Sem torneio feminino, Copa América seria pouco. Brasileiro não vai parar
Globo exige e CBF cede. O Brasileiro de 2020 não irá parar por conta da Copa América. Péssimo para os clubes que terão seus jogadores convocados
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Porto Alegre, Brasil
A desmedida ganância da Conmebol não tem limites.
Mas consequências danosas no futebol da América do Sul.
Depois de décadas, a entidade decidiu fazer o óbvio.
E fazer com que a Copa América coincida com a Eurocopa.
Sendo disputada de quatro em quatro anos, dois logo após as Copas do Mundo.
Já foi anunciado que a próxima acontecerá na Argentina e Colômbia.
Os dois países dividirão o torneio. Só que ele acontecerá já no próximo ano.
Ou seja, dois anos seguidos do torneio sul-americano.
Uma overdose estúpida que poderia ser evitada.
Apenas adiando a atual competição no Brasil para 2020. E deixando Argentina e Colômbia para organizar a de 2024.
As redes de televisão ficaram possessas.
Não há grande interesse quando suas seleções não estão em campo. O melhor seria mostrar confrontos entre os clubes nos torneios nacionais.
Foi uma negociação dura, mas a Conmebol resolveu ceder. Os campeonatos nacionais estão liberados, acontecerão ao mesmo tempo que a Copa América.
Apenas a Libertadores e a Copa Sul-Americana estarão suspensas.
A Globo também estava nessa batalha, junto à CBF.
A emissora carioca, que detém o monopólio de transmissão na tevê aberta neste país, foi clara com o presidente Rogério Caboclo e seu secretário-geral, Walter Feldman.
Este ano há a Copa do Mundo das Mulheres, torneio que acontece de maneira simultânea à Copa América. O que possibilitou a exibição de quatro jogos mais, além das partidas do time de Tite, o que agradou aos patrocinadores do futebol, que gastam, em plena recessão, R$ 1,8 bilhão à Globo.
Em 2020, haveria apenas a Copa América. A emissora carioca não tem tanto poder para exigir que o Brasil atue apenas nas quartas e domingos, dias tradicionais do futebol. Aliás, como já acontece neste torneio sul-americano.
O Brasil estreou contra a Bolívia em uma terça-feira, depois empatou com os venezuelanos em uma terça-feira, goleou os peruanos, em um sábado. Enfrentará os paraguaios amanhã, quinta-feira.

Se vencer, jogará com a Argentina ou Venezuela, na próxima terça-feira. Se perder, decidirá o terceiro lugar no sábado. Se chegar à final, atuará domingo, no Maracanã.
Hoje, tradicional dia de futebol, a emissora exibirá o seriado Sob Pressão.
O cenário que já é ruim hoje, poderia ser até pior. Se o Brasil, por exemplo, fosse eliminado da fase de grupos em 2020. Só haveria a exibição de três jogos em um mês.
Seria um desastre.
A solução veio.
Em 2020, o Brasileiro seguirá normalmente durante a Copa América da Argentina e Colômbia.
Os dirigentes dos clubes que tiverem seus principais jogadores convocados, não poderão fazer nada. A não ser reclamar, protestar, chorar.
Perderão seus atletas em pelo menos um mês.
Além das cinco datas-Fifa já anunciadas, com amistosos da Seleção e os primeiros jogos das Eliminatórias. Em cada uma dessas datas, os clubes ficam sem seus atletas por pelo menos uma semana.
Desunidos, os clubes enfraquecidos, se submetem.
Apenas obedecem as ordens da CBF, que sabota o seu próprio torneio nacional.

O motivo?
A entidade precisa viver em paz com sua parceira de décadas.
A Globo, que tem de agradar seus patrocinadores.
Essa é a cruel estrutura do futebol do Brasil.
Que se proclama o país do futebol...