Paulinho chorou com razão. Ele teve a chance de salvar 2023. Mas errou. E o Palmeiras eliminou o Atlético pela terceira vez seguida
Time de Abel firme na marcação, jogou com o regulamento, travou o Atlético de Hulk. O 0 a 0 levou o time para as quartas da Libertadores. Enquanto o Atlético lastima a eliminação pelo Palmeiras. Pela terceira vez seguida
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Trinta minutos do segundo tempo.
Edenílson dá um passe sensacional, que desestabiliza a fortíssima defesa palmeirense. Nas costas justo do melhor zagueiro da América do Sul, Gustavo Gómez.
Paulinho, artilheiro da Libertadores, se infiltra na diagonal, em velocidade.
Dribla Weverton, que sai desesperado.
O atleticano tem o gol escancarado à sua frente.
É só tocar para a rede e levar a decisão para as quartas aos pênaltis.
Mas, na velocidade, o atacante não ajeita o corpo corretamente.
E toca, com o pé esquerdo, para fora.
Morria nesse lance a esperança de o Atlético acabar com a sina de ser eliminado pelo Palmeiras da Libertadores.
Pelo terceiro ano seguido, o time mineiro foi eliminado da competição que mais desejava na temporada pela equipe paulista.
Só que, neste 2023, a dor é muito maior.
Paulinho sabia bem o que havia feito.
E por isso chorou muito após a partida.
"É difícil falar agora. Passamos por um momento difícil, pegamos um adversário muito qualificado, sabíamos da importância da Libertadores para nós neste ano, é um ano diferente para o Atlético por conta da inauguração do estádio.
"Eu, particularmente, me sinto responsável por essa eliminação.
"Era o nosso ano, mas não conseguimos [nos] classificar.
"Quero pedir desculpa à torcida, batalhamos muito..."
A cúpula do Atlético Mineiro tinha o sonho de utilizar o seu novíssimo estádio, que custou R$ 1,2 bilhão, na semifinal da Libertadores.
Tinha.
Porque foi o Palmeiras de Abel Ferreira, que não se arriscou e conseguiu travar o time de Felipão. E conseguir o 0 a 0 que levou a equipe às quartas de final, que prometem ser menos difíceis do que se imaginava.
O adversário será o Deportivo Pereira, da Colômbia, que eliminou o favorito Independiente Del Valle.
Abel Ferreira chegou pela quarta vez seguida às quartas de final da Libertadores.
Em 2020, campeão. Em 2021, campeão. Em 2022, semifinalista.
Felipão, "copeiro", jamais havia sido eliminado da Libertadores antes das quartas.
O jogo foi absolutamente equilibrado, com os dois times muito precavidos. Atacavam apenas quando havia certeza de que os sistemas defensivos estavam montados para os contragolpes.
Foi uma partida de total concentração.
Com as equipes espelhadas. Em falsos esquemas 4-3-3. Na verdade, pelo menos dois atacantes de cada time viravam marcadores, travando os laterais adversários, que gostavam de atacar. Sem a bola, os esquemas se equivaliam, passavam a ser 4-5-1.
Ao contrário do que aconteceu em Belo Horizonte, Raphael Veiga não teve espaço para jogar. Otávio atuou colado nele. Em compensação, Abel organizou seu time para que Hulk fosse marcado por setor. Mesmo caindo para os lados, ele não atraía os defensores centrais, Gustavo Gómez e Murilo.
A partida foi muito desgastante, os jogadores foram ao limite físico, no gramado sintético do Allianz Parque. As chances de gol foram raríssimas durante o jogo.
O Palmeiras foi muito bem nas bolas aéreas, buscando, principalmente, Gustavo Gómez.
Enquanto o Atlético buscava a velocidade.
Esperava uma chance para reverter a derrota em Minas, por 1 a 0.
Ela veio, e Paulinho desperdiçou.
O 0 a 0 foi dolorido para o Atlético, mas justo.
O Palmeiras sobrevive, enquanto o caríssimo elenco de Felipão precisa se recompor.
Para continuar firme no que resta em 2023, o Brasileiro.
E a busca de classificação para a Libertadores de 2024.
O novo e caríssimo estádio ficará para os jogos do torneio nacional.
O sonho de usar a força de sua empolgada torcida, no seu estádio, para chegar à final no Maracanã não existe mais.
Paulinho sabe muito bem disso...
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