'Quem manda (no calendário) é quem paga. É a Globo', diz Andrés
O presidente do Corinthians assume. Os outros dirigentes se calam. Escancara a responsabilidade da emissora carioca sobre o caótico calendário do futebol
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"A CBF fez um calendário e não dá para reclamar."
"Chama a Rede Globo aí, fala deles."
"Eles pagam."
"Quem manda é quem paga."
"E a Globo paga."
"Quando eles pagam você faz tudo pra eles."
"Eu entrego o horário pra eles do jeito que eles querem tudo pra eles. Eles pagam o Corinthians."
"Poder na mão dos clubes é balela, tá na CBF e na imprensa, de quem tem o poder de futebol."
"Quem falou que os clubes são desunidos?"
"A Rede Globo paga o que nós pedimos, o que cada um pediu, o que eu posso reclamar da Rede Globo?"
"Ela precisa de 90 datas, vai fazer o que?"
"Primeira Liga? Foi piada."
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Antes de mais um monótono 0 a 0 entre Grêmio e Corinthians, repetindo o que aconteceu no Itaquerão, Andrés Sanchez foi cercado por repórteres na arena gremista.
E fez questão de dizer com todas as letras o que todos os dirigentes sabem e nenhum tem coragem de assumir.
O calendário do futebol brasileiro é truncado, encavalado, com overdose de jogos de futebol, por conta da dona do monopólio do futebol brasileiro: a TV Globo.
Em 2020, os clubes que cederem jogadores para a Copa América ficarão até dez rodadas sem suas estrelas, caso o Brasil chegue à semifinal, o que já garantiria a decisão ou o inútil jogo pelo terceiro lugar.
Andrés Sanchez escancara e defende a emissora carioca porque o Corinthians é privilegiado. É o segundo clube que mais ganha dinheiro da Globo. Só fica atrás do Flamengo.
O clube vai faturar cerca de R$ 257 milhões só com o Brasileiro. Na tevê aberta, nos jogos pela tevê a cabo, Sportv. E pelo pay-per-view, Premiere.
O Corinthians segue colhendo frutos da decisão de Andrés Sanchez, de implodir o Clube dos 13, em 2011.
A Globo estava para perder o direito de transmitir o Brasileiro. Pela primeira vez, a emissora carioca teria concorrência muito forte na tevê aberta. Foi quando houve um acordo com a emissora com a cúpula do Corinthians e do Flamengo. Os dois clubes mais populares do país deram como desculpa, depois de anos, que iriam negociar individualmente as cotas e não mais em grupo, inseridos no Clube dos 13.
Foi o bastante para as peças ruírem.
E o Clube dos 13 deixar de ter importância.
Andrés nunca escondeu que a amizade que nutria pelo ex-executivo da Globo que comandava o futebol da emissora, Marcelo Campos Pinto.
Mesmo com a aposentadoria de Marcelo, o relacionamento do Corinthians com a dona do monopólio das transmissões de futebol na tevê aberta sempre foi excelente.
Daí a confirmação.
A cúmplice da CBF pelo atraso do futebol neste país tem nome.
Rede Globo...
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