Fred quer voltar a ser amado. E o Fluminense é o clube onde foi mais feliz
Reprodução TwitterSão Paulo, Brasil
Foi angustiante.
Após cada partida do Brasil, a frustração estampada nos olhos.
Apesar de vívido, não sabia se explicar.
Passava muita vergonha.
Na zona mista, local reservado para os jornalistas entrevistarem os jogadores que disputavam a Copa de 2014, havia constrangimento quando surgia Fred.
Ele iria mostrar toda sua amargura.
E até o mais cruel dos jornalistas se compadecia diante dos olhos úmidos, da revolta consigo mesmo.
Deixou até crescer bigode para a sorte chegar.
Ela não veio.
Nos estádios era xingado, humilhado.
E tinha de ouvir o terrível coro, que foi aumentando durante a Copa.
"Coooone, cooonne, coooone..."
Era uma estocada da torcida por sua pouca movimentação em campo.
Fred foi quem mais sofreu no desastroso elenco dos 7 a 1.
Porque tinha certeza que a Copa mudaria sua vida.
Mudou, mas não da maneira que sonhava.
Ele tinha 31 anos.
Havia sido vice-artilheiro da Copa das Confederações, com cinco gols.
Dois na final, contra a Espanha, que era campeã do mundo.
Tinha a certeza que se fizesse um ótimo Mundial, voltaria para a Europa. Esse era o plano ao deixar o Lyon, em 2009, quando Benzema tirou o seu lugar de homem-gol.
Estava bem confiante.
Tanto pelo que havia feito na Copa das Confederações como no Fluminense.
Fred campeão da Copa das Confederações. Marcou cinco gols. Era pura confiança
Reprodução TwitterMas esteve tenso, irritadiço, sem concentração nos arremates.
A mando de Felipão fugiu das suas características.
Ficou fixo demais na área para abrir espaço para o egocêntrico Neymar, para o esforçado Hulk e ao omisso Oscar.
Como um dos líderes do grupo, Fred não reagiu.
Acreditava que, mesmo com a bola não chegando, e ele plantado, contra dois, três zagueiros, conseguiria reverter o fraco futebol. Só que acabou piorando, jogo a jogo.
Até que, seu estado foi o mais rude. No fatídico 7 a 1, Fred foi xingado do início do jogo até ser substituído, aos 23 minutos do segundo tempo. Quando seu rosto ficou estampado nos telões do Mineirão, o coro.
"Coooooone, cooooone, coooneeee."
Ele jamais se recuperou internacionalmente.
Acabou desprezado pelos clubes do exterior.
Esquecido pela Seleção.
Um dos símbolos do fracasso.
Fred recebeu uma das maiores vaias do Mineirão. Inesquecível 7 a 1
Reprodução TwitterFoi artilheiro do Brasil, ainda em 2014.
Saiu do Fluminense desgastado por seguidos atrasos salariais, chegou a ficar 20 meses sem receber direito de imagem. Vieram os jejuns, as contusões.
Até que chegou uma proposta do Atlético Mineiro e ele decidiu ir para perto da família.
Era 2016.
Terminaria a raiva dos salários atrasados.
Naquele ano terminou pela terceira vez como artilheiro do Brasileiro.
Mas não vieram os títulos pelo Atlético Mineiro.
E acabou amarrando sua volta ao Cruzeiro.
O contrato para tirar o grande artilheiro do rival foi maravilhoso.
Os detalhes, que mostram a irresponsabilidade financeira do ex-presidente cruzeirense Wagner Pires.
R$ 31,2 milhões de salários em três anos
R$ 2,49 milhões de imagem em 20 parcelas
R$ 10 milhões de luvas
R$ 10 milhões em possível perda judicial para o Atlético-MG
R$ 7,2 milhões possíveis em bônus por metas.
A comissão pela volta ao Cruzeiro foi paga para a Seven Sports Empreendimentos e Participações LTDA, empresa do próprio jogador e do seu irmão Rodrigo Chaves de Melo.
O total que Fred teria direito seria de R$ 60, 8 milhões. Desde que ele ficasse até dezembro de 2020.
Wagner Pires foi obrigado a renunciar.
Fred estava no grupo rebaixado.
Contrato fabuloso com o rebaixado Cruzeiro de Pires. Mais de R$ 60 milhões
Reprodução TwitterE em janeiro, ouviu dos dirigentes cruzeirenses, que não havia dinheiro para manter o que Pires assinou. A começar pelos R$ 800 mil mensais.
Fred conseguiu se livrar do Cruzeiro em fevereiro.
Desde o início do ano, já tem tudo acertado com o presidente do Fluminense, Mario Bittencourt, que o vê como ídolo maior do clube.
Capaz de reverter as perdas do clube em 2019, principalmente nos patrocínios, que de R$ 13 milhões caíram para R$ 9 milhões e nos sócios torcedores, que em vez dos R$ 23 milhões de 2018, deixaram R$ 20 milhões em mensalidades.
Para Bittencourt faltava um ídolo maior.
Espaço que Ganso não conseguiu ocupar.
Agora, aos 36 anos, ele tem amarrado um contrato de dois anos.
Com a prioridade para o terceiro.
Fred tem tudo para encerrar a carreira no clube que foi mais feliz.
Extraoficialmente, Fred já marcou 396 gols.
Cone nenhum atinge essa meta.
Foi três vezer artilheiro do Brasileiro, tem a companhia.
Só Dario, Romário e Túlio foram alcançaram essa marca.
Nunca foi um gênio.
Mas sua presença de área é indiscutível.
Fred é um artilheiro, um ídolo, que merece respeito.
Foi mal demais na Copa do Mundo de 2014.
Pagou o preço caro demais.
Mas se manteve leal a Felipão.
Nunca reclamou do esquema que o sacrificou.
Também não teve iniciativa para deixar de ser um cone no Mundial.
Pronto para voltar a ser ídolo. Capitão e líder no Fluminense. Está tudo acertado
Reprodução TwitterMilionário, quer um bom contrato, a princípio, R$ 400 mil mensais.
Fora bônus.
Porém, mais que tudo, quer voltar a ser idolatrado.
Terminar a carreira onde foi mais amado.
E o Fluminense o espera de braços abertos.
A contratação será anunciada nos próximos dias.
Com pompa e circunstância.
Fred merece...
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