Presidente da Argentina exige final da Libertadores em Buenos Aires
A Conmebol deseja final da Libertadores longe da torcida argentina. Macri não aceita. Boca avisa. Recorrerá à Suíça. Vexame inesquecível
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A Conmebol é uma entidade conhecida pela corrupção.
E também pela flexibilidade com que se posiciona diante de clubes tradicionais.
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Em todo o continente, o Boca Juniors é apontado como o mais influente, por dirigentes das maiores equipes.
Só que a Conmebol é assumidamente incompetente.
Presidentes chegam à entidade por sua nacionalidade.
Brasileiros e argentinos combinaram que seriam sempre nascidos em outros países do continente, para manter o equilíbrio, a neutralidade das decisões.
Entrasse um portenho ou um paulista, a desconfiança de que favoreceria sua pátria é uma certeza.
A entidade que tem três dos seus ex-presidentes em prisão domiciliar, Nicolas Leoz, Eugenio Figueredo e Juan Angel Napout, afastados da sociedade, conseguiu passar uma vergonha maior do que o escândalo de corrupção de 2015.
A decisão da Libertadores de 2018.
A última com duas partidas.
Seriam os confrontos de maior rivalidade da história da competição.
Depois de um jogo maravilhoso na Bombonera, que acabou empatado em 2 a 2, ficou faltando a volta.
No Monumental de Núnez, com torcida só do River Plate, já que a primeira partida, apenas os torcedores do Boca puderam assistir.
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A selvageria das pedras, latas e garrafas de cerveja cheias, atiradas por vândalos e estourando os vidros do ônibus do Boca Juniors correu o mundo. Os mais de 200 países que iriam acompanhar a partida, viram a cena lastimável.
Os mais de 66 mil torcedores do River Plate, que nada tinham com a agressão, foram feitos de idiotas. Ficaram mais de quatro horas esperando o confronto que nunca aconteceu.
Como estilhaços de vidro atingiram os jogadores do Boca, o time não entrou em campo.
Até o presidente da Fifa, Gianni Infantino, conheceu de perto o nível de violência que domina a América do Sul.
Esta história foi dissecada.
O pior foi a reunião de hoje, na sede da Conmebol.
O presidente da entidade, o paraguaio Alejandro Domínguez, pensou que pudesse peitar a direção do Boca Juniors. Forçar a realização da final, de qualquer maneira.
No dia 8 ou 9 de dezembro.
Ele teve a 'brilhante' ideia de levar a decisão para uma das três cidades.
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Assunção, no Paraguai, com esquema de guerra protegendo os dois times.
Miami, para levar o grande clássico aos latinos nos Estados Unidos.
Ou Abu Dhabi.
Sim, River Plate e Boca Juniors nos Emirados Árabes.
Por quê?
Porque no dia 12 de dezembro começa o Mundial de Clubes.
Sim...
Nos Emirados Árabes.
Para vergonha ainda maior do Continente, dos sete participantes, apenas o da América do Sul não está definido.
Real Madrid, representando a Europa; Kashima Antlers, a Ásia; Espérance Sportive de Tunis, a África; Chivas Guadalajara, a Américas Central e a do Norte; Team Wellington (da Nova Zelândia), a Oceania; e o Al Ain, campeão dos Emirados Árabes, para garantir o interesse local.
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Mas, se depender do Boca Juniors, os sul-americanos poderão não ter um time na competição.
"Não estou de acordo com que haja uma nova data para jogar. Nós não aceitamos jogar nenhuma partida até que o Tribunal da Conmebol se manifeste. Cremos que temos fundamentos suficientes para dar razão ao pedido do Boca. Esgotaremos todas as instâncias administrativas e, se tivermos que ir ao TAS (o Tribunal do Esporte, na Suíça), iremos", jura o presidente do Boca, Daniel Angelici.
Ele foi pressionado pelos membros de sua própria diretoria. E teve de ceder diante do argumento que, em 2015, o Boca Juniors foi alijado da Libertadores, depois que vândalos de sua torcida, jogaram gás de pimenta nos jogadores do River Plate. O clube perdeu a classificação das oitavas de final da competição.
Só que o que está ruim, sempre piora.
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, ex-presidente do Boca Juniors, quer que a partida aconteça. E no estádio Monumental de Núnez, lotado de torcedores do River Plate.
Ele quer resgatar a imagem arranhada do seu país.
Que desmoralizou a segurança pública argentina.
E também o fez passar pelo vexame.
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A direção do Boca Juniors está revoltada.
E avisa que não aceitará a intervenção do governo federal.
Que considera uma traição essa postura de Macri.
O presidente da Conmebol está implorando para Angelici voltar atrás e aceitar jogar.
Só que a pressão dentro do clube é enorme.
Quer a 'isonomia'.
Ou seja, o que valeu para o River Plate precisa valer para o Boca.
Os juízes da Conmebol que julgarão a confusão já estão definidos.
Eduardo Brown (Paraguai), Amarilis Belizario (Venezuela) e Cristóbal Valdez (Chile).
O resultado poderá ser divulgado ainda esta semana.
Se eles não aceitarem o pedido do Boca para que seja considerado campeão da Libertadores, o clube irá apelar para o TAS.
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Caso Angelici perceba a influência da Conmebol ou da Fifa para que os julgamentos sejam apressados e sejam contrários ao Boca Juniors, o clube pode se negar a jogar a decisão. O que provocaria um caos. O clube mais popular da América do Sul teria de sofrer punição exemplar da Conmebol.
A confusão continua.
E a vergonha também...
(Doha surge também como candidata ao jogo.
(Para servir de apresentação do Catar.
(A sede da Copa de 2022 quer publicidade...)
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