O Boca obrigou o Palmeiras a adiar o sonho do Mundial. Mais uma vez
O empate em 2 a 2 eliminou o time de Felipão da final da Libertadores. E de novo, os torcedores se frustraram. O Mundial segue sonho distante
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Não houve a virada histórica.
O sonho da conquista do Mundial foi adiado outra vez.
O Palmeiras entrou em campo pressionado, tenso, com a obrigação de reverter a desvantagem da derrota por 2 a 0, em Buenos Aires. Mas faltou organização e, principalmente, pedir licença aos argentinos.
Com futebol consciente, moderno, de recomposição, alta velocidade nos contragolpes e catimba, o Boca Junior mereceu a classificação à final da Libertadores.
O empate em 2 a 2 foi emocionante, tenso.
Só que a decisão da semifinal acabou aos 17 minutos do primeiro tempo, quando Jara descobriu Villa e ele cruzou. Abila se antecipou a Luan e tocou para as redes.
O primeiro gol do Boca Juniors obrigava o Palmeiras a fazer quatro gols. Por mais fanatismo que dominasse os 40 mil torcedores que lotavam a arena paulista, não havia como acreditar na goleada.
Primeiro porque o time argentino de Guillermo Schelotto estava bem postado, misturando vários tipos de marcação. Não ficou acovardado como o Palmeiras na Bombonera, esperando o tempo passar, encolhido como uma equipe pequena. Não. O Boca Juniors misturou coragem, personalidade, respeito à camisa.
Suas intermediárias nunca deixaram de estar repletas. A facilidade com que o time alternava o 4-1-4-1 para o 4-2-3-1 até o 4-3-3 desnorteou o sistema defensivo de Felipão. O treinador errou em insistir com Luan titular, apesar de Antônio Carlos estar muito melhor. Cada contragolpe argentino era uma demonstração da falha na escolha do jogador. Lento e inseguro, foi o ponto falho da defesa palmeirense.
Felipão acertou em começar o jogo com Lucas Lima, Moisés vive fase fraca. Mas fracassou ao colocar suas fichas em Deyverson e não em Borja. O problemático atacante quase nada produziu. Ele não usou sua estatura para as cabeçadas e fazer o pivô. Foi facilmento anulado pela ótima dupla Izquierdoz e Magallán.
Mayke e Diogo Barbosa também pouco ajudaram o ataque. Faltou confiança na cobertura e talento com a bola nos pés. Dudu alternou bons e mals momentos. Willian esteve mal, assim como Bruno Henrique. Felipe Melo se desdobrou em campo. Encarou, provocou, deu pancadas nos argentinos. Mas foi, disparado, o melhor palmeirense.
O Palmeiras começou a partida pressionando, desesperado para fazer o primeiro gol e de forma rápida. Ele até veio, aos dez minutos, em uma descida em bloco que acabou com o chute certeiro, e impedido, de Bruno Henrique. O VAR anulou o gol para o árbitro colombiano Wilmar Roldan.
Veio o gol de Abila. E a partir daí, os volantes Pérez, Barrios e Nández mostravam sua versatilidade. Dominavam a intermediária. Lucas Lima se ressentia de passes de Bruno Henrique, em noite fraca. O meia foi encaixotado.
O Palmeiras jogou muito mal organizado, com as linhas distantes e abatido psicologicamente com o gol argentino.
No segundo tempo, Felipão tratou de colocar Moisés. O jogador substituiu bem demais Bruno Henrique. E aquipe brasileira foi para a pressão generalizada.
Era tudo ou nada.
Foi quando viveu seus melhores 15 minutos nesta semifinal. Logo aos sete minutos, Luan completou para as redes, com raiva, bola desviada por Felipe Melo. 1 a 1.
E a arena palmeirenses tremeu quando, precipitado, Izquierdoz derrubou Dudu. Gustavo Gómez cobrou com perfeição, deslocando o ótimo goleiro Rossi. 2 a 1, Palmeiras.
Foi aí que o time abandonou o que tinha de tática e se escancarou, sonhando com o 4 a 1. E seguiu todo para o ataque. Pagou caro por isso, quando Benedetto, que havia marcado os dois gols do Boca Juniors na Argentina, recebeu a bola na entrada da área. Se aproveitou do cansação de Felipe Melo. E bateu fortíssimo, sem chances para Weverton. 2 a 2.
O golpe foi forte demais. O Palmeiras teria de vencer por 5 a 2. O time seguiu lutando, tentando ao menos vencer o jogo. Mas o Boca Juniors seguiu muito bem postado. E segurou o empate.
Boca Juniors e River Plate, pela primeira vez, decidirão a Libertadores.
Felipão se mostrava conformado.
E só veio a irritação ao ser lembrado que, se o Palmeiras perdesse para o Allianza Lima, na última rodada de grupos, o Boca Juniors teria sido eliminado. O treinador deixou claro porque não 'entregou' o jogo para eliminar o rival que acabou tirando o Palmeiras da decisão.
"Seria uma vergonha mundial. O time do Palmeiras, ou qualquer outro time, tem de jogar futebol e jogar para vencer, como o Palmeiras fez. Independente se era Boca, River, Grêmio...
"Venceu e classificou o Boca, mas também pela sua competência e qualidade. Jamais passaria pela cabeça de qualquer técnico de pensar fazer alguma coisa errada para o Boca sair fora. Não existe isso. Temos respeito na profissão. Temos de ficar felizes porque o Boca foi superior a nós. É do jogo. Palmas para eles", admitia.
"Fizemos até o gol com a jogada anulada. Estávamos bem. Quando sofremos o gol começa a pensar que são quatro. Fica na cabeça uma situação muito mais difícil. Fizemos o primeiro gol, o segundo, tivemos a chance do terceiro...
"Motiva.
"Mas o adversário é inteligente, tem boa equipe. Se eu tivesse que escolher, eu aposto no Boca. A gente começa a diminuir, eles também travam o jogo. É uma equipe altamente experiente. Não vou falar em catimba, não. Sabe administrar", reconhecia o técnico.
A torcida palmeirense ao final do jogo avisava.
"Brasileiro agora é obrigação."
O recado foi ouvido pelo técnico e jogadores líder da competição.
O sonho do Mundial foi outra vez adiado...
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