‘Podem me chamar de vice-presidente do Corinthians’, ironiza Memphis, o ‘dono do time’, que decidiu contra o Sport e que quer técnico ambicioso
Queixas dele abriram o caminho para a demissão de Ramón Díaz. Holandês assumiu a responsabilidade não só fora de campo. Dentro, teve uma atuação de gala na virada por 2 a 1. Dorival havia dito ‘sim’, mas recuou e pediu tempo para pensar
Cosme Rímoli|Do R7

Memphis não conhece profundamente o Corinthians.
Não tem ideia dos bastidores.
De que os segredos não são tão segredos assim.
O que é dito nos vestiários não fica, necessariamente, nos vestiários.
Ele é a grande voz dos jogadores para a direção.
E sua insatisfação com o trabalho de Ramón Díaz, exposta em público, era até mais forte com os dirigentes.
Depois da demissão sacramentada, o holandês percebeu que só ele, entre os atletas, foi quem reclamou da estagnação do time.
Sentiu a pressão até das chefias das organizadas.
Já que ele foi um dos pilares da demissão do treinador argentino, ele que desse a resposta em campo.
E foi o que fez, em Itaquera, com a equipe comandada interinamente por Orlando Ribeiro, técnico do sub-20.
Memphis comandou a equipe, driblou, articulou, deixou Yuri Alberto livre para desperdiçar gols.
Concretizou a virada necessária contra o Sport, por 2 a 1, marcando os dois gols.
Foi aplaudido de pé pelos torcedores ressabiados com os últimos acontecimentos.
O holandês não fugiu dos jornalistas.
Muito pelo contrário.
Vivido, inteligente, ele tentou reverter o vazamento de informações no Parque São Jorge.
Que culminaram na queda de Ramón Díaz, 21 dias após a conquista do título paulista.
“Despedidas são muito dramáticas. Mas se as pessoas pensam isso [que influenciou na demissão]... Podem me chamar de vice-presidente”, ironizou.

A ironia não deu muito certo porque sua força junto ao presidente Augusto Melo é escancarada.
Memphis fez questão de não assumir se quer Dorival Júnior para o comando do time.
“Eu só espero que seja um técnico com ambição de levar o Corinthians ao topo. E investir nos jogadores”, avisou.
O holandês deixou claro, para quem quiser entender, a sua insatisfação com a covardia tática, que muitas vezes Ramón Díaz impunha à equipe. Montando o Corinthians como se fosse uma equipe pequena.
Era tudo o que ele não queria.
Atuar para contragolpear.
Ele se sente melhor com atitude impositiva, assumindo as rédeas do jogo.
“Sou um vencedor. Temos que nos acostumar a ganhar jogos com menos esforço e sacrifício”, afirmou.
Como contra o Sport, quando o Corinthians marcou forte a saída de bola pernambucana.
Do início ao final da partida.
Mesmo saindo injustamente, atrás no placar, depois de gol de Sérgio Oliveira, aos 44 minutos do primeiro tempo.
O time deu 17 finalizações ao gol de Caíque França.
“Começamos muito bem, criamos chances. Não fomos cirúrgicos o suficiente no primeiro tempo. O adversário teve uma ou duas chances e fez o gol, infelizmente. Isso trouxe mais pressão e dificuldades para nós, mas estou orgulhoso do time. Em uma semana com muitas coisas, mostramos personalidade e união, junto com os torcedores no estádio”, disse Memphis.
A influência de Orlando Ribeiro foi seguir o que os jogadores profissionais queriam.
Principalmente Memphis.
O ‘vice-presidente’ não assumido.

Dorival Júnior vem?
Quanto a Dorival Júnior, o técnico havia dito ‘sim’ ao interesse do Corinthians.
Tanto que houve várias conversas entre o executivo Fabinho Soldado e Edson Khodor, seu agente.
O treinador se mostrou reticente.
Ele ainda está desgastado com a demissão sumária da Seleção, depois da derrota por 4 a 1 para a Argentina.
Conselheiros ligados a Augusto Melo estranham essa postura.
E já questionam se Dorival não está mais interessado em uma eventual volta para o São Paulo, já que Zubeldía está mais que ameaçado.
A verdade é que Augusto Mello quer o novo técnico nesta próxima semana.
Dorival ainda é o plano A.
Mas está perdendo a unanimidade que tinha...
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