São Paulo, Brasil A Seleção já tem uma das desculpas prontas se perder a Copa do Catar. A preparação amadora do time de Tite. Falta de força política, de habilidade para fugir do calendário imposto pela Uefa, de diplomacia com a dona dos amistosos e derrota para a Argentina na final da Copa América, em pleno Maracanã, se juntam para que o Brasil faça uma das suas piores preparações para um Mundial. Pelo planejamento da própria CBF, divulgado em 2021, o mínimo necessário para a equipe, que tenta vencer a Copa do Mundo depois de 20 anos, seriam seis amistosos até a estreia no Catar. No mínimo. E ainda seriam buscadas seleções que tivessem características das três que estariam no grupo do Brasil, no Mundial. No dia 1º de abril, Sérvia, Suíça e Camarões foram definidos como os rivais brasileiros, pelo grupo G. O coordenador da Seleção, Juninho Paulista, estava no sorteio em Doha. E ouviu de Tite que ele não queria jogos contra times asiáticos, que não estão no grupo do Brasil e têm como especialidade a velocidade. A Seleção enfrentará a força física da Suíça, o bom toque de bola sérvio e a habilidade individual dos camaronenses. O treinador disse em alto e bom som, inclusive para jornalistas. Virou um sonho o Brasil jogar contra europeus, campeões das últimas quatro Copas. Com a desculpa da Nation League de que os times do Velho Continente evitam amistosos com o pentacampeão do mundo, Juninho segue não conseguindo confrontos importantes que seriam fundamentais para o destino da Seleção. Desde a derrota diante da Bélgica, nas quartas da Copa do Mundo, o Brasil só enfrentou a República Theca, como time europeu. Em um período de quatro anos. Em uma mera comparação, para o Mundial de 2018, a Seleção enfrentou a Rússia, a Alemanha, a Croácia e a Áustria. Todos os jogos em 2018. Além de sul-coreanos e japoneses, o Brasil só tem duas partidas confirmadas antes da Copa. Em setembro. Contra a Argentina, pelas Eliminatórias, e um jogo surreal contra o México, que não tem característica de nenhuma seleção no grupo brasileiro. O Brasil jogará contra a Coreia do Sul, dia 2 de junho, às 8 horas da manhã, horário de Brasília. E o Japão, dia 6 de junho, às 7h20. A terceira partida seria diante da Argentina, dia 11. Só que a AFA não quis o jogo, porque a Fifa obrigou as duas seleções a se enfrentarem pelas Eliminatórias, a disputar a partida interrompida por fiscais da Anvisa. Tite queria o Senegal como substituto, que se assemelha em estilo à equipe de Camarões. Aceitava até Marrocos e Copa do Marfim. Só que a CBF e a Pitch, dona dos amistosos do Brasil desde 2006, não convenceram nenhuma dessas três equipes africanas. O novo presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, tem planos para uma profunda reformulação na Seleção Brasileira, após a Copa do Mundo. Tite não ficará no comando do time. Por decisão do treinador e também da direção da CBF. Nomes seguem sendo estudados. Como Jorge Jesus, Abel Ferreira, Cuca. Mas o Brasil também deverá ter novo coordenador. Juninho Paulista não conseguiu lidar com problemas de calendário e ainda se desgastou com dirigentes importantes do futebol brasileiro, por convocações de Tite, desfalcando equipes de jogos fundamentais, para deixar seus atletas na reserva. Ednaldo também não quer a renovação com a Pitch nos mesmos termos que ela fechou com o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira, por dez anos. Ele deseja o contrato anual. E exigirá amistosos contra equipes importantes europeias. Fazer o contrário da atual preparação, que ele sabe ser péssima. Mas não assumirá nem sob tortura. Tite mudou muito desde que assumiu a Seleção. Ele se comporta como funcionário padrão, não reclama especificamente da entidade. Mesmo sabendo que os reflexos da falta de intercâmbio com equipes europeias é terrível para a perspectiva do Mundial do Catar, o treinador defende a todo instante a CBF. A apresentação da Seleção para a disputa do Mundial será feita na Europa, dia 14 de novembro. A estreia na Copa, diante da Sérvia, será dia 24. Sim, apenas dez dias depois. A reta final da preparação é absurda. Todos que trabalham na CBF, inclusive Tite, sabem muito bem o quanto está ruim. Mas ninguém assume. Fica registrado. Como desculpa, em eventual perda da Copa. Mas, pelo menos, o Brasil ficará bem hospedado. No hotel cinco-estrelas Westin Doha Hotel & Spa. Muito luxuoso, as diárias variam de R$ 900,00 a R$ 14.000,00. O local de treinos será o estádio Grand Hamad. A quatro minutos do hotel. Preparação confusa, sem nexo. Conforto privilegiado. Assim chegará o Brasil ao Mundial do Catar...Brasileirão já tem mais erros do VAR do que rodadas disputadas