renato Gaúcho.
O treinador gremista não mediu palavras.
Perguntou o que ele queria ainda no futebol.
Com 15 anos de carreira, Neves é milionário.
Thiago ficou muito animado e garantiu querer participar de um grupo unido, com um grande objetivo, como a Libertadores.
E Renato disse a Thiago que acreditava.
Se comprometeria por ele.
E procurou o assustado Romildo Bolzan.
Ainda traumatizado com o fracasso que foi a passagem de Diego Tardelli, o dirigente estava reticente em relação ao meia, por tudo que aprontou no Cruzeiro.
Mas Renato deu a garantia que valeria acreditar no jogador.
E que a contratação seria barata e com grande lucro dentro do campo.
O técnico e o meia têm grande amizade.
Os dois foram campeões da Copa do Brasil em 2007.
E vices da Libertadores em 2008.
Estavam no Fluminense.
Ao sair do Cruzeiro, Renato preparou o ambiente, os jornalistas de Porto Alegre.
"Ele serviria em qualquer grande time do Brasil. É um atleta que conta com a minha admiração. No futebol brasileiro, você conta na palma da mão os jogadores que têm o talento dele. Se for para uma grande equipe, motivado, tem tudo para dar certo", disse.
Romildo exigiu de Thiago Neves um contrato de produtividade. Ele só ganhará seu salário integral se participar pelo menos de 70% dos jogos. O meia aceitou.
O contrato é de um ano.
Renato foi claro.
Thiago precisa ser muito profissional com o Grêmio.
E, mais do que isso, respeitar a amizade com Renato.
Em situação parecida está Diego Souza.
Seu grande potencial sumiu.
Desde o início de 2018, quando foi esquecido por Tite, e teve seu sonho de disputar a Copa do Mundo da Rússia desfeito, o meia-atacante se desinteressou pelo futebol.
Se permitiu engordar, perder a explosão muscular, a vibração em campo.
E foi figura opaca no São Paulo e Botafogo.
Está solto no mercado.
Também recebeu uma ligação de Renato Gaúcho.
Mesma estratégia.
Ofereceu o Grêmio e a Libertadores.
Mas cobrou comprometimento e profissionalismo.
Recebeu a palavra de Diego Souza.
E a notícia que o jogador emagreceu como há dez anos.
E outra vez o treinador procurou Romildo.
Novo contrato de produtividade oferecido.
A contratação foi anunciada.
Hoje.
Qualquer time que contratasse Thiago Neves e Diego Souza há cinco anos estaria em festa.
Mas ambos são cercados de desconfiança no Grêmio.
São duas apostas de Renato Gaúcho.
Por sua conta e risco.
O técnico tem como garantia a palavra dos dois.
E ele vai cobrar.
No meio de tanto profissionalismo, um alento.
A honra ainda tem espaço no futebol brasileiro...
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