‘Neymar está sozinho. Tínhamos Pelé, Mengálvio, Coutinho, eu. O Santos vive uma situação terrível. Eu chorei no rebaixamento.’ Edu
Rara entrevista com Edu, um dos maiores jogadores da história do Santos . Seu talento era tanto que foi o mais jovem brasileiro a ir para uma Copa do Mundo, com apenas 16 anos. Ganhou títulos no magistral time de Pelé. E não se conforma com o que vê na Vila Belmiro

“Pode apostar nesse menino. Ele vai dar o que falar.”
Foi assim, a apresentação de Jonas Eduardo Américo na Vila Belmiro, em 1964, à direção do Santos.
E as palavras foram ouvidas com muita atenção.
Saíram da boca de Pelé.
Ele acertou em cheio, ao falar do garoto de 14 anos, que descobriu em Jaú.
Dois anos depois, já era seu companheiro de Santos. E de Copa do Mundo.
O mais jovem brasileiro a ir a um Mundial, com apenas 16 anos. Edu foi um fenômeno. Teve uma carreira impressionante. Seus dribles curtos, sua sede de gols, a visão de jogo. Foram dez anos espetaculares no Santos. A France Football o escolheu como melhor ponta esquerda do mundo em 1968 e 1969.
“Nós tínhamos uma equipe maravilhosa. A começar por Pelé. Jogar ao seu lado era impressionante. Ele antevia todos os lances. Era sério, determinado. A fome de gols e de vitórias que ele tinha nos contagiava. Conseguimos formar um dos melhores times de todos os tempos. Só não ganhamos mais Libertadores e Mundiais porque os nossos presidentes queriam dinheiro. E as excursões pelo mundo era muito lucrativas. Entrávamos em campo sabendo que íamos vencer. O Santos ganhou muito, mas muito dinheiro.
“Era para ser hoje o clube mais rico do país. Por que essa fase, que durou anos, com dinheiro entrando sem parar, não refletiu em infraestrutura?
“A culpa é de quem administrou o Santos. Em campo, fizemos de tudo. Dinheiro veio e muito.”
Edu, além de driblador, era artilheiro.
Jogador espetacular.
Marcou 189 gols com camisa santista. Foi convocado para três Copas do Mundo.
Mas esse é um assunto que o amargura. ‘A primeira não joguei, em 1966, por ser jovem demais. Na segunda, foi por causa do esquema tático do Zagallo. Fui titular as Eliminatórias inteiras, com João Saldanha. Em 1974, não tem explicação, a não ser a perseguição de Zagallo que, além de privilegiar os cariocas, não gostava de mim. Me convocou por obrigação, mas não me escalou. Foi muita injustiça e o Wendel me segurou quando o xinguei e fui cobrar essa perseguição.’
Edu saiu do Santos por se desentender com dirigentes. Foi para o Corinthians, campeão de 1977. Mas sentiu os jogadores divididos ‘em panelas’. Foi para o Inter. De lá, para seis anos no Tigres, do México. Jogou nos Estados Unidos, no Tampa Bay. Voltou para encerrar a carreira no São Cristóvão, Nacional e Dom Bosco.
Aos 75 anos, segue como um dos embaixadores do Santos, em vários eventos pelo mundo. E acompanha com imensa preocupação os últimos anos do seu time de coração. “Chorei muito em 2023, quando o Santos foi rebaixado. Saí andando sem rumo, do estádio. Agora, de novo, estou muito preocupado.”

“A situação é complicada e o peso está todo no Neymar. Ele é um jogador excepcional. Mas está sozinho. Nós tínhamos Pelé, Mengálvio, Toninho, Carlos Alberto, Clodoaldo, eu... Agora? É só o Neymar. O Santos não pode ser rebaixado de novo. Não quero nem pensar nas consequências. É triste. Nunca pensei que esse clube, que conquistamos tanto, iria estar nessa situação.”
“Não quero pensar em um segundo rebaixamento.
“Já chorei muito no primeiro.”
A entrevista exclusiva com Edu está no Canal Cosme Rímoli.
É uma parceira com o portal R7.
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