Na Libertadores, Felipão faz Palmeiras jogar como 20 anos atrás
Para quem estranhou o futebol na vitória diante do Junior Barranquilla, precisa saber que Felipão. Talento fica em segundo plano...
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Weverton, Marcos Rocha, Antônio Carlos, Gustavo Gomez e Victor Luis;
Felipe Melo,Thiago Santos, Moisés, Gustavo Scarpa e Hyoran;
Borja.
4-5-1.
Foi dessa maneira que o Palmeiras terminou a partida contra o Junior Barranquilla.
O time atuava na Colômbia, estreava na Libertadores da América, era importante vencer.
Principalmente com contragolpes, com o time montado na defesa.
Foi o que aconteceu.
Os três pontos vieram.
Triunfo por 2 a 0.
Mas Luiz Felipe Scolari foi pressionado pelos jornalistas brasileiros e colombianos.
Queriam saber o que aconteceu.
Por que o elenco mais caro da América do Sul atuou 10 minutos na frente, buscando o gol, depois que o marcou, recuou?
Passou a atuar como equipe pequena, esperando apenas encaixar um contragolpe, que aconteceu aos 46 minutos do segundo tempo?
Essa será a filosofia durante a Libertadores?
A lição na semifinal diante do Boca Juniors em 2018 não foi aprendida?
E tiveram a resposta clara de Felipão.
Não.
O Palmeiras, mesmo com um elenco recheado de opções ofensivas, criativas, optará pelo futebol pragmático, de contragolpes, bolas longas, jogadas ensaiadas em escanteios e cobranças de faltas.
Mas que seguirá sobrecarregada de jogadores nas intermediárias. Principalmente volantes à frente da zaga quando o adversário pressionar, atacar. Ainda mais quando as partidas forem fora da arena palmeirense.
Age em 2019, como se estivesse em 1995 ou 1999, quando venceu as duas Libertadores da América na carreira. Primeiro com o Grêmio e depois com o Palmeiras.

Danrlei, Arce, Rivarola, Adílson Batista e Roger; Dinho, Luís Carlos Goiano, Arílson e Carlos Miguel; Paulo Nunes e Jardel.
Marcos; Arce, Júnior Baiano, Roque Júnior e Júnior; César Sampaio, Rogério, Zinho e Alex; Paulo Nunes e Evair.
No Grêmio e no Palmeiras, Scolari foi pragmático, montou equipes competitivas. E cujo futebol não tinha nada de vistoso. Os raros jogadores talentosos dos dois times se rendiam ao coletivo.
Três décadas depois, Luiz Felipe segue o mesmo caminho.
"A ideia na Libertadores é que são seis jogos. Se você não ganha, que faça no mínimo um ponto fora de casa. Que tenha um time bem organizado defensivamente e taticamente e explore as qualidades dos seus jogadores.
E colocar a equipe adversária para cometer alguns erros. Temos seis jogos e com 12 pontos a gente classifica. Quando a gente consegue fazer pontos na casa do adversário é importante", repetia Felipão, nesta madrugada, em Barranquilla.
Ele justificava a maneira com que montou o Palmeiras e deixou claro que seguirá pelo mesmo caminho nesta Libertadores de 2019.
Se frustrar os românticos que sonham com uma equipe com Lucas Lima, Gustavo Scarpa, Ricardo Goulart, Dudu, Zé Rafael, problema dos românticos.
Terá espaço com ele, Felipe Melo, Bruno Henrique, Thiago Santos, Jean.
Será assim na Libertadores e na Copa do Brasil.
Até mesmo nos jogos eliminatórios do Campeonato Paulista manterá seu time pragmático.
Só no Brasileiro, com 38 partidas, ele colocará o time ofensivo, quando os jogos forem no estádio palmeirense.
Muitos conselheiros importantes, membros da diretoria agiram como torcedores comuns, após a vitória por 2 a 0 contra o Junior Barranquilla.
Comemoraram o resultado.
Mas detestaram o futebol do time.
O que viram.
Felipão segurando seus jogadores na intermediária.
Mesmo quando se mostrou superior logo no início da partida.
Marcando 1 a 0 aos dez minutos.
E recuando mesmo quando havia a possibilidade de ampliar o placar e ter uma vitória tranquila.
Aos 70 anos, Felipão está mais conservador do que nunca.

Não interessa se comanda um elenco de 112 milhões de euros, cerca de R$ 480 milhões, de acordo com o site Transfermarkt.
Grupo de jogadores mais talentosos do que os oferecidos pela Parmalat, na sua época.
O Palmeiras será pragmático.
E ponto final.
Nada de espetáculo, vontade de golear.
Só somar pontos.
Scolari aprendeu que campeão não precisa brilhar.
Infelizmente sua maior tentativa de ousadia foi um fracasso colossal.
A derrota por 7 a 1 para a Alemanha.
O recado de Felipão em Barranquilla foi dado.
Bons entendedores que o captem.
O Palmeiras de 2019 segue a filosofia do Grêmio de 1995 e do mesmo Palmeiras, que comandou, vinte anos atrás.
E que foi campeão brasileiro há três meses?

Futebol para ele não é teatro, cinema.
Não é para dar espetáculo.
Principalmente na Libertadores.
Quem vai discutir com alguém três vezes finalista?
E bicampeão das Américas?