Pressão da WADA prevalece. E Guerrero está fora da Copa
Agência contra o doping no esporte pressiona Fifa. E suspensão do peruano é aumentada. 14 meses. Volta ao futebol só em 2019. Não cabem recursos
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Estava tudo muito estranho.
A Fifa estava em campanha pesada contra o doping.
Na urina de Paolo Guerrero, examinada logo após o empate em 0 a 0, entre Argentina e Peru, foi constatada a benzoilecgonina, um metabólito da cocaína e da folha de coca. Sua suspensão foi decretada. Um ano.
A pena foi determinada no dia 8 dezembro de 2017, depois de um mês de suspensão preventiva.
Os advogados do jogador entraram com um recurso na Comissão de Apelação.
E logo, no dia 20 de dezembro, a pena acabou reduzida para seis meses. Ficou liberado para atuar neste mês. Tanto que entrou no lugar de Henrique Dourado, contra o Internacional, na semana passada. Ontem, jogou como titular na derrota diante da Chapecoense. E marcou até um gol.
O peruano estava animadíssimo para a Copa.
Mas escondia uma preocupação que já era repartida pela imprensa peruana. Na busca pela liberação do atleta da suspensão, seus advogados procuraram a última instância do futebol mundial. O Tribunal Arbitral do Esporte, na Suíça. Tinham a certeza de que ele seria liberado. Já que médicos da Seleção Peruana se responsabilizaram por um chá que deram ao atacante, que estava gripado antes de enfrentar a Argentina. E na fórmula do chá haveria o metabólico benzoilecgonina, derivado da folha de coca.
Só que não contavam com a forte pressão da WADA, a agência que controla o doping no mundo. Os advogados de Guerrero souberam que havia o apelo da agência para que ele fosse suspenso por dois anos do futebol. A cúpula da Fifa acabou cedendo aos argumentos que a liberação do peruano seria uma vitória do doping. De maneira voluntária ou involuntária, o resultado era claro. A urina estava contaminada. Inclusive a que foi usada na contraprova.

E por isso, a Fifa recuou e exigiu a manutenção da pena de um ano.
O resultado definitivo do julgamento acaba de ser divulgado.
Em vez de um ano, 14 meses de suspensão.
Como cumpriu seis meses, só em 2019 poderá voltar a jogar.
Guerrero está fora da Copa do Mundo.
Não cabem recursos.
O resultado provocou uma revolta no país andino.
Queixas de perseguição.
Pressão para que a Federação Peruana se manifeste.
Paolo Guerrero era a principal estrela do time do argentino Gareca.
Além disso, o atacante também não deverá atuar mais pelo Flamengo.
Seu contrato termina em agosto.
Os dirigentes já avisaram que se ele fosse suspenso definitivamente, exerceriam o direito de romper o compromisso atual com o jogador.
O golpe é fortíssimo.
Guerrero tem 34 anos.
Só poderá voltar a atuar com 35 anos.
A Federação Peruana e ele estão de mãos amarradas.

Não há como conseguir sua liberação para o Mundial.
A pressão da WADA sobre a Fifa prevaleceu.
Especialistas acreditam que seria um retrocesso a liberação.
Por isso, a postura firme do Tribunal Arbitral do Esporte.
Guerrero serviu como exemplo para a forte cobrança na Copa.
Não haverá perdão para quem for pego dopado.
De forma voluntária ou não.
O alegado chá que Guerrero tomou custou caro demais...