O sacrifício de Garro para ser campeão pelo Corinthians. Pediu para jogar ‘de qualquer jeito’ contra o Palmeiras. Com dores e infiltração

O depoimento de Rodrigo Garro é emocionante.

E mostra o quanto ele queria ser campeão pelo Corinthians.

Ele queria, de ‘qualquer maneira’, o primeiro título na carreira.

Não havia ganho nada com o Instituto Córdoba e nem com o Talleres.

Pouco importava a tendinopatia no joelho direito.

Dores que vinham cada vez que dobrava a perna ou chutava.

A lesão é uma inflamação nos tendões, estruturas que ligam os ossos aos músculos.

A única maneira dele jogar era tomando infiltrações de analgésicos.

São injeções que não curam, mas fazem com que as dores sumam, mas momentaneamente.

Quando o efeito do analgésico passa, a dor é muito maior.

Porque correr, chutar, dividir bola, receber falta, só aumentam a lesão.

Garro sabia disso, porque não era a primeira vez que recebia infiltração no joelho.

E as dores vieram de volta.

“Coloquei anestesia para jogar, na verdade. Senão, não conseguiria jogar. Sinto que era parte do risco, que poderia acontecer, sentir muita dor, e ter que suportar. Durante o jogo eu só pensava em correr e jogar, em curtir o jogo, uma final, o Dérbi... é algo inexplicável. A gente, a torcida, nesse momento você só quer correr, ajudar a ganhar... do jeito que for.”

No último treino, antes da decisão, ele saiu, assim que começou.

“A verdade é que estava me sentindo bem durante a semana. Foi a primeira vez que consegui completar uma semana de trabalho. E numa jogada senti como nunca antes. Falei: ‘Cara, tenho que sair. Não consigo ficar de pé‘. Eu não sabia como, mas teria que jogar no outro dia. Saí e fiquei chateado, triste.

“Cheguei no departamento médico e pensava em como fazer para poder jogar. Poderia fazer um tratamento bom, e como todo mundo sabe eu não estou 100%. Comecei a colocar gelo, fiz com as pessoas do departamento médico um tratamento para desinflamar o joelho.”

Os médicos do Corinthians falaram claramente a Ramón Díaz.

As chances de Garro estar em campo eram mínimas.

Romero estava preparado para jogar.

Era o atleta escolhido para substituir o argentino.

Só que ninguém contava com a força de vontade do meia.

“Quando fui dormir, pensei: ‘Amanhã eu vou jogar do jeito que for. Se eu conseguir andar, vou jogar’. Acordei, desci a escada do hotel e senti muita dor, mas consegui descer a escada.

“Então eu falei: ‘Emiliano, hoje eu estou bem. Não me tire’. Graças a Deus deu certo. Sei que não é uma coisa normal jogar uma dor de joelho desse jeito. Acho que se fosse outro jogo eu não jogaria, poderia atrapalhar também os meus companheiros. Antes do jogo, eu sabia que não sentia a dor, não era momento de sair. E graças a Deus deu certo.”

O Corinthians foi campeão paulista.

Garro conquistou seu primeiro título.

Só que vieram as consequências.

Os médicos do Corinthians já o avisaram: agora ele vai parar de jogar e se submeter a um tratamento alternativo.

Para evitar cirurgia.

Nos bastidores, a previsão é que fique entre um mês e 45 dias parado.

“(Vou ter de) Parar um tempo até que o meu joelho fique bem, vai ser bom. Não sei quanto tempo, mas não acho que seja muito. Tem que desinflamar meu joelho, tem muita agulha ali. Fiz muita coisa para conseguir jogar. Cabeça boa e tratar de voltar rápido. Sei que teremos muitos jogos pela frente, estou muito motivado com o que a gente tem por jogar”, disse à ESPN Brasil.

O atleta confidenciou que valeu a pena tanto sacrifício.

E que faria tudo de novo, para ser campeão pelo Corinthians...

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