'Sabe quanto dinheiro eu tenho no banco? Não tenho medo de demissão. Vou embora do Corinthians quando eu quiser'. Vítor Pereira
O treinador se irritou com a pergunta se tem medo de ser demitido, depois de perder para o Palmeiras, hoje. Duilio Monteiro Alves não o demitirá. É mais fácil o técnico se cansar de problemas e resolver ir embora
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Você deve estar a brincar comigo, cara. Deve estar a brincar comigo com essa pergunta. Eu, nesta fase da minha vida, da minha carreira, ter medo de perder emprego?
Sabe quanto dinheiro eu tenho no banco, amigo?
Eu tenho a vida estabilizada, não preciso...
"Estou aqui no Corinthians. Se não estou no Corinthians, estou em um outro clube qualquer.
"Vou embora quando eu quiser."
Esta foi a resposta dura, sincera, irônica e irritada de Vítor Pereira, à pergunta se ele sentia medo de ser mandado embora do Corinthians, depois da derrota para o Palmeiras, hoje, em Itaquera.
O treinador português tem a fama de ser explosivo, não tolerar provocações.
E começa a justificar o que a imprensa lusitana avisava.
O técnico, que só está trabalhando no Corinthians, por conta de Kia Joorabchian, ex-presidente da MSI, seu empresário. Aos 54 anos, ele já treinou o Porto, de Portugal; Al-Ahli, dos Emirados Árabes; Olympiacos, da Grécia; Fenerbahce, da Turquia, 1860 Munique, da Alemanha; Shangai SIPG, da China.
Só aceitou trabalhar no Corinthians até o final de 2022, por um pedido especial de Kia. E tratou de pedir R$ 1,8 milhão para ele e sua Comissão Técnica. No Parque São Jorge, os comentários são que, R$ 1,4 milhão vão para sua conta bancária todo mês.
Apesar da eliminação da Libertadores, perdida nas quartas-de-final, para o Flamengo. A estagnação no Brasileiro. E mesmo se o time não conseguir reverter a derrota de 2 a 0 para o Atlético Goianiense, e for eliminado da Copa do Brasil, o presidente Duilio Monteiro Alves não cogita demitir o treinador português.
A diretoria está satisfeita com o trabalho do técnico.
Duilio lamentou para conselheiros não ter contratado Vítor Pereira na pré-temporada, que ficou nas mãos de Sylvinho, demitido depois das três primeiras partidas no ano.
É o técnico português que dá mostras de insatisfação no Corinthians.
Ele não se conforma com o elenco pequeno para o absurdo calendário brasileiro, sul-americano.
Vítor Pereira não quis que seu contrato fosse de dois anos, até o final de 2023.
Com mercado aberto no Exterior, ele vai analisar se quer continuar no clube no próximo ano. O ex-presidente e atual diretor de futebol, Roberto de Andrade, sonhava com Tite. Mas o técnico da Seleção jurou que não trabalhará em nenhum clube brasileiro na próxima temporada, quando estará fora do comando do Brasil. Seu sonho é assumir alguma equipe na Europa.
Enquanto isso, há a realidade.
A derrota para o Palmeiras, hoje, deixando o clima pesado no Parque São Jorge.
O técnico fez questão de expor publicamente as dificuldades que enfrenta. Muitas por conta pela maneira que a própria diretoria corintiana trabalha.
"Hoje, o que posso dizer? Que não trabalhou, não quis ganhar, que não pressionou? Não lembro do Palmeiras fazer nada, Palmeiras andou, perdas de tempo, perdas de tempo para levar para o final e acabou sendo premiado. Não consigo encontrar essa sua opinião, perceber onde está a falta de intensidade, se os jogadores estão enquadrados na ideia ou se não estão. Temos que perceber uma coisa. Muitos jogadores vieram novos, outros saíram, não tivemos tempo de trabalhá-los em conjunto, o trabalho foi feito no próprio jogo.
"Natural que se note às vezes falta de ligação, mas não faço a mínima ideia de onde vêm essa ideia de os jogadores estarem fechados com a forma de jogar. Como nesse país se manda muita coisa para o ar, essa é mais uma."
A irritação voltou à tona diante do questionamento sobre o que fez o Corinthians sofrer mais uma derrota. Se está faltando intensidade ao time.
"Vou lhe perguntar uma coisa: nós não tivemos intensidade hoje? Não pressionamos o Palmeiras hoje? Não pressionamos a saída de bola? Não criamos oportunidades? Não percebo. A pergunta vem do jogo de hoje? Dos últimos? Os últimos foram dois contra o Flamengo. Em casa, enquanto o Flamengo não fez o segundo gol, discutimos o jogo olhos nos olhos com eles, tentamos pressionar alto, tentamos jogar, mas naturalmente nos dois últimos jogos há uma quebra anímica de quem está em desvantagem de dois gols e leva o gol lá."
Para tentar amenizar o clima pesado, piorado com a saída de Willian, a direção corintiana trabalha, tenta convencer a direção do Al-Ahli a liberar Michael. O jogador aceita jogar no Corinthians.
Duilio também tenta a possibilidade de repatriar Bernard, que atua no Sharja, outra equipe dos Emirados Árabes.
Vítor Pereira, que já estava irritado com o elenco pequeno, que o obriga a apostar em garotos, ficou revoltado com a saída de Willian.
Ele dá demonstração de grande insatisfação.
E pode até sair, no final do ano.
Mas por vontade própria.
Porque sua conta bancária realmente já é muito alta.
Não precisa do Corinthians para viver...
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