Marrony, Sena, Franco. Atlético compra, devendo salários. Absurdo
Situação surreal em Belo Horizonte. Para tentar agradar Sampaoli, clube contrata reforços. Mas não paga salário em dia ao elenco. Inaceitável
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Encurralado.
Dívidas de R$740 milhões.
Jorge Sampaoli cobrando a montagem de um time com força suficiente para enfrentar o Flamengo e brigar pelo Brasileiro.
Jogadores com constantes atrasos salariais.
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Atualmente são dois meses.
Mesmo assim, o clube gasta R$ 4 milhões pela compra de 80% dos direitos de Leo Sena, do Goiás. Mais 1,2 milhão de dólares, R$ 5,9 milhões pelo equatoriano Alan Franco.
E oferece 3,5 milhões de euros, R$ 19,5 milhões por Marrony, do Vasco.
Tenta ainda o empréstimo de Roger Guedes junto ao Shandong Luneng.
Lógico que esta bipolaridade iria causar estranhamento.
Atletas, que não receberam seus salários de abril e maio, só podem estar revoltados com esse comportamento da direção do Atlético Mineiro.
Desde a semana passada, quando foram fechadas as contratações de Leo Sena e Alan Franco, o clima pesa no Atlético Mineiro.
Não houve comemoração por parte de Jorge Sampaoli.
O argentino sabe o óbvio.
Não se contrata devendo ao resto do time.
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É impossível o elenco ficar unido.
A chance de rejeição aos que chegam é enorme.
A situação já pesa tanto que o presidente Sérgio Sette Câmara tentou acalmar a todos.
De uma maneira surreral.
"Nossos parceiros não estão dispostos a colocar dinheiro para ficar pagando dívida. Se for para pagar dívida, ele não vai pôr.
"Esse dinheiro é feito para aplicar em jogadores que possam performar tecnicamente e, depois, trazer lucro para o clube.
"Não podemos parar de fazer isso, sob pena de ficarmos em situação complicada, não só em relação à participação dos campeonatos como também na questão de poder fazer dinheiro", disse para a rádio Itatiaia.
Ou seja, o dirigente aceita a contribuição de investidores que exigem colocar dinheiro apenas em contratações.
Mesmo sabendo que o clube não consegue pagar seus salários em dia.

E os atletas que se juntarão a estes reforços estão dois meses sem receber.
Fora o fato de, no dia 29 de março, os dirigentes anunciarem a diminuição de 25% dos salários, por conta da pandemia.
Fora a negociação para pagar os direitos de imagem dos atletas só em 2021.
"O Atlético não vai dar cano em ninguém. Quando o jogador não recebe, ele entra na Justiça do Trabalho e recebe o que é de direito dele", diz, tentando minimizar a situação, Sette Câmara.
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Ainda em maio, o dirigente admitiu publicamente dois meses de atraso no salário e um no direito de imagem.
A direção do Atlético Mineiro escolhe um caminho tortuoso.
Sem cabimento.
Consegue, mesmo nesta imobilização da pandemia, desagradar ainda mais seus atletas.
Trazer reforços sem pagar em dia é um desestímulo.
E que atinge diretamente Jorge Sampaoli.
De nada adianta os dirigentes apontarem o trágico caminho escolhido pelo grande rival.
Ver o Cruzeiro na Segunda Divisão, devendo R$ 1 bilhão, investigado pelo Ministério Público, acumulando processos na Fifa, mostra inúmeras atitudes que não devam ser tomadas.
Mas não permitem erros tão infantis da diretoria de Sérgio Sette Câmara.
Nem torna compreensível a atitude de investidores que compram jogadores e os colocam em um clube que não paga salários em dia.
Inacreditável o rumo do Atlético Mineiro.
Não é desse jeito que brigará com o Flamengo pela hegemonia no futebol deste país.

A perspectiva é completamente outra.
Jogadores desestimulados se tornam um enorme perigo.
Basta olhar mais atento ao Cruzeiro de 2019...
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