“Me faltam peças.” Abel cobra publicamente a diretoria. “A torcida está certa em vaiar”, concorda Piquerez. Palmeiras frustrante. Ambiente ruim
Time mostra angustiante dificuldade para atacar. Criou quase nada contra o São Paulo. Empate em 0 a 0 colocou sob risco sério a classificação para os mata-matas do Paulista. Torcida, revoltada com falta de reforços, vaia, cobra Leila e xinga Anderson Barros
Cosme Rímoli|Do R7

“Leila incompetente...
“Pegou o Palmeiras para brincar de presidente.”
“O Anderson... Vai tomar no ...”
Vaias, muitas vaias, muitos palavrões.
Torcedores, frustrados, cobravam Abel Ferreira.
O ambiente no Allianz Parque ficou tenso, péssimo, depois do 0 a 0 com o São Paulo.
“Nos falta um bocadinho de criatividade no último terço. Quando chegamos, o Palmeiras estava à procura de se encontrar. Quando jogamos agora, você vê como nossos adversários se fecham. Não estávamos a jogar contra um adversário qualquer, era contra o São Paulo. Tinha uma linha de cinco, mais dois primeiros volantes na frente, o que dificulta muito os espaços que temos que criar.
“Por ano nós não fazemos 30 ou 34 jogos, fazemos 75, 80, por isso é fundamental o nosso elenco ter mais profundidade.”
“Faltam peças no nosso quebra-cabeças.”
“Vamos continuar a trabalhar em cima disso, pelo menos assim espero.”
Abel Ferreira não poderia ser mais explícito.
O elenco perdeu, para 2025, Dudu, Rony, Vítor Reis, Gabriel Menino, Caio Paulista, Zé Rafael, Lázaro, Atuesta e Rômulo.
Só contratou Paulinho, Facundo Torres, Emiliano Martínez e Bruno Fuchs.
O desejado artilheiro não chegou.
Raphael Veiga vive uma fase péssima.
Estêvão, hoje, estava visivelmente sem condições físicas.
O clássico foi enfadonho.

Já que a iniciativa tinha de ser palmeirense, pela necessidade absoluta de vitória.
E encontrou a previsível marcação ferrenha são-paulina.
O time de Zubeldía montou uma linha de cinco defensores e prendeu Alisson e Pablo Maia.
O técnico argentino foi prático, destrocou o ‘Quarteto Mágico’.
Deixou Lucas e Oscar no banco de reservas.
Entrou só com Luciano e Calleri.
Alan Franco foi o terceiro zagueiro.
Precisava da força física, para preencher as intermediárias sem a bola.
Fez com que André Silva se preocupasse mais em travar Richard Ríos do que em atacar.
Tudo isso era previsível.
O São Paulo costuma jogar no Allianz com muita marcação e esporádicos contragolpes.
O empate, que veio, já era suficiente para a classificação às quartas do Paulista.
A obrigação de atacar, ganhar o jogo, já que o clube corre sério risco de não se classificar, era do Palmeiras.
O time de Abel Ferreira, sem qualidade para se livrar do sistema defensivo de Zubeldía, apelou para ‘o de sempre’.
Cruzamentos para a área.
Recurso pobre.

Flaco López teve duas chances absurdas, no seu maior estilo.
Nas cabeçadas.
Livre, diante do goleiro Rafael.
A primeira cabeceou no chão, a bola subiu e encobriu o travessão.
E a segunda, não virou o pescoço, testou reto, em cima do goleiro.
O São Paulo só revidou com um chute cruzado de Lucas, que entrou no segundo tempo.
Weverton fez grande defesa.
Três lances no clássico tão tradicional, que lotou o Allianz Parque.
Foi um jogo muito frustrante, diante das expectativas.
Zubeldía teve a ousadia de enfrentar a direção, que muitas vezes age como torcedora, no Morumbi.
E desmontou o ‘Quarteto Mágico’ para segurar o empate.
A utopia, com quatro atletas ofensivos, com mais de 30 anos, que não marcam, atuando juntos, combina em jogos infantis no computador.
Na prática, o quarteto sobrecarrega Alisson e Pablo Maia.
“Tivemos coragem de sacar dois jogadores importantes por uma questão de planificação de cargas, assim como em outros momentos saíram Calleri, Luciano, alguns dos outros jogadores.
“Priorizamos a planificação.
“E como falo sempre: quando planifico, posso correr para um lado ou para o outro dentro da planificação. Mas nesse caso, com dois jogadores que jogaram 90 minutos nos dois últimos jogos em Brasília... O Oscar teve um pouco de dor. No caso do Lucas, que é um jogador explosivo, vindo de dois jogos seguidos, parecia incorreto, pela carga de minutos colocá-lo hoje.
“Considero que foi correto (o plano de jogo), com algumas coisas a a melhorar. Não mais que isso.
“Estou satisfeito.”
O treinador argentino assumiu o alívio pelo 0 a 0.
E a classificação antecipada.
Abel seguiu se justificando.
Colocando a culpa no sorteio, que colocou São Bernardo e Ponte Preta no clube do Palmeiras.
“Se tivéssemos em qualquer outro grupo, estaríamos na zona de classificação”, repetiu várias vezes.
Discurso pobre, em uma tentativa vã de justificar o fraco futebol, outra vez que o time mostrou.
Não ousou, desta vez, questionar a torcida.
Abel sabe o quanto seu time jogou mal, foi facilmente travado pelo São Paulo.
Sua equipe precisa vencer o Botafogo, no Allianz.
E o Mirassol, no Interior.
Ainda torcer contra o São Bernardo, que jogará contra a Portuguesa, no Pacaembu, e o São Paulo, em casa.
A Ponte Preta tem o São Paulo, no Morumbis, e o Bragantino, em Campinas.

Situação lastimável do atual tricampeão paulista.
A presidente Leila Pereira e o executivo Anderson Barros não deram entrevista, após o triste 0 a 0.
Vaiado pelo sua própria torcida, que perdeu a paciência para um time sem ideias novas.
Elenco enfraquecido.
E futebol decepcionante.
Frustrante.
Abel começa a conhecer um lado dos palmeirenses que não conhecia...
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Verdão não conseguiu furar o bloqueio do São Paulo no empate dentro do Allianz Parque e o treinador comentou a situação atual do elenco.