Neymar descontrolado. Xingou e discutiu com torcedor. Durante e depois do jogo. Santos derrotado pelo Inter na Vila Belmiro. Segue mergulhado na zona de rebaixamento. Sai vaiado de campo

O clima era para ser de euforia.

Depois de dois anos e meio, Neymar disputaria sua terceira partida seguida, sem ser substituído, atuaria por 90 minutos.

A última vez que isso havia acontecido foi em fevereiro de 2023.

Mas o que aconteceu ontem na Vila Belmiro foi constrangedor.

O jogador de 33 anos e meio, capitão do Santos, principal esperança de o Brasil voltar a ganhar a Copa do Mundo, agiu como juvenil.

O Santos, que já estava na zona de rebaixamento, enfrentava o competitivo Internacional, na Vila Belmiro.

Precisava vencer.

E da concentração total do seu principal jogador, dono da camisa 10 que já foi de Pelé.

Só que além da forte marcação do time gaúcho, Neymar se deixou contaminar pelas cobranças de um torcedor santista.

E passou a xingá-lo durante a partida.

Os palavrões eram tão nítidos quanto inacreditáveis.

Estava claro que ele não conseguia manter 100% de sua concentração no jogo.

E o Santos precisava muito dele.

O Internacional foi montado para contragolpear, explorar o desespero do time de Cléber Xavier, mergulhado na zona do rebaixamento.

E foi assim que Carbonero, aos oito minutos do primeiro tempo, e Borré, cobrando pênalti, aos 29 minutos do segundo tempo, marcaram 2 a 0.

Para dar mais dramaticidade, aos 46 minutos, Barreal descontou.

Neymar ainda teve a chance de empate aos 49 minutos. Ele bateu forte, Rochet espalmou a bola bateu na trave, correu em cima da linha, e não entrou.

Fim de jogo. Vaias e palavrões para Cléber Xavier.

Mas tudo ficaria mais tenso, quando Neymar foi discutir com o torcedor com quem trocou palavrões.

A cena foi constrangedora.

Foi necessário o goleiro reserva João Paulo tirá-lo de perto do alambrado, onde o torcedor estava pendurado, trocando cobranças e xingamentos com Neymar.

Enquanto o jogador ia para os vestiários, o torcedor teve de ser protegido por seguranças, porque membros das organizadas queriam bater nele, por ter discutido com a estela santista.

Não foi a primeira vez em 2025 que ele tem problema com torcedores.

Já enfrentou as torcidas do Botafogo, CRB. No último sábado, depois da derrota do Santos por 3 a 0, ironizou a torcida do Mirassol, fazendo o gesto de ‘pequena’.

Ele é um veterano de 33 anos anos e meio, capitão e deveria ser o ponto de equilíbrio emocional do Santos, que luta para não cair para a Segunda Divisão, de novo.

Enquanto o camisa 10 e capitão saía do estádio, cercado de seguranças, sem dar entrevistas, Cléber Xavier se mostrava encurralado na entrevista coletiva.

E repartia a derrota.

“A culpa é de todos. Do treinador, primeiro, responsável nas vitórias e nas derrotas, e também do elenco.

“Tivemos duas situações de gol no início, e tomamos o gol na sequência do contra-ataque. Teve um desequilíbrio natural pela necessidade de buscar o resultado.

“Criamos com o Deivid Washington no poste e o cabeceio do Neymar. O Inter no segundo tempo teve duas chances, nós criamos mais. Tivemos volume, mais posse de bola, mais duas bolas no poste e duas defesas importantes do Rochet.”

Mas suas respostas não acalmavam os repórteres.

Elas os irritavam.

A pressão sobre Cléber na coletiva foi pesadíssima.

Ele não quis ser claro sobre a discussão de Neymar.

Muito menos sobre as vaias e os palavrões que recebeu, após a derrota.

“Não posso falar nada sobre o torcedor. Ele está no direito, está na casa dele. Ele apoia e quando perde cobra e elege alguns culpados.”

Já há um movimento entre os conselheiros pedindo outro técnico.

Cléber Xavier nunca foi treinador profissional na carreira.

Ficou 21 anos como auxiliar de Tite.

O nome do argentino Juan Pablo Vojvoda já é comentado nas rádios santistas.

Elas têm muita influência na direção.

Tudo depende da opinião do presidente Marcelo Teixeira.

E, por enquanto, ele apoia Cléber.

Por enquanto.

O Santos enfrentará no sábado o último colocado do Brasileiro, o Sport, no Recife.

Neymar quer jogar novamente.

Na Vila Belmiro é muito difícil quem diga ‘não’ ao jogador.

E quem ousa cobrá-lo, xingá-lo, precisa de proteção para não apanhar...