São Paulo, Brasil
"Já que no tênis não deu certo, partiu basquete.
"Já desisti do basquete virei gamer."
Twitters do camisa 10 do PSG, ontem.
Logo após ser divulgada a escolha dos três jogadores que disputarão o prêmio de melhor da temporada, pela Fifa.
O cobiçado prêmio The Best.
Os lugares foram de Lewandowski, Messi e Cristiano Ronaldo.
Jornalistas do mundo todo analisaram da mesma maneira a atitude de Neymar.
Como mera tristeza, 'dor de cotovelo, inveja por não ter sido escolhido entre os três.
É compreensível, mas não justo.
Mas ele não esteve sozinho na síndrome de perseguição.
O sentimento de raiva por ele estar fora prevaleceu entre os centenas de milhões de adolescentes que o seguem nas redes socias.
E entre vários jornalistas nacionalistas brasileiros, saudososo de Kaká.
Ele foi o último brasileiro a ser escolhido como melhor do mundo, há longos 13 anos.
Em 2017, Neymar decidiu.
Iria sair da sombra de Messi.
Tinha a promessa da montagem de um excepcional time no Paris Saint-Germain, onde ele seria o protagonista absoluto.
E teria tudo para ser escolhido como o melhor do mundo.
O brasileiro sabia que a conquista da Champions seria fundamental.
Nem a Europa leva a sério o Campeonato Francês.
Nas três temporadas, foi prejudicado.
Primeiro, por contusões.
Depois, expulsões infantis, polêmicas tolas com árbitros.
Na fase decisiva da última, estava no auge físico.
Foi muito bem, principalmente na excepcional fase dos jogos eliminatórios da Champions, em Lisboa.
Mas no jogo final, o título foi para equipe mais competente, melhor de 2020.
O Bayern.
Lewandowski tem muito menos habilidade, talento. Mas foi letal, decisivo. Melhor do mundo
Reprodução/TwitterNão houve contestação.
E Neymar foi mal demais na decisão.
Sempre muito criticado até pela imprensa francesa.
Na prática, foram completas três temporadas de fracasso na busca de virar o grande protagonista mundial que Neymar sonhava.
Ele está a dois meses de completar 29 anos.
Já foram 11 de profissionalismo.
A alegação da legião de fãs deprimidos do jogador resolveram atacar Messi e Cristiano Ronaldo estarem entre os três. Pelo menos, tiveram o bom senso de se dobrarem àquele que acabou disparado, como o melhor do mundo e que ganhará a escolha deste ano: o polonês Lewandowski.
Artilheiro absoluto do melhor futebol do mundo, o europeu. Fez o que ninguém jamais havia sonhado atingir.
Vencedor e artilheiro da Tríplice Coroa: Champions, Campeonato Alemão e da Copa da Alemanha.
O jogador de 32 anos merece ser revenciado. E o troféu que levará para casa, na próxima quinta-feira.
Mas e Messi e Cristiano Ronaldo?
Não tiveram desempenho brilhante dos anos anteriores e estão entre os três por mera proteção do eleitores: técnicos e capitães de seleções e um jornalista de cada país afiliado à Fifa, além dos torcedores que acessarem o site da entidade.
Teria sido um motim, um acordo subterrâneo, todos decidiram prejudicar Neymar? Bobagem, estupidez de haters nas redes sociais, com complexo de vira-lata.
O Barcelona, cujo presidente incompetente Josep Maria Bartomeu foi deposto, viveu um dos seus piores anos em três décadas.
Mesmo assim, Messi fez 31 gols e 27 assistências na temporada. Esteve praticamente sozinho em uma equipe muito mal montada.
Cristiano Ronaldo não deixou por menos.
Na instável Juventus marcou 37 anos, a maioria no Campeonato Italiano onde, apesar da modernidade, a força da marcação ainda tem grande espaço tático.
Desde a década de 30, ninguém jogando pela Juventus chegava a esta marca, lembra o companheiro da ESPN/Brasil, Gustavo Hoffmann.
Além do trio, a temporada do belga Kevin De Bruyne foi excepcional do Manchester City. Nos últimos três anos, foi escolhido duas como o melhor jogador da liga mais disputada do mundo, a inglesa. Inclusive na temporada 2019/2020.
A ausência de De Bruyne entre os três melhores do mundo é muito mais lamentada, na Europa, do que a de Neymar. Algum indício que não há perseguição ao brasileiro é mais que evidente.
Neymar tem talento no tênis e muito menos porte físico para o basquete.
Mas é bom ele ser mais humilde e seguir se focando na carreira. E segurar as farras, se um dia quiser receber o prêmio de melhor do mundo.
Ao contrário do que brasilieiros açodados, torcedores com síndrome de abstinência de títulos mundiais, dói 18 anos sem a Copa do Mundo, Neymar terá enorme concorrência, mesmo com Cristiano Ronaldo atingindo 35 anos e Messi 33 anos.
Antes do sonho que o mundo passará o bastão de melhor do mundo para Neymar, há que se deixar de provincianismo.
E pensar para valer na concorrência do 'fogo amigo' Mbappé, no próprio PSG. Ele fará 22 anos em oito dias. É campeão da Copa de 2018. Artilheiro nato. E tem todos os títulos de Neymar. Sem 10% das polêmicas simulações (odiadas na Europa), brigas com árbitros, marcadores, farras e frases prepotentes nas redes sociais.
Além de De Bruyne, há o egípcio Mohamed Salah, do Liverpool. Peça fundamental no time de Jürgen Klopp. Artilheiro, habilidoso, competitivo e solidário.
Há ainda João Felix, a maior revelação do futebol de Portugal, depois de Cristiano Ronaldo. Habilidoso, objetivo, jogador desequilibrante. Ele melhora de maneira fulminante sob o comando de Simeone, no Atlético de Madrid.
Além de ser impossível desprezar o que Messi e Cristiano Ronaldo ainda já estão fazendo nesta temporada.
A avaliação já começou para a premiação de 2021.
E todos estão na luta novamente.
Neymar que não se iluda com sua bolha de seguidores na Internet.
A concorrência existe e é fortíssima.
Ele já desperdiçou anos farreando, não encarando com a seriedade que deveria sua carreira. Fazendo de conta que tudo que aprontou fora de campo não o atingiria. Como ir a festas com o pé fraturado, por duas vezes no mesmo local, e posar para fotos.
Se quiser ser melhor do mundo, como Lewandowski será, é necessário muito mais do que o talento privilegiado que o brasileito tem.
Mas a dedicação de verdade à carreira.
Que, por sinal, está passando muito rápida.
Aos 29 anos, Messi já havia vencido quatro vezes o prêmio de melhor do mundo. Cristiano Ronaldo tinha o seu desde 27 anos.
O argentino tem seis conquistas.
O português, cinco.
Neymar tem muito o que lutar.
De novo está disputando os fracos torneios franceses.
As Eliminatórias Sul-Americanas não são levadas a sério na Europa. O favoritismo do Brasil e Argentina é indecente diante dos rivais de continente.
A Champions League de 2020/2021 será absolutamente decisiva para o sonho do brasileiro em ser o melhor do mundo.
Ele tem plena consciência.
Da necessidade de não só conquistá-la como ter um desempenho excepcional.
Até porque sua imagem segue muito polêmica, ruim na Europa.
Ele teve um início empolgante de Champions.
Até saindo de campo, protestando contra o racismo.
Este é o caminho.
Se não quiser adiar mais uma vez o sonho, para quando tiver 30 anos.
Na próxima quinta-feira só há duas saídas.
Jogar tênis ou basquete.
Ou aplaudir Lewandowski, Messi e Cristiano Ronaldo...
Quem vence o 1º turno leva também o Brasileirão? Nem sempre é assim
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