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Palmeiras recusou Coldplay no Allianz. Endividado, São Paulo vibrou com R$ 6 milhões dos shows. Pagou com a eliminação do Paulista

Nada é por acaso. Rogério Ceni foi poupado pela direção do São Paulo do vexame contra o Água Santa. Clube quis os R$ 6 milhões dos shows do Coldplay. E pagou caro por tirar o time do Morumbi. Palmeiras recusou os shows

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

No gramado sintético do Allianz, Mendez lamenta o pênalti que eliminou o São Paulo do Paulista de 2023
No gramado sintético do Allianz, Mendez lamenta o pênalti que eliminou o São Paulo do Paulista de 2023

São Paulo, Brasil

R$ 6 milhões.

R$ 1 milhão por show.

Esse foi o dinheiro que o São Paulo garantiu com as apresentações do grupo britânico Coldplay.


Mas abriu mão do estádio em que seus jogadores mais gostam de atuar. Do gramado a que estão mais do que acostumados. E onde costumam ter desempenho melhor.

Quando as datas dos shows foram definidas, entre 10 e 18 de março, o calendário do Campeonato Paulista estava divulgado. Afetaria as quartas e as semifinais do torneio.


Os shows deveriam ter acontecido em outubro de 2022, mas o vocalista Chris Martin teve uma infecção pulmonar.

Detalhe: eles aconteceriam no Allianz Parque, estádio do Palmeiras. Como foram em 2016.


No ano passado, seriam dois shows.

Mas a organização da excursão do Coldplay no Brasil percebeu a ansiosa procura por ingressos da banda em São Paulo. E resolveu apostar alto.

Em vez de dois shows, seis.

A prioridade era o Allianz Parque. Por contrato, a WTorre, que construiu a arena, fica com 90% da arrecadação dos shows. A construtora tem o direito de explorar o estádio até 2044.

A relação entre o Palmeiras e a WTorre já passou por vários momentos de instabilidade, de conflitos. Mas, nos últimos anos, se estabilizou.

Conselheiros muito próximos à presidente Leila Pereira confidenciaram.

O Allianz Parque foi o primeiro consultado em relação aos shows do Coldplay. Por conta da acústica.

Rony marcou contra o São Bernardo no gramado sintético em que o time de Abel se acostumou a jogar
Rony marcou contra o São Bernardo no gramado sintético em que o time de Abel se acostumou a jogar

E da localização da arena, entre duas estações de metrô.

Mas, quando a WTorre soube dos seis shows e que iriam coincidir com as quartas e semis do Paulista, percebeu o risco de conflito grave. Já que a construtora e o clube acordaram que a prioridade é o estádio de grama sintética para o Palmeiras, em jogos decisivos, eliminatórios. Desde que programados com antecedência, como era o caso do Paulista.

Lógico que o assunto nasceu morto. Leila Pereira e Abel Ferreira nem levaram adiante a possibilidade de jogar as fases decisivas do estadual fora do Allianz, com sua grama sintética.

Quando a direção do São Paulo foi consultada, o aceite foi imediato.

O clube tem dívidas imediatas, que deveriam ser pagas nos próximos 12 meses, de R$ 600 milhões. Mas os juros as aproximam dos R$ 700 milhões.

O rival Palmeiras deve cerca de R$ 500 milhões. Com R$ 315 milhões a serem pagos nos próximos 12 meses. O faturamento de 2022 beirou os R$ 800 milhões. Enquanto o do São Paulo mal atingiu R$ 600 milhões.

Daí a aposta milionária da diretoria tricolor.

Aceitar os R$ 6 milhões dos shows e ter a certeza de que o time de Rogério Ceni conseguiria passar pelas quartas, já que o adversário seria um clube pequeno, pela fórmula do Paulista. E a expectativa era que a semifinal seria diante do Corinthians, com torcida do São Paulo. 

De maneira muito otimista, a primeira partida da final, projetada contra o Palmeiras, seria no Morumbi, que os jogadores tanto adoram.

A projeção era mesmo usar o Allianz Parque nas quartas e semis. Já se acostumando com o gramado sintético para o confronto final do estadual.

Shows do Coldplay levaram R$ 6 milhões para os cofres do São Paulo. E pesaram na queda no Paulista
Shows do Coldplay levaram R$ 6 milhões para os cofres do São Paulo. E pesaram na queda no Paulista

O cálculo ousado foi matemático: R$ 6 milhões dos shows mais R$ 6 milhões de arrecadação das quartas e semis. E mais R$ 3 milhões da primeira final no Morumbi. E o sonho de mais R$ 5 milhões pelo título. Ou R$ 1,5 milhão pelo vice.

R$ 20 milhões ou, no mínimo, R$ 16,5 milhões.

Ceni não pôde fazer nada. Sabe que o clube atrasou salários em 2022. E teve de concordar com a direção.

O resultado foi desastroso.

Com a eliminação para o Água Santa, o São Paulo faturou apenas R$ 3,2 milhões de arrecadação. E ganhou a "modesta" premiação de R$ 450 mil da Federação Paulista de Futebol. 

Ou seja, os sonhados R$ 20 milhões viraram R$ 9,6 milhões.

E o Paulista desperdiçado.

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Não é à toa que o São Paulo, em 11 anos, só venceu o Paulista de 2021.

Um único título para o clube tricampeão mundial.

Administrações desastrosas explicam as dívidas que se refletem no time.

Esse é um dos motivos que explicam a permanência de Rogério Ceni.

Mesmo acumulando fracassos desde que voltou ao Morumbi, em outubro de 2021.

Ele é o escudo, desvia o foco dos vexames adminstrativos da direção...

Em meio a provocações, são-paulinos falam sobre jogo no Allianz: 'Tudo muito novo'

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