São Paulo mergulha na crise. Crespo demitido. Rogério Ceni é a meta
A pressão dos empresários de Benítez e Orejuela para que jogassem foi a gota d'água. Crespo se indispôs com a direção do São Paulo e foi demitido. Casares quer Rogério Ceni. Treinador quer trabalhar só em 2022
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A pressão dos empresários de Benítez e Orejuela para que seus jogadores fossem escalados foram a gota d'água.
Hernán Crespo não é mais o treinador do São Paulo.
Apesar da nota oficial do clube, não houve 'comum acordo'.
Houve sim um enorme desgaste por conta de Crespo, pela falta de postura firme dos dirigentes quando os agentes de Benítez garantiram que ele não renovaria se seguisse como reserva. E o também pelo estafe do colombiano Orejuela.
O lateral não foi sequer relacionado contra o Cuiabá e o técnico teve de improvisar porque não tinha jogador para a posição.
Crespo não teve o apoio público que esperava.
Mas a diretoria não estava mais disposta a apoiá-lo. A campanha do São Paulo é absolutamente frustrante para o presidente Julio Casares. Ele e o diretor de futebol, Carlos Belmonte, garantiram que o argentino seguiria como treinador até o final de 2021. Tinha o respaldo por ter sido campeão paulista, rompido os nove anos de jejum, sem título.
Só que houve enorme arrependimento dessa promessa.
O São Paulo despencou de maneira absurda na Libertadores, na Copa do Brasil e no Brasileiro.
A sensação dos dirigentes e conselheiros próximos a Casares é que houve uma enorme acomodação de Crespo com o título paulista. Ele acreditou no que ouviu do presidente e de Belmonte, ao ser contratado no lugar de Fernando Diniz. "O Paulista será encarado como Copa do Mundo" pelo São Paulo.
E quando ganhou o Estadual acreditou que 2021 estava ganho.
Só que, com mais de R$ 600 milhões em dívidas, o São Paulo precisa estar desesperadamente na Libertadores de 2022. Para fazer caixa com transmissão, arrecadação, valorização dos jogadores. Daí a pressão crescer de forma enorme sobre Crespo.
A primeira decisão que o técnico conseguiu evitar foi a demissão do preparador físico Alejandro Kohan. A direção acreditava que o time estava mal preparado e rendendo muito abaixo nos segundos tempos dos jogos.
Crespo se colocou absolutamente contra a saída do preparador físico que é o seu 'braço direito', homem quem mais confia na sua Comissão Técnica.
O desgaste foi enorme pela defesa de Kohan.
O São Paulo ocupa apenas a 13ª colocação no Brasileiro. Caiu nas quartas da Libertadores diante do Palmeiras. E foi eliminado da Copa do Brasil também nas quartas, contra o Fortaleza.
A pressão crescia a cada dia contra o treinador.
O futebol do time piorava. Contra o Cuiabá, por exemplo,se não fosse Volpi, o time teria sido goleado.
Crespo deixava claro que, ao contrário da diretoria, não confiava mais em Benítez, e também não se animava com Orejuela. A ponto de não o levar para o Mato Grosso e ter de improvisar lateral direito.
E hoje uma reunião que deveria acerta a situação do meia e do lateral acabou deixando evidente o descontentamento de ambas as partes.
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A favor de Crespo, o pedido de reforços de alto nível, que ele esperava satisfeito, na janela do meio do ano. Mas como o clube deve mais de R$ 600 milhões, chegaram jogadores que ele não pediu. Como o próprío Calleri, obsessão de Julio Casares.
A demissão de Crespo se tornou a única saída.
Faltam apenas 13 partidas para o São Paulo jogar em 2021.
Rogério Ceni é o nome desejado por Casares. O dirigente o queria já como técnico em 2020. Só que o maior ídolo do São Paulo escolheu o Flamengo.
Ceni só gostaria de trabalhar em 2022.
Mas os dirigentes já estão tentando o técnico.
O coordenador Muricy Ramalho já avisou que a sua saúde não permite que volte a ser técnico.
Pelo menos, também, a princípio.
O São Paulo enfrenta o Corinthians daqui cinco dias.
O auxiliar técnico Vizolli deverá ser o técnico.
Crespo mostra como no futebol tudo é imprevisível.
Há dez dias, ele disse que esperava ficar dez anos no São Paulo.
“Penso no presente, porque é fundamental, mas também penso que vou ficar dez anos no São Paulo."
Acabou ficando oito meses.
Foi contratado em fevereiro.
E mandado embora em outubro...
'Dança das cadeiras': Crespo é o 15º técnico demitido no Brasileirão
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