São Paulo, Brasil
"Informo que, ao sair do campo de jogo, e já estando presente no corredor de acesso ao vestiário dos árbitros, a equipe de arbitragem foi parada por dirigentes da equipe do São Paulo."
"Onde foi identificado o senhor Diego Alfredo Lugano Moreno, que proferiu as seguintes palavras:"
"Safados, filho da p***."
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"E Fernando Bracalle Ambrogi, que proferiu as seguintes palavras:"
"'Agora vocês chamam a polícia!"
"Trabalhamos a semana inteira pra você vir aqui e fazer isso."
"Informo ainda que foi necessário a intervenção da Polícia Militar."
Esse é o trecho principal do relatório do árbitro Douglas Marques das Flores, que apitou São Paulo e Corinthians.
Ele relata, de forma sutil, o que aconteceu após o empate em 0 a 0.
O ex-zagueiro uruguaio e atual superintendente de relações institucionais teve de ser contido por soldados da Polícia Militar.
Ele não só xingava, como queria chegar perto de Douglas Marques.
Ao lado de Lugano estavam Raí, Alexandre Pássaro e Ambrogi.
Todos estavam de maneira estratégica, bem ao lado da saída do túnel que dá acesso ao gramado, por onde sabiam que os árbitros iriam passar.
Foi uma cena constrangedora, registrada em vídeos de celulares.
O motivo foi o pênalti não marcado de Camacho em Igor Gomes, nos acréscimos.
Douglas Marques das Flores, 34 anos, começou bem, mas se perdeu no clássico. Faltou experiência, personalidade.
Não expulsou Vitor Bueno, que já tinha amarelo, depois de entrada violenta em Pedrinho, por exemplo.
Mas os dirigentes de futebol do São Paulo o esperarem, na saída do túnel, é algo inaceitável.
Indigno para um tricampeão mundial.
Não só Lugano e Ambrogi.
Mas o clube, que permite esse acesso.
"Estamos sendo roubados dentro de casa, seja em clássico, seja com time pequeno."
"É uma coisa inaceitável, tem que ser questionado, vamos até as últimas consequências até que seja resolvido esse problema", avisava Raí.
O que aconteceu ontem no Morumbi é simples de resumir.
Assim como na partida contra o Novorizontino. Empate em 1 a 1 e dois gols legítimos anulados. E um pênalti claro não marcado.
Flávio Roberto Mineiro Ribeiro tem 24 anos.
Douglas Marques das Flores, 34 anos.
O que está acontecendo é que o São Paulo não tem mais força política que tinha há anos, por exemplo, com Juvenal Juvêncio, na presidência.
Jamais a Federação Paulista de Futebol teria coragem de usar um tricampeão mundial de cobaia para jovens árbitros.
A chefe da arbitragem da FPF, Ana Paula de Oliveira, ex-bandeira famosa por posar nua, decidiu que o Campeonato Paulista, único produto com certa relevância, estaria exposto com juízes inexperientes, com a desculpa de uma palavra traiçoeira: renovação.
Não é de uma hora para outra que se afasta árbitros vividos de jogos importantes, de clássicos.
O presidente Reinaldo Carneiro Bastos assistia tudo de braços cruzados.
E tem agora de interferir.
Raí, jogador tetracampeão do mundo, um dos maiores ídolos da história do São Paulo, vem a público falar em 'roubo'.
Roubo é uma ação articulada, não improvisada.
Raí não falou em nomes.
Apenas expôs pessoas.
Quem teria a intenção de 'roubar' o São Paulo?
Douglas Marques das Flores?
Flávio Roberto Mineiro Ribeiro?
Ana Paula Oliveira?
Reinaldo Carneiro Bastos?
Lugano, um dos capitães mais respeitados da seleção uruguaia, e também um dos maiores ídolos do São Paulo, chamou Douglas Marques das Flores de 'filho da p..., de safado'.
Os dois deverão ser punidos pelo Tribunal de Justiça Desportiva.
Assim como Douglas Marques das Flores ser afastado. Como Flávio Roberto Mineiro Ribeiro já foi.
E a vida seguir.
Com a FPF escalando árbitros mais vividos nos jogos do São Paulo.
A 'revolução' acabou no Morumbi.
O que aconteceu ontem foi um pequeno exemplo de como tudo é improvisado, mal feito no futebol brasileiro.
A FPF teve um ano inteiro para preparar seus árbitros, convencer os clubes que haveria a renovação.
E, principalmente, se preparar para colocar o VAR em todos os jogos do Paulista. Não só na fase dos mata-matas.
Inacreditável a incompetência de se expor desnecessariamente na primeira fase, sem os árbitros de vídeos, com juízes novos, inseguros.
E esta é a federação mais rica do país.
Tem de lidar agora com a repercussão de Raí, falando por um clube tricampeão do mundo, em 'roubo'.
Logo na sexta rodada do Paulista.
Que a FPF tenha aproveitado bem o dinheiro que economizou, não colocando árbitros de vídeo na primeira fase do Paulista.
Para compensar tamanho vexame.
E a diretoria do inseguro Leco se conscientize.
Não é esperando árbitro na saída do túnel para xingá-lo, e depois vetá-lo, que se ganha campeonato.
Os oito anos de jejum não são à toa...
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