Palmeiras recusou Coldplay no Allianz. Endividado, São Paulo vibrou com R$ 6 milhões dos shows. Pagou com a eliminação do Paulista
Nada é por acaso. Rogério Ceni foi poupado pela direção do São Paulo do vexame contra o Água Santa. Clube quis os R$ 6 milhões dos shows do Coldplay. E pagou caro por tirar o time do Morumbi. Palmeiras recusou os shows
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
R$ 6 milhões.
R$ 1 milhão por show.
Esse foi o dinheiro que o São Paulo garantiu com as apresentações do grupo britânico Coldplay.
Mas abriu mão do estádio em que seus jogadores mais gostam de atuar. Do gramado a que estão mais do que acostumados. E onde costumam ter desempenho melhor.
Quando as datas dos shows foram definidas, entre 10 e 18 de março, o calendário do Campeonato Paulista estava divulgado. Afetaria as quartas e as semifinais do torneio.
Os shows deveriam ter acontecido em outubro de 2022, mas o vocalista Chris Martin teve uma infecção pulmonar.
Detalhe: eles aconteceriam no Allianz Parque, estádio do Palmeiras. Como foram em 2016.
No ano passado, seriam dois shows.
Mas a organização da excursão do Coldplay no Brasil percebeu a ansiosa procura por ingressos da banda em São Paulo. E resolveu apostar alto.
Em vez de dois shows, seis.
A prioridade era o Allianz Parque. Por contrato, a WTorre, que construiu a arena, fica com 90% da arrecadação dos shows. A construtora tem o direito de explorar o estádio até 2044.
A relação entre o Palmeiras e a WTorre já passou por vários momentos de instabilidade, de conflitos. Mas, nos últimos anos, se estabilizou.
Conselheiros muito próximos à presidente Leila Pereira confidenciaram.
O Allianz Parque foi o primeiro consultado em relação aos shows do Coldplay. Por conta da acústica.
E da localização da arena, entre duas estações de metrô.
Mas, quando a WTorre soube dos seis shows e que iriam coincidir com as quartas e semis do Paulista, percebeu o risco de conflito grave. Já que a construtora e o clube acordaram que a prioridade é o estádio de grama sintética para o Palmeiras, em jogos decisivos, eliminatórios. Desde que programados com antecedência, como era o caso do Paulista.
Lógico que o assunto nasceu morto. Leila Pereira e Abel Ferreira nem levaram adiante a possibilidade de jogar as fases decisivas do estadual fora do Allianz, com sua grama sintética.
Quando a direção do São Paulo foi consultada, o aceite foi imediato.
O clube tem dívidas imediatas, que deveriam ser pagas nos próximos 12 meses, de R$ 600 milhões. Mas os juros as aproximam dos R$ 700 milhões.
O rival Palmeiras deve cerca de R$ 500 milhões. Com R$ 315 milhões a serem pagos nos próximos 12 meses. O faturamento de 2022 beirou os R$ 800 milhões. Enquanto o do São Paulo mal atingiu R$ 600 milhões.
Daí a aposta milionária da diretoria tricolor.
Aceitar os R$ 6 milhões dos shows e ter a certeza de que o time de Rogério Ceni conseguiria passar pelas quartas, já que o adversário seria um clube pequeno, pela fórmula do Paulista. E a expectativa era que a semifinal seria diante do Corinthians, com torcida do São Paulo.
De maneira muito otimista, a primeira partida da final, projetada contra o Palmeiras, seria no Morumbi, que os jogadores tanto adoram.
A projeção era mesmo usar o Allianz Parque nas quartas e semis. Já se acostumando com o gramado sintético para o confronto final do estadual.
O cálculo ousado foi matemático: R$ 6 milhões dos shows mais R$ 6 milhões de arrecadação das quartas e semis. E mais R$ 3 milhões da primeira final no Morumbi. E o sonho de mais R$ 5 milhões pelo título. Ou R$ 1,5 milhão pelo vice.
R$ 20 milhões ou, no mínimo, R$ 16,5 milhões.
Ceni não pôde fazer nada. Sabe que o clube atrasou salários em 2022. E teve de concordar com a direção.
O resultado foi desastroso.
Com a eliminação para o Água Santa, o São Paulo faturou apenas R$ 3,2 milhões de arrecadação. E ganhou a "modesta" premiação de R$ 450 mil da Federação Paulista de Futebol.
Ou seja, os sonhados R$ 20 milhões viraram R$ 9,6 milhões.
E o Paulista desperdiçado.
Não é à toa que o São Paulo, em 11 anos, só venceu o Paulista de 2021.
Um único título para o clube tricampeão mundial.
Administrações desastrosas explicam as dívidas que se refletem no time.
Esse é um dos motivos que explicam a permanência de Rogério Ceni.
Mesmo acumulando fracassos desde que voltou ao Morumbi, em outubro de 2021.
Ele é o escudo, desvia o foco dos vexames adminstrativos da direção...
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