‘Só Deus e Dorival sabem quando eu serei titular da Seleção.’ Abel ensinou Endrick a se controlar diante dos jornalistas.
Apesar da clara injustiça de Dorival Júnior, mantendo Endrick na reserva da Seleção, para escalar Raphinha, o ex-jogador do Palmeiras sabe ser politicamente correto. Pelo menos diante da imprensa. Ele sabe que merece ser titular na Copa América
Dorival Júnior segue ainda preso à idade de Endrick.
Jornalistas que acompanham a Seleção, nos Estados Unidos, são quase unânimes em repetir que o jovem atacante de 17 anos deveria ser o titular do Brasil na Copa América.
Formar o poderoso ataque com Rodrygo e Vinicius Júnior.
Mas Dorival segue indeciso, acreditando que Raphinha, por menos que produza para o time, tem mais experiência, vivência para uma competição internacional. Por conta dos 27 anos e oito anos de futebol europeu.
Há a certeza que esta situação mudará durante o torneio no território norte-americano.
O período que passou com Abel Ferreira foi fundamental para Endrick não se rebelar com a falta de apoio, de coragem de Dorival.
Perguntado se tinha ideia quando será titular do Brasil, a resposta estava na ‘ponta da língua’.
“Só Deus sabe (quando serei titular).
" Agradeço muito por ter tido o Abel (Ferreira) como treinador, ele sabia quando me colocar.
“Tudo no tempo de Deus e do professor Dorival.
“Ele conversa comigo, fico na minha, trabalhando.
“Ninguém precisa ultrapassar as etapas, é tudo no tempo certo. Vou ajudando na resenha fora de campo, a ter um clima bom.”
A resposta do jogador estava mais do que decorada.
Ele tem um estafe que reúne 12 pessoas, que o orienta diariamente.
Ainda mais neste período pós-Palmeiras e antes de se apresentar ao Real Madrid.
O jogador chega à Copa América, que Dorival Júnior coloca como prioridade vencer.
E para isso não quer arriscar, não pelo menos no começo, com um atleta de 17 anos.
Pela trajetória do técnico, a convocação de Endrick já foi ousada.
Está certo que teve o apoio irrestrito do presidente Ednaldo Rodrigues, desesperado para fazer a Seleção Brasileira voltar a vencer.
E Endrick está cumprindo o seu papel, mostrando a renovação, a reformulação.
O atacante aprendeu a se controlar quando estava no Palmeiras.
Quando Abel Ferreira não quis levá-lo para a disputa do Mundial de 2022, o português disse que seu lugar era a Disneylândia.
Afinal, tinha apenas 16 anos.
Só que a derrota na final, contra o Chelsea, afetou as convicções do treinador.
Ele tratou de ter um cuidado especial com Endrick.
As conversas foram longas, revezadas com o auxiliar João Martins, que se tornou muito próximo do jovem atacante.
Os dois insistiram muito na parte física.
No desenvolvimento da força e velocidade, para enfrentar zagueiros já formados, experientes, vividos.
E na malícia do futebol profissional.
Alertaram que usar a imprensa seria o ‘pior caminho’.
Porque Abel não iria ceder à ‘pressão de ninguém’, garante um conselheiro ligado à Leila Pereira.
Endrick ouviu e aprendeu a lição.
Jamais questionou o português para um jornalista.
Embora estivesse ansioso, ávido por ser titular do Palmeiras.
Suportou a reserva até que Abel sentiu que era um desperdício abrir mão do talentoso atacante.
A sua entrada no time paulista foi algo mais do que natural.
“Foi no tempo de Deus e de Abel”, disse Endrick, no início deste ano.
Ele repetiu a frase, hoje nos Estados Unidos.
Só trocou o treinador.
E o fim da situação tem tudo para ser o mesmo.
Raphinha que se prepare.
O banco de reservas o espera...
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