São Paulo, Brasil
Andrés Sanchez comemora da maneira menos sutil possível.
Vários conselheiros da situação e até da oposição fizeram questão de cumprimentá-lo. Em mensagens, telefonemas.
O tom foi sempre o mesmo.
"Parabéns, você deu um 'chapéu' neles."
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"Aqui é Corinthians.
"Todos querem vir jogar aqui."
A linguagem direta, simplória, debochada, resume a sedução perfeita que o Corinthians articulou por muito tempo.
Jogador ágil, veloz, forte, de 1m79 e com potencial diferenciado chamava a atenção dos treinadores de base, como Dyego Coelho.
A base dos grandes clubes brasileiros trava nos últimos anos uma guerra silenciosa. Por informações.
E o Corinthians tinha Léo Natel como alvo.
O jogador com 16 anos se aventurou na Europa foi para o Benfica. Mas não conseguiu se impor. O clube português se assume como trampolim, intermediário entre jogadores da América do Sul e gigantes do Velho Continente.
Há inúmeros jovens atletas da América Latina e da África que buscam o Benfica. E nesta constante peneira, poucos sobrevivem.
Léo Natel não conseguiu.
Mas voltou para o São Paulo.
Ganhou espaço.
E a diretoria resolveu emprestá-lo para ganhar experiência. Foi para o Fortaleza e, em seguida, para o Apoel, em Chipre. Fez oito gols por lá, jogando 26 partidas, no ano passado.
O vínculo dele termina com o São Paulo em junho, daqui a cinco meses.
Havia a certeza de que ele renovaria, sem qualquer problema.
Mas os dirigentes no Morumbi nem sonhavam.
Agentes representando o Corinthians procuraram o jovem atacante.
E ele teve a valorização, em todos os sentidos, que não encontrou no Morumbi.
Léo Natel já se comprometeu com o clube da Zona Leste.
Seu contrato deverá ser de quatro anos.
A direção do São Paulo ficou revoltada quando soube.
E tomou a decisão.
Não vai antecipar um dia sequer a liberação do atleta.
Ele pediu já para jogar no Corinthians.
Garantiu que não assinará novo contrato com o São Paulo, de jeito algum.
Mas os dirigentes seguem não querendo assumir publicamente o 'chapéu' que sofreram do rival.
E Léo Natel está sendo obrigado pelo clube do Morumbi a treinar.
Além disso, há a insistência da diretoria de futebol do inseguro Leco. O pedido é que mude de ideia. Esqueça o Corinthians e fique no Morumbi.
Só que o jogador tem mostrado uma firmez impressionante.
Está disposto a suportar cinco meses treinando.
Para, em junho, desembarcar, de graça para o Corinthians.
O chapéu está mais do que consolidado.
O São Paulo perdeu um jogador que era seu.
Por não valorizá-lo.
E nem imaginar que ele teria coragem de ir a um rival.
Andrés Sanchez e o diretor de futebol do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, sorriem satisfeitos quando ouvem o nome Léo Natel.
Para amargor de Raí.
Ele está inconsolável diante do 'chapéu'.
E sabe.
Não há como reverter a saída do promissor atacante...
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