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Neymar tenta provar.  Não nasceu para ser um coajuvante de luxo

Em vez do entusiasmo da Champions de 2017/2018, a desconfiança em relação a Neymar, em 2018/2019. Em um ano, conseguiu abalar sua idolatria

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Nada de entusiasmo, Neymar tem a desconfiança como companheira nesta Champions
Nada de entusiasmo, Neymar tem a desconfiança como companheira nesta Champions

São Paulo, Brasil

Depois do fracasso da Copa da Rússia, o recomeço para Neymar é hoje. 

Assim que pisar no gramado do estádio batizado informalmente de Fortress Anfield. O torcedores do Liverpool sabem o que falam. É difícílimo um adversário se impor na 'fortaleza'.

O melhor jogador brasileiro e o mais caro do mundo sabe que voltará à rotina de ser testado. A vida de Neymar, pelos caminhos que escolheu, é feita de constante provas de autoafirmação.


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E ele tem sido reprovado nas últimas vezes nas quais se colocou à prova.


Ao virar as costas ao Barcelona, deixou a companhia de Messi e Suárez. Acreditou estar pronto para assumir o protagonismo no Paris Saint-Germain. Não teria mais a sombra de ninguém. Os R$ 822 milhões chamaram a atenção do mundo. Se multiplicaram os holofotes sobre Neymar. Como ele gosta.

Inegável que a transação mudou a geopolítica do futebol mundial.


Trouxe importância até então desconhecida ao futebol francês.

O fraco torneio nacional passou a ser acompanhado com interesse. Mesmo com o dinheiro do PSG desequilibrando de forma vil o campeonato. E Neymar se divertiu a valer tendo pela frente marcadores fraquíssimos. 

Mas a imprensa francesa logo revelou a guerra canibal com Cavani para ter todos os privilégios dentro de campo. O infeliz Unai Emery teria mantido seu rico emprego se observasse mais o que os treinadores da Seleção Brasileira fazem por Neymar. Quando resolveu ficar de joelhos e deixá-lo cobrar faltas e pênaltis, já era tarde.

A imprensa francesa, principalmente o jornal L'Equipe, acabou com o encanto do jogador brasileiro. De menino, ele só tinha o corpo, o rosto.

Com a bênção de Nasser Al-Khelaï, bilionário dono do PSG, Neymar fez o que quis. Não só indicou, praticamente obrigou a contratação de Daniel Alves. Quis a camisa 10. Tomou os privilégios de Cavani, grande ídolo antes de sua chegada. Não aceitou a tendência defensivista de Emery, que deu o tricampeonato da Liga Europa para o pequeno Sevilla.

Os jornalistas franceses previram e acertaram que Unai não se manteria no cargo para a temporada 2018/2019. Para total falta de sorte de Neymar, o L'Equipe desfruta da intimidade dos vestiários do PSG há décadas. E todas as confusões que provocou, impondo sua 'liderança' vieram à tona.

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Até algo que os jornalistas não perdoam. Sua nenhuma disposição em aprender o francês, o que poderia ser uma das provas que ele estava usando o PSG como trampolim para o Real Madrid, rival do Barcelona. Até hoje, a imprensa francesa acredita nisso.

No Barcelona, Neymar foi um grande coadjuvante. A responsabilidade era de Messi
No Barcelona, Neymar foi um grande coadjuvante. A responsabilidade era de Messi

A expectativa da família real qatariana era de conquista imediata do título desejado, já em 2017.

A França é virgem em Champions League.

Nenhuma equipe se atreveu a vencer a competição mais importante de clubes.

Nasser Al-Khelaï tratou de comprar Neymar para vencer a Champions. Acreditava que o único jogador a ser campeão tanto da Libertadores e da Champions, marcando gols nas finais, seria suficiente para o grande salto no patamar do clube na Europa. Como Neymar tinha 25 anos, havia a certeza de que daria excelente garoto-propaganda da Copa de 2022, não por acaso, no Qatar.

Ainda mais se o Brasil ganhasse o Mundial russo. E Neymar fosse o ator principal.

A ansiedade era enorme.

Afinal, desde que os qatarianos compraram o PSG, o time nunca havia passado das quartas-de final da Champions. Com Neymar seria diferente, apostava Nasser.

E se afundou na frustração.

Depois de excelente desempenho na fase de grupos. Líder do grupo B, na frente até do Bayern de Munique. Mas veio o sorteio das oitavas-de-final. E logo de cara tudo ou nada. O maior vencedor da Champions, com o melhor jogar do mundo, Cristiano Ronaldo. 

E Neymar fracassou. No jogo no Parque dos Príncipes, diante da torcida francesa, se tivesse humildade, o brasileiro teria batido palmas para o português. Cristiano Ronaldo mostrou na prática a distância que mantinha para o camisa 10 do PSG. Marcou dois gols, foi o grande jogador da partida. Enquanto Neymar, apático diante da marcação, foi enorme decepção. 3 a 1 para o Real Madrid.

Como na Copa de 2014, uma lesão livrou Neymar do jogo que confirmou a eliminação do PSG, em Madrid. Fraturou o quinto metatarso do pé direito, torcer o pé no gramado. 

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A comoção dos franceses logo virou antipatia, quando o brasleiro exigiu ser operado aqui e seguir a sua recuperação na sua mansão paradisíaca em Mangaratiba. A foto dele jogando pôquer on line enquanto o PSG era campeão francês foi enorme desrespeito. Até porque ele poderia ter ido para Paris na festa mais do que anunciada. Já que no Brasil seguiu indo em festas e até arriscando passos de dança com seu pé imobilizado.

Neymar jogava pôquer enquanto o PSG era campeão. A atenção era no pôquer
Neymar jogava pôquer enquanto o PSG era campeão. A atenção era no pôquer

E veio a Copa do Mundo. Outra vez mais expectativa sobre Neymar. Grande estrela do time do treinador que considera o melhor da carreira, Tite. Mas sua participação ganhou repercussão pelas simulações. Acabou como piada mundial. 

No retorno ao PSG, Neymar viu sua idolatria ser seriamente abalada. O humilde Mbappé de 2017 se transformou na grande estrela campeã mundial pela França. A situação se reverteu.

Esperto, agora era o brasileiro quem passou a expor fotos com o jovem talento francês. 

Ele mantém grande parte do poder ainda no PSG.

Mas seu prestígio está abalado por outro personagem. 

Thomas Tuchel, o novo treinador do PSG. Embora tenha dado as declarações mais melosas possíveis sobre Neymar, o alemão já deixou claro que ele terá de colocar todo o seu talento a favor do time. Não quis nem saber de vê-lo encostado no lado esquerdo do campo, esperando bola. E muito menos exagerando em dribles desnecessários, matando contragolpes. Como se acostumou a fazer no time francês e na Seleção Brasileira.

Agora, Neymar é o articulador. O jogador passou a atuar no meio da intermediária adversária. Em um setor que o obriga a tocar a bola de primeira, dar o drible mais objetivo. Tem mais espaço para invadir a área, ficar mais perto do gol. Depende dele o ritmo do ataque do time francês.

A chance de ser protagonista chegou.

E com muito mais responsabilidade, cobrança.

Neymar já entendeu o quanto o seu mundo mudou.

A estreia não poderia ser mais desafiadora.

Em Liverpool, contra o time mais ferido pela Champions de 2016/2017. O que perdeu a final, com direito a uma entrada desleal de Sérgio Ramos, que tirou Salah e a esperança britânica. E de falhas inacreditáveis do goleiro alemão Karius.

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E Neymar precisa se precaver. E não se deixar levar pelos elogios estratégicos de Jürgen Klopp. O alemão o chamou de jogador fantástico e justificou suas simulações, avisando que ele precisa de proteger dos pontapés que leva.

Mas Neymar não terá vida fácil hoje na Fortaleza Anfield.

A marcação do Liverpool costuma ser sufocante.

A expectativa é que Neymar não se contente em ser coadjuvante de Mbappe
A expectativa é que Neymar não se contente em ser coadjuvante de Mbappe

O cenário para provar se está pronto para ser o protagonista, que sonhava se livrar da sombra de Messi, está outra vez montado. 

Mas sem a empolgação de 2017.

Hoje o mundo encara o brasileiro de outra maneira.

Com muita desconfiança. 

Precisa provar que não nasceu para ser coadjuvante.

De luxo, mas coadjuvante.

A hora da resposta chegou.

Tudo ainda só depende de Neymar...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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