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Cosme Rímoli - Blogs

Sem Casagrande, com adeus de Galvão, caminho aberto para a Globo fazer as pazes com Neymar. Ótimo para patrocinadores da Copa

A cúpula da Globo mudou este ano. E, por coincidência, está havendo a reaproximação de Neymar. A saída de Casagrande e a despedida de Galvão Bueno ajudaram. O alvo é a Copa do Mundo sem rejeição

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Neymar cada vez mais presente na programação da Globo. Emissora quer reconciliação para a Copa
Neymar cada vez mais presente na programação da Globo. Emissora quer reconciliação para a Copa

São Paulo, Brasil

Há estranha movimentação no grupo Globo.

Faltando menos de quatro meses para a estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, a emissora carioca demonstra estar se reaproximando de Neymar.

O jogador surgiu ontem no Jornal Nacional, dando entrevista exclusiva, com agasalho da Seleção Brasileira, com um colar de pérolas por cima da camiseta, ele repetiu a cantilena que não sabe se o Mundial do Catar será seu último.


O bilionário jogador do PSG não disse nada de novo. Reafirmou o que já havia dito em outubro do ano passado. 

"Acho que é minha última Copa do Mundo. Eu encaro como a minha última porque não sei se terei mais condições, de cabeça, de aguentar mais futebol."


Mas a novidade estava na exclusiva de Neymar. O atacante estava afastado do jornalismo da emissora. Desde a Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, quando foi muito criticado por Galvão Bueno e Casagrande, o jogador vinha adotando essa postura. 

Tudo piorou com o fracasso na Copa do Mundo da Rússia, em 2018.


Neste mesmo ano, a Folha de São Paulo revelou que ele chegou a ter contrato de exclusividade com a Globo, em 2014. Ou seja, ele ganhava para dar entrevistas e fazer aparições em programas da emissora carioca, que apostava na conquista do Mundial.

Desde fevereiro mudou o comando da Globo. Ele passou a ser de Paulo Marinho. Assumiu no lugar do ex-presidente executivo Jorge Nóbrega. A família do fundador do grupo, Roberto Marinho, voltou ao poder.

Pai de Neymar e Casagrande. Péssima relação
Pai de Neymar e Casagrande. Péssima relação

Além das demissões em massa, fins de contratos fixos de atores e diretores consagrados, o futebol passou a ser encarado muito mais como entretenimento.

Em crise financeira, apostando tudo o que pode no streaming, a emissora não teve como evitar que seu monopólio no futebol evaporasse. Foi assim que perdeu a Libertadores, Copa América, Campeonato Paulista e Campeonato Carioca. Ficou sem jogos das Eliminatórias da Seleção. Sem o Mundial de Clubes. Entre outros torneios.

Desde o vexame do Brasil na Copa de 2014, com a vergonhosa derrota por 7 a 1 para a Alemanha, a equipe esportiva se tornou mais ácida em relação à Seleção.

Principalmente Casagrande e Galvão Bueno. Os dois eram os maiores salários do esporte da emissora. E obstáculos intransponíveis para a emissora se reaproximar do melhor jogador da Seleção, Neymar.

A Globo tem exclusividade novamente da Copa do Mundo. 

As decisões da emissora são impulsionada, preferencialemente, por pesquisas. E uma repercutiu no Jardim Botânico, na sua sede, no Rio de Janeiro. A feita pela European Club Association, em 2020. E, especificamente em relação ao Brasil, mostra que 47% preferem seus clubes que a Seleção.

A rejeição só cresceu nestes 20 anos de fracassos. Inclusive na final da Copa América, disputada em pleno Maracanã, no ano passado, para a Argentina. 

A menos de quatro meses da Copa, o mercado publicitário despreza o time de Tite. Até mesmo Neymar é figura rara. Há um claro ranço envolvendo a Seleção Brasileira.

Embora já tenha fechado com sete patrocinadores, e projete faturar R$ 2,8 bilhões, com o Mundial, não há euforia com as empresas que estarão mostrando suas marcas durante a Copa do Catar, nos jogos do Brasil.

Galvão Bueno sempre foi menos radical do que Casagrande. Reaproximação pode acontecer
Galvão Bueno sempre foi menos radical do que Casagrande. Reaproximação pode acontecer

Há a antipatia real e descrença em relação ao time de Tite e, principalmente, a Neymar. Os seus centenas de milhões de seguidores, a maioria adolescentes, não são provedores da casa. Quem paga para o consumo das empresas expostas costuma ser seus pais.

E as dancinhas, dublagens e fofocas sobre noitadas de Neymar não são especialmente atrativas.

Muito menos as críticas pesadas de Casagrande e Galvão Bueno eram.

O comentarista deixou a emissora no mês passado. A 150 dias do início do Mundial. Ele estava falando mais de política do que futebol, o que o desgastou em relação à cúpula da Globo. 

Com seu desligamento, o principal efeito colateral foi que não existe mais o maior crítico de Neymar na emissora que transmitirá a Copa do Mundo. 

Galvão Bueno está com seus dias contados. Assim que terminar o torneio do Catar, ele não terá contrato renovado. 

Nos mais recentes programas Bem, Amigos, que comanda no Sportv, canal da Globo à cabo, o narrador já está muito mais ameno em relação a Neymar do que era no passado.

O blog tem a informação que há pessoas tentando reaproximar o jogador de Galvão Bueno. Pelo narrador não há problema.

Não há nenhum interesse da atual cúpula da Globo em seguir afastada de Neymar. Pelo contrário. Ele é encarado como principal personagem de 'um produto global', a Copa do Mundo.

Nesta semana, por sinal, houve uma situação representativa. 

No último amistoso da pré-temporada no PSG, Neymar simulou um pênalti contra o Gamba Osaka. 

Matéria do site esportivo da Globo mudou até o título, depois de reclamação de Neymar. E 'de novo ângulo'
Matéria do site esportivo da Globo mudou até o título, depois de reclamação de Neymar. E 'de novo ângulo'

O globoesporte.com publicou uma matéria a respeito. E com o seguinte título: 

"Pênatil 'fantasma' em Neymar viraliza nas redes sociais".

O jogador ficou revoltado. 

"Fantasma? GE sendo GE… tocou, é pênalti! Bando de gente que nunca sequer chutou uma bola e fica fazendo matéria de mer..."

A repercussão foi tanta que houve uma mudança de título na matéria do globoesporte.com. 

"Foi pênalti? Lance polêmico com Neymar em amistoso do PSG viraliza nas redes."

Recuo raro, poucas vezes visto na história do site.

A alegação foi que um novo ângulo por trás mostraria o suposto pênalti.

Nenhuma palavra sobre a reação agressiva de Neymar à matéria, ao GE.

A reaproximação da Globo do camisa 10 de Tite é clara.

Ter Neymar presente, em entrevistas, durante a Copa seria excelente para os patrocinadores
Ter Neymar presente, em entrevistas, durante a Copa seria excelente para os patrocinadores

Não há mais críticas severas ao seu comportamento.

Ao seu egoísmo em campo.

Nos exageros fora dele.

Não há foco na desvalorização dos seus direitos.

No desinteresse dos gigantes europeus em contratá-lo.

O pai de Neymar, e seu empresário, não mantinha boas relações com Casagrande.

Sem ele, a situação parece está se ajeitando com a Globo.

Rejeitar Neymar, rejeitar a Seleção, em última instância, é rejeitar o patrocinadores da Copa do Mundo.

E isso a Globo não quer.

Porque o futebol vai continuar depois da Copa, depois de Neymar.

E a emissora carioca tem de preservar os patrocinadores.

Durante estas férias no meio do ano, Neymar já esteve no programa Altas Horas.

Em abril, já esteve com Luciano Huck.

Durante a Copa de 2014, Neymar tinha contrato com a Globo. Em 2018, ele fingia não ouvir os pedidos de entrevistas da emissora carioca, após as partidas na Rússia. 

Agora, a nova cúpula da emissora carioca não quer que a situação repetida, no Catar.

E a reaproximação acontece.

De forma discreta, mas firme.

A entrevista ao Jornal Nacional foi um grande sinal.

Tudo ficou mais fácil com a saída de Casagrande.

E a anunciada despedida de Galvão Bueno...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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