Para a diretoria e jogadores, Carille vai para a Arábia
Andres Sanches não faz o mínimo sacrifício para continuar com Carille. O relacionamento entre os dois é muito ruim. O Al-Ahli está perto
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
"Eu só saio do Corinthians no dia em que me mandarem embora. Pode vir o caminhão de dinheiro... Eu não saio! É um sonho estar trabalhando em uma equipe desse tamanho no Brasil, e eu vou desfrutar desse sonho até o fim."
Carille, junho de 2017.
"Um não, mas podem vir dois caminhões (de dinheiro), aí a conversa é diferente. Por um, eu não vou. Por dois, eu posso pensar", Carille, logo após a goleada de ontem, por 7 a 2, contra o Deportivo Lara.
A quinta-feira foi um dia raro na história corintiana. O treinador teve muito mais importância do que uma partida de Libertadores, que valia a classificação para as oitavas de final da Libertadores.
Só se falou sobre a saída de Fábio Carille. Embora o treinador tentasse de todas as maneiras amenizar a questão, até revelando que já recebera uma proposta milionária antes, da China. E recusou.
"Tive uma poposta e não dei andamento há um tempo atrás porque só podia levar um profissional comigo, se eu falar o valor vocês vão me chamar de louco por não ter aceitado. Essa não chegou nada de oficial, conversei com meu empresário, só especulação. Desde o início estou sendo claro com a diretoria e estou tranquilo no Corinthians", tentou disfarçar.
Mas só que a proposta do Al-Hilal, que é mais do que o triplo do seu salário de R$ 300 mil. Receberia R$ 1,1 milhão por dois anos. E teria o direito de levar o preparador físico Walmir Cruz e ainda o auxiliar Leandro da Silva, o Cuca.
E mais. Há mesmo a possibilidade de a equipe árabe levar Rodriguinho também. O meia já seria uma indicação do próprio Carille. O jogador evitou falar sobre o tema.
A situação está mais do que adiantada.
Os pais de Carille, em Sertãozinho, deixaram escapar para a Globo que tudo já está acertado. E que o filho garantiu que não havia como continuar no Corinthians, o dinheiro é alto demais.
Conselheiros ligados a Andrés Sanchez afirmam que a transição já está até preparada. Osmar Loss sabe que se Carille avisar que os árabes pagarão a multa de dois salários, R$ 600 mil, na segunda-feira, na terça-feira, o auxiliar assumirá o cargo de treinador do Corinthians.
Carille sabe que não haveria momento melhor para sair do Corinthians. Supervalorizado, com o time bem. Campeão paulista e classificado para as oitavas da Libertadores. Está empatado em pontos com o Flamengo na liderança do Brasileiro. Eliminou o Vitória da Copa do Brasi e se classificou para as quartas de final.
Está tudo tranquilo, sem problema algum no futebol.
Seu conceito é excelente.
Há a certeza que pode sair que terá a porta aberta para uma volta.
Não necessariamente para o Corinthians.
Flamengo e Atlético Mineiro já o sondaram.
Algo que pode ser crucial para sacramentar de vez a saída de Carille é a postura de Andres Sanchez. Desde que vazou o interesse real do clube árabe pelo treinador corintiano, o presidente não fez nenhum pedido para que ele seguisse no clube. Os dois estavam juntos ontem na Venezuela.
O presidente estava mais interessado em organizar uma vaquinha que arrecabou 3 mil dólares, cerca de R$ 12 mil, para os funcionários do hotel onde o clube se instalou. Para amenizar os problemas diante da enorme crise venezuelana.
Para Andres, o treinador tem todo o direito de escolher o que for melhor para sua carreira. Na verdade, não há apreço entre os dois. O entrosamento com o ex-presidente Roberto de Andrade e Carille era muito melhor.
Os jogadores fizeram questão de ser solidários a Carille. Ele tem excepcional ambiente no Parque São Jorge. Os jogadores respeitam seu trabalho sério. São nove anos de Corinthians.
Todos já sabem que a proposta é alta demais para os padrões de Carille. Apesar de ser campeão brasileiro e bi paulista, ele ainda é novo. Não seria algo extraordinário que o time passasse a jogar mal. E o treinador acabasse desvalorizado. A chance chegou.
Carille avisou que dará a resposta definitiva na segunda-feira. Ou até mesmo após o jogo de domingo contra o Sport, em Recife.
Para a esmagadora maioria da ditoria corintiana, a resposta será sim.
O Corinthians não será pego desprevenido se Carille partir.
Osmar Loss está de prontidão...
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