Não haverá meio termo. Tudo ou nada para Rogério Ceni
Pressionado, o treinador comanda o Flamengo em jogo de 'vida ou morte' na Libertadores, contra o Racing. Ele apostará no ataque, na filosofia de Jesus
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
É o jogo mais importante da carreira de Rogério Ceni.
Não como atleta, porque conseguiu tudo que queria, mas como comandante, técnico.
Como treinador, jamais ele disputou uma partida decisiva, eliminatória da Libertadores da América.
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Será sob seu comando que o Flamengo terá seu destino definido na competição mais importante da América do Sul.
O capitalista selvagem Rodolfo Landim demitiu, sem piedade, Domènec Torrent, ao perceber que o clube poderia ser eliminado da Libertadores.
Como seu ex-patrão de anos e anos, Eike Batista, Landim quer o lucro mais alto e rápido. Por isso tratou de investir no treinador mais promissor do Brasil e com condições de ainda salvar a temporada.
Manter a hegemonia na América do Sul e garantir a disputa, de novo, do Mundial de Clubes. Para tornar o Flamengo cada vez menos provinciano, sair da periferia do futebol e ser conhecido, respeitado pela Europa, atraindo investidores, patrocinadores cada vez mais fortes.
Ceni largou o Fortaleza pela segunda vez.
E também o São Paulo, em 2021, já que os dois candidatos à presidência o queriam como técnico.
Ele apostou muito alto para assumir o Flamengo.
Ceni encontrou uma equipe insatisfeita, muito pressionada, insegura, tensa. Os jogadores não concordaram com a profunda reformulação tática de Torrent, que virou as costas ao trabalho vitorioso de Jorge Jesus.
Assim com peças-chaves indo, em seguida, para o departamento médico.
A pandemia e os jogos seguidos foram as desculpas para tantas contusões.
Com Ceni, o time ainda não encaixou, se mostrou irregular, querendo melhorar.
Mas sujeito a partidas muito ruins, como a da semana passada na Argentina, há uma semana. No empate em 1 a 1, o Flamengo saiu no lucro, com o time pressionado, sem força para sair da forte marcação alta argentina.
No jogo, Ceni cometeu um erro primário, ao improvisar o lateral esquerdo Renê, absolutamente canhoto, na lateraldireita. Abriu um corredor que o Racing explorou e criou várias chances de gol.
E no jogo decisivo das oitavas, contra o Racing do ótimo treinador Sebastián Beccacece, Ceni será ousado. Seguirá o DNA do Flamengo e vai apostar no ataque.
Já tem atletas importantes de volta para montar sua equipe no ataque, buscando vencer, no Maracanã.
Diego Alves, Isla, Rodrigo Caio, Léo Pereira e Filipe Luís; Willian Arão, Gerson, Everton Ribeiro e Arrascaeta; Pedro( Vitinho) e Bruno Henrique.
Com o retorno de Isla e Rodrigo Caio o sistema defensivo ficará estruturado, pronto para dar segurança e garantir a confiança do time em atacar. O desejo é que Pedro consiga se recuperar para fazer dupla com Bruno Henrique, o Flamengo precisa do futebol do artilheiro.
Gabigol tem mínimas chances de atuar, segue contundido.
Ceni não deixa dúvida sobre como o Flamengo enfrentará o Racing.
No jogo mais significativo, representativo de sua carreira, ele apostará tudo na maneira que o time adora atuar.
Ainda com a distribuição tática de Jorge Jesus.
Com marcação pressão, Everton Ribeiro aberto na direita, Arrascaeta do meio para a esquerda, Gerson dando início às jogadas, da intermediária flamenguista. Com Isla e Filipe Luís abertos. Willan Arão centralizado protegendo Rodrigo Caio e Léo Pereira.
Bruno Henrique será o desafogo do time, com liberdade, velocidade e fôlego para correr entre pelo ataque. Pedro, como pivô ou concluindo as jogadas de linha de fundo.
Ceni precisa vencer, classificar o time, mostrar que está pronto para comandar o time mais popular do Brasil. Que encantou o país vencendo a Libertadores e o Brasileiro em 2019.
Ele tem consciência.
Uma eliminação seria desastrosa.
O time já caiu, saiu da Copa do Brasil de forma constrangedora para o São Paulo.
Ele sabe que não pode errar.
Colocar o time entre os oito melhores da Libertadores é obrigação.
O elenco do Racing é muito fraco, comparado ao Flamengo.
Ceni, como jogador, tinha uma característica.
Nas decisões, ele crescia, costumava ser o melhor em campo.
Daí ser o maior ídolo da história do São Paulo.
Chegou a hora de dar uma resposta.
Mostrar porque está na Gávea.
Não haverá meio termo hoje no Maracanã para Ceni.
Ou a certeza que merece comandar o Flamengo.
Ou que o salto foi alto demais como técnico...
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