‘Os Meninos da Vila’ nasceram do caos. Fui ídolo do Santos e do Corinthians. Não é para qualquer um.’ João Paulo, ‘Papinha’
A famosa geração dos ‘Meninos da Vila’, campeã do histórico Paulista de 1978, foi formada de forma espontânea. ‘O Santos tinha 50 jogadores. Foi um acaso que juntou Aílton Lira, Pita, Nilton Batata, Juari e eu.’ Exclusiva com João Paulo, o Papinha

“Nós também vivíamos um caos na Vila Belmiro. Éramos mais 50 jogadores, ninguém acreditava no Santos. Era mais ou menos como acontece agora. Seguimos um trabalho sério. E o time renasceu. Foi assim que surgiram os ‘Meninos da Vila’, campeões de 1978. Então, o Santos atual tem jeito!”
A aposta é de João Paulo de Lima Filho. ’João Paulo Papinha’, para os que tiveram a sorte de acompanhar o Santos, campeão paulista de 1978. Time que fez história. Foi a primeira conquista depois que Pelé deixou o clube, em 1974.
Extremamente ofensivo, com Ailton Lira, Pita, Nilton Batata, Juary e João Paulo. Carioca, habilidoso, dono de dribles objetivos e com arremate forte e preciso, via no futebol uma saída para a família simples de São João do Meriti.
“Eu me destaquei no São Cristóvão. Achei que iria jogar em um time grande do Rio, quando o Santos surgiu. E lógico que eu fui. O clube era muito pressionado, tinha de dar resultado. Não tinha mais Pelé. Foi quando o Chico Formiga percebeu que havia jogadores extremamente ofensivos e com talento, entre os muitos jogadores que a diretoria contratou, meio sem critério.”
João Paulo logo ganhou o apelido de Papinha, por conta do Papa João Paulo ll. Embora franzino, sempre foi dono de personalidade forte. Em uma campanha memorável, o Santos decidiu o título brasileiro de 1983.
‘Nós ganhamos do Flamengo por 2 a 1, no Morumbi. Fomos jogar no Rio e o Arnaldo César Coelho marcou pênalti inexistente e ainda anulou um gol nosso alegando impedimento inexistente.
O juiz era carioca, não poderia ter apitado a final. Perdemos por 3 a 0 e a imprensa do Rio de Janeiro invadiu o campo, antes de a partida acabar. Saímos brigando com os jornalistas. O Paulo Isidoro começou, o Serginho Chulapa entrou e eu também fui para o meio. Foram socos, pontapés.“
Essa briga queimou João Paulo, que foi contratado pelo Flamengo, no ano seguinte.
“Eu não fiquei nem um ano no Flamengo. Acabei queimado politicamente por ter batido nos jornalistas. Foi uma pena. Porque estava jogando muito bem.“
João Paulo não tem o que reclamar. Veio para o Corinthians. ‘Primeiro teve desconfiança, por ter atuado no Santos. Mas depois acabei ídolo. Jogar no Corinthians foi completamente diferente. A torcida tem um envolvimento maior na direção do clube. Fui campeão paulista dez anos depois, contra o Guarani. Eles tinham um timão, Evair, João Paulo, Paulo Isidoro, Neto. Joguei como meia-esquerda, revezando com o Paulinho. O técnico era o Jair Pereira.” Acabou passando cinco anos no Parque São Jorge. E foi cultuado por lá.
“Ser ídolo em dois rivais não é para qualquer um.“
Teve poucas chances na Seleção Brasileira.
“Foram muitos concorrentes. Éder, Joãozinho, João Paulo, do Guarani. Não era como hoje, havia jogadores talentosos aos montes.’
Jogou rapidamente no Palmeiras.
‘Cheguei em um clube com muitos problemas políticos. Não deu certo.”
Sobre o Santos atual, ele é direto. Não aceita a pressão só em Neymar. “Ele está sozinho. O segredo para mim seria investir na base, nos garotos. O Santos só quer comprar jogadores. E tem formado times ruins. O rebaixamento aconteceu por isso. Agora é preciso muito cuidado. O segundo rebaixamento seria terrível. Ainda dá tempo. O trabalho tem de ser sério.“
João Paulo vive em Santos e nem parece ter 68 anos. Segue de mente afiada, personalidade forte.
Torcendo para o Santos não cair de novo...
João Paulo falou, com exclusividade, ao Canal do Cosme Rímoli, no YouTube, uma parceria com o portal R7.
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