Selvageria sem limite. Filho, de dez anos, de Fagner é ameaçado
A impunidade protege criminosos infiltrados nas organizadas. Ameaças, intimidação aos jogadores e familiares do Corinthians. É a vitória do medo
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Há dez dias, cerca de 40 homens se aproveitando das máscaras obrigatórias na pandemia para esconderem suas identidades, invadiram o CT do Figueirense.
De acordo com o técnico Elano, vários estavam armados. Eles chutaram, esmurraram, ameaçaram de morte os jogadores pela péssima campanha do time na Série B, na zona do rebaixamento.
Vários atletas ficaram feridos.
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Depois desses dez dias, a polícia não conseguiu ainda prender nenhum dos agressores. Sequer reconheceu um.
A óbvia desconfiança é que eles faziam parte à parte radical de organizadas.
A impunidade serve como incentivo.
Tanto que os jogadores do Figueirense seguem reclamando que estão sendo ameaçados nas redes sociais e nos seu telefones particulares.
E, não por acaso, houve no domingo, as ameaças e xingamentos de membros das organizadas aos jogadores do Corinthians, no aeroporto de Cumbica, após a derrota para o Fluminense.
Cássio foi o mais xingado, humilhado.
Vários jogadores tiveram de correr do saguão do aeroporto para o ônibus do clube, com medo de serem agredidos.
O que já tinha sido lamentável chegou a níveis vergonhosos.
Foi rompido o mais básico elo.
A família dos atletas.
O filho de 10 anos de Fagner recebeu a seguinte mensagem no Instagram.
"Fdp...
"Mais três pontos na conta do seu pai otário.
Veja mais: Fagner denuncia ameaça ao filho em rede social após derrota no Dérbi
"Vamos invadir sua casa hoje. É melhor seu pai não aparecer aí. Jogo ganho e o otário faz aquilo."
A mensagem chegou para Henrique, às 21h43 da última quinta-feira, logo após a derrota para o Palmeiras.
"Esse tipo de mensagem que o meu filho recebe, absurdo. Estou indignada. Ele é uma criança de 10 anos... e não merece ler isso. Ele tem a inocência e o medo de uma criança, então peço como mãe dele que parem de mandar isso pra ele. Se não terei que tomar outras providências. Grata, Bárbara", rebateu a esposa de Fagner e mãe de Henrique.
O jogador ficou revoltadíssimo.
"Peço que respeitem os meus filhos. Uma criança tem que ser criança e não ser obrigada a (ler) esse tipo de mensagem absurda. E só uma coisa: na próxima tomarei as medidas legais. Que tenha sido a última porque na próxima eu irei até o fim."
Ou seja o jogador desabafou, mas de prático, não fez nada. Não procurou a polícia especializada em Internet.
Janara, mulher de Cássio, também foi xingada, ameaçada e recebeu inúmeras mensagens nas suas redes sociais contra o goleiro.
A esposa de Jô escreveu uma longa mensagem pedindo paz ao torcedores.
Há um medo das organizadas espalhadas pelo Brasil.
Ao contrário do Figueirense, que procurou a polícia por conta das agressões, o Corinthians, não havia tomado providência legal alguma, pelo desembarque em Cumbica e nem diante das ameças nas redes sociais, até ontem à noite.
Os jogadores corintianos que já ficaram com os salários atrasados por três meses, seguem expostos e muito preocupados.
Vários deles procurando jornalistas amigos para que os ajudem, peçam providências das autoridades, dos sindicatos.
Mas o primeiro passo tem de ser da diretoria corintiana.
O problema é que ela é umbilicalmente ligada às organizadas.
Daí o entrave.
Onde os vândalos e covardes infiltrados se aproveitam...
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