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Cosme Rímoli - Blogs

Palmeiras sabia desde 2018. A farra financeira iria acabar

Não é por acaso que a fartura de contratações findou em 2020. O clube se enquadrou ao Fair Play Financeiro. Não corre o risco do Manchester City

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

As 'doações' da Crefisa acabaram. Clube está dentro do Fair Play Financeiro
As 'doações' da Crefisa acabaram. Clube está dentro do Fair Play Financeiro

São Paulo, Brasil

Desde o ano passado, quando a Uefa deixou claro que estava investigando as transações e, principalmente o patrocínio, do Manchester City, o Palmeiras recuou.

As transações milionárias, bancadas com o auxílio da Crefisa, terminaram.

O ex-executivo Alexandre Mattos gastou mais de R$ 200 milhões em contratações. Fracassou na busca pela Libertadores.


Serviu de maneira excepcional para desviar o foco. 

Sua figura egocêntrica chamou a atenção da mídia, quando a diretoria acompanhava as investigações e, a provável punição ao Manchester City, do xeque Mansour bin Zayed Al Nahyan, vice-primeiro ministro dos Emirados Árabes.


E cessaram também atitudes como a do ex-presidente Paulo Nobre, bilionário, que emprestou do próprio bolso cerca de R$ 146 milhões. A juros de 1% ao ano. Quando a taxa que os bancos cobravam era de 11%.

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O que deveria ser pago em 15 anos a Nobre foi quitado em quatro anos, em 2018.


Esse tipo de transação financeira hoje em dia seria muito questionada e poderia ser considerada desigual em relação aos outras equipes, que não têm bilionários como presidente.

Os e-mails repassados pelo site Football Leaks, especializado em revelar segredos financeiros de clubes e atletas, divulgados pela revista conceituada alemã Der Spiegel, foram definitivos.

O esquema era até simples.

A companhia aérea dos Emirados, Etihad, anunciava que patrocinava o clube inglês com 67,5 milhões de libras esterlinas, cerca de R$ 380 milhões. Mas o Manchester City devolvia a esmagadora maioria do dinheiro à Etihad.

E o xeque Mansour bin Zayed Al Nahyan colocava esse dinheiro do seu bolso no clube, sem impostos.

O patrocínio saía para a companhia aérea "apenas" 8 milhões de libras, R$ 45 milhões, por ano. Pouco mais da metade do que a Crefisa paga ao Palmeiras.

Os dois anos de suspensão de competições europeias, impostos pela Uefa ao Manchester City, assustou a cúpula do Palmeiras. E seus conselheiros principais, os que apoiam Galiotte.

Desde ontem à noite, os telefonemas e trocas de mensagem nos celulares não param.

Mas veio o recado tranquilizador do presidente.

Não há irregularidade alguma nos negócios milionários envolvendo o Palmeiras.

O clube está dentro das regras do Fair Play financeiro.

Delações de próprios conselheiros acabaram com as 'doações' da Crefisa. A patrocinadora pagava pelos jogadores. Mas o clube tinha a obrigação de devolver o dinheiro em caso de venda.

Demissão sumária de Mattos. Fim das inúmeras reformulações do elenco
Demissão sumária de Mattos. Fim das inúmeras reformulações do elenco

A Receita Federal percebeu que não havia 'doação' e sim, empréstimo.

As quantias passaram de R$ 150 milhões.

O Palmeiras foi obrigado a pagar esse dinheiro sem esperar a venda dos jogadores.

O clube acabou advertido também.

E a Crefisa multada em R$ 30 milhões.

As doações não são proibidas.

Desde que não ultrapassem, por parte da patrocinadora, 30% do faturamento do clube. 

O Palmeiras chegou a cerca de R$ 594 milhões em 2019.

A Crefisa poderia bancar até R$ 180 milhões.

Mas decidiu ficar nos R$ 80 milhões.

O Palmeiras já tem o maior patrocínio do Brasil.

O que é permitido.

O que Galiotte fez foi optar pelas contratações apenas que o clube puder bancar.

A dona da Crefisa, Leila Lopes, é assumida candidata à presidência do clube, em 2021.

O uruguaio Viña. Uma das raras contratações do Palmeiras em 2020. Não por acaso
O uruguaio Viña. Uma das raras contratações do Palmeiras em 2020. Não por acaso Cesar Greco

E não quer qualquer outro problema envolvendo Fair Play financeiro.

Ela e Galiotte foram aconselhados a terem muito mais cuidado com o limite de dinheiro da empresa no Palmeiras.

Foi o que fizeram.

Outro detalhe deste quebra-cabeças foi a briga do Palmeiras com a Globo por mais dinheiro. E a emissora carioca ficar cinco rodadas sem poder mostrar o time no Brasileiro.

Só quando conseguiu receber o que queria, Galiotte assinou contrato de transmissão. Ele sabia.

O clube precisava brigar por mais dinheiro da televisão para compensar parte do que perdia da Crefisa.

Ou seja, o Palmeiras seguirá muito forte financeiramente.

Capaz de montar grandes times.

Com dinheiro de transmissão de tevê, da arrecadação, da Crefisa, da Puma, do plano de sócio-torcedor, da exploração da sua marca.

Tem condições de seguir desequilibrando campeonato, com a qualidade de jogadores caros em campo.

A tranquilidade vem desde 2018.

A diretoria sabia que o Fair Play financeiro seria levado muito mais a sério.

E se antecipou.

O Palmeiras deu um arranque quando podia.

Clube desfrutou de R$ 150 milhões emprestados pelo bilionário Paulo Nobre
Clube desfrutou de R$ 150 milhões emprestados pelo bilionário Paulo Nobre

Mas está enquadrado.

E longe de ser penalizado.

A garantia é de Mauricio Galiotte.

Neste sábado de manhã, conselheiros respiram tranquilos.

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