Pesadelo continua. Ronaldinho seguirá atrás das grades
Justiça negou prisão domiciliar ao ex-jogador e seu irmão. O medo é que ambos fujam e desmoralizem o Paraguai. Tiveram sigilo telefônico quebrado
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Não adiantou ligação do ministro Sérgio Moro.
Nem a apresentação de um imóvel no Paraguai, no valor de 800 mil dólares, cerca de R$ 3,7 milhões, como fiança.
Venceu a pressão da população popular.
E também a promessa do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que não daria trégua à corrupção.
Ele que, escapou de um processo de impeachment no ano passado, precisava de um símbolo anticorrupção.
A manutenção de Ronaldinho Gaúcho preso é uma mensagem ao mundo que a 'lei é para todos no Paraguai', repetem jornalistas nas tevês paraguaias.
A casa que foi oferecida para abrigar os dois detidos, por um 'fiador solidário', não teve o efeito desejado.
O juiz Gustavo Amarilla negou o pedido dos advogados de Ronaldinho Gaúcho e de Assis.
Os dois não deixarão a cadeia, de segurança máxima, especializada em crime organizado, Agrupacíon Especializada.
Nada de prisão domiciliar.
Seguirão atrás das grades.
Não só por conta dos passaportes falsificados, com que entraram no país, na semana passada. O Ministério Público investiga o quanto eles estão envolvidos com Dalia López, empresária acusada de lavagem de dinheiro e evasão de impostos.
Foi a empresária que providenciou os passaportes falsificados e custeou a viagem dos dois para o Paraguai. Ela está foragida. E está sendo caçada pela justiça.
A decisão do juiz Amarilla foi firme.
"Se mantém a medida cautelar de prisão na Agrupación Especializada. A investigação tem menos de uma semana.
"E está ficando claro o tamanho deste caso, com novas revelações. É de responsabilidade minha, do poder judicial, garantir a continuidade dessa investigação.
"Não podemos correr o risco de essa investigação acabar por causa de uma fuga ou de uma saída do Paraguai.
"A liberdade de Ronaldinho poderia significar obstrução da investigação ou fuga."
Não bastasse a manutenção na cadeia, o juiz avisou que autorizou a quebra do sigilo telefônico de Ronaldinho e Assis.
"O Ministério Público pediu e nós autorizamos uma perícia nos telefones celulares de Ronaldo e Roberto (Assis).
"E isso será importante para investigar outros crimes, que podem ter sido cometidos por outras pessoas."
O juiz Amarilla foi muito pressionado antes de dar o seu veredicto.
Representantes do Ministério Público disseram que, em caso de fuga de Ronaldinho e Assis, de uma eventual prisão domiciliar, a responsabilidade toda seria de Amarilla.
O promotor Marcelo Pecci foi muito claro com os jornalistas que aguardavam a decisão sobre a prisão domiciliar.
"O Ministério Público sustentou a sua posição de se opor à toda modificação à prisão preventiva.
"Se trata de uma investigação com atos que atentam contra a segurança de documentos de identidade do Paraguai.
"Faz cinco dias que começou a investigação. Ainda se está estudando condutas individuais.
"Essas pessoas (Ronaldinho e Assis) não têm raízes (no Paraguai)", enfatizou.
Há a desconfiança do Ministério Público que Ronaldinho e Assis montariam uma empresa de investimento no Paraguai.
E por isso precisavam dos passaportes paraguaios.
Eles só seriam possíveis de serem obtidos, se vivessem no país por pelo menos três anos.
A defesa defesa de Ronaldinho e Assis garante que vai recorrer.
Enquanto isso, o MP diz que a situação do ex-jogador está ficando complicada com as investigações.
E que o país não pode correr o risco de fuga.
O que seria um vexame internacional.
Tudo o que o presidente Mario Abdo Benítez não quer.
Uma nova avaliação do caso levará pelo menos mais sete ou dez dias.
Para desespero de Ronaldinho e Assis...
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