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Cosme Rímoli - Blogs

‘Macacas! Negritas! Macaco!’ Quatro jogadoras argentinas presas, na cadeia. Acusadas de racismo. River Plate envergonha o futebol feminino

As mulheres, que tanto lutam contra o preconceito e discriminação no futebol, deram exemplo lastimável. Na semifinal do torneio Ladies Cup, quatro argentinas do River Plate fizeram atos racistas contra gandula e jogadoras brasileiras. Estão presas, desde sexta-feira

Cosme Rímoli|Do R7

Jogadoras do River Plate imitam e chamam gandula de 'macaco' Reprodução/Twitter

Candela Díaz, Camila Duarte, Juana Cangaro e Milagros Diaz.

Racistas têm nome e sobrenome.

Pelo menos para o 8º Distrito Policial do Brás, em São Paulo.

As jogadoras do River Plate estão detidas preventivamente por ‘injúrias raciais’, sinônimo de racismo, na legislação brasileira.


“As atletas do time adversário chamaram nossas jogadoras de macacas e negritas.”

“Começou a acontecer por causa do ato de racismo contra o gandula, e as nossas meninas não aceitaram. O rapaz está trabalhando. E aí tomaram um gol e se desequilibraram, aqui dentro do nosso país.”


“Fiz questão de vir dar entrevista para representar nossas atletas, o clube e o nosso grupo de trabalho. Situações como essa não podem seguir acontecendo.”

“Até quando vamos fingir que não existe racismo, que não existe machismo e que está tudo bonitinho?”


As palavras da treinadora gremista, Thaissan Passos, foram de pura revolta.

O time brasileiro havia acabado de empatar a partida em 1 a 1, sexta-feira, no Canindé, aos 35 minutos, depois de cabeçada de Maria Dias.

Julieta Romero tinha marcado para o River Plate.

O jogo estava muito disputado, com provocações, e entradas fortes, de lado a lado.

Após o gol de igualdade, algumas gremistas mostraram o escudo do clube gaúcho para as argentinas.

Foi o que bastou para explodir a revolta.

Elas passaram a empurrar, chamar de ‘negritas’ e ‘macacas’ as brasileiras.

Um gandula negro decidiu também se envolver.

E apontou ao árbitro as que xingavam as gremistas.

E algumas delas passaram a não só xingá-lo, mas imitar macaco.

O árbitro Márcio Mattos dos Santos não teve dúvidas.

Expulsou seis jogadoras do River Plate.

Sem número mínimo de seguir a partida, as brasileiras foram declaradas vencedoras por WO, ausência de adversárias.

E o placar registrado passou a ser 3 a 0.

Mas para surpresa da delegação argentina, as jogadoras que foram identificadas por terem feito gestos racistas, foram detidas por policiais.

E levadas para o 8º Distrito Policial do Brás.

Candela Díaz é a principal acusada de 'injúrias raciais', eufemismo para racismo. Segue presa Reprodução/Instagram

A prisão preventiva, por flagrante de injúrias raciais, foi decretada para Candela Díaz, Camila Duarte, Juana Cangaro e Milagros Diaz.

A direção do River Plate tentou a liberação, mas não conseguiu.

O restante da delegação já voltou para Buenos Aires.

A Federação Paulista, organizadora do torneio, anunciou que o clube argentino está suspenso por dois anos.

Não será chamado para a disputa em 2025 e 2026.

A diretoria do clube portenho avisou que tomará medidas disciplinares contra as acusadas de racismo.

A treinadora gremista, ainda na sexta-feira, seguiu no seu depoimento certeiro.

“Aí amanhã vai sair que o futebol feminino não tem comportamento, sai que a gente não sabe lidar com pressão, sai que a gente não merece ter audiência que estamos tendo e aí eu, como mulher e você, como repórter, outras pessoas sempre vão passar por isso, por situações de covardia. Até quando isso?”

“É um absurdo uma atleta de futebol profissional depois de tudo que passamos em relação às chuvas vir para cá encerrar o ano e passar por um caso de racismo. O que a gente vai fazer?”

Além da suspensão de dois anos ao River Plate, a organização do torneio fará, nos próximos, reuniões avisando que não tolerará atos de racismo, como o de sexta-feira.

Camila Duarte. Jogadora da Seleção Argentina sub-20 está entre as presas Associação Argentina de Futebol

A Lei 14.532/2023, publicada em janeiro deste ano, equipara a injúria racial ao crime de racismo.

Com isso, a pena tornou-se mais severa com reclusão de dois a cinco anos, além de multa, não cabe mais fiança e o crime é imprescritível.

Pelo menos é o que está no Código Penal.

Mas já há a pressão para a liberação da cadeia das argentinas.

Advogados tentam que elas voltem a Buenos Aires.

E, se houver julgamento, que possam responder no país vizinho.

Até a Embaixada da Argentina costuma se envolver.

Basta lembrar do que aconteceu com Grafite.

Todo o departamento jurídico do River Plate está envolvido nesse caso.

A situação é mais do que constrangedora.

E compromete não só as mulheres.

Mas o futebol como um todo.

Foram inúmeros casos de injúrias por parte de torcedores em partidas masculinas em 2024.

O esporte mais popular do mundo não pode seguir sendo lugar de racistas.

Suspender o River Plate por dois anos é excelente medida.

E se forem culpadas as quatro jogadores presas, que elas paguem.

Simples assim.

Acabaram as desculpas...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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