Lesão foi bem mais grave. É enorme segredo no Santos. Neymar, outra vez, cortado da Seleção. E, risonho, foi para um desfile de moda
O ‘edema’ de Neymar é muito mais abrangente no músculo adutor da coxa esquerda. Há quem garanta que o jogador de 33 anos ficará semanas parado. Mas enquanto era feito o anúncio do corte, ele estava sorridente, em um desfile de moda no Allianz Parque
Cosme Rímoli|Do R7

A alegria de Dorival Júnior durou muito pouco.
O reforço, que ele sonhava contra a Colômbia e Argentina, não passou de ilusão.
E foi devidamente cortado da Seleção.
Neymar.
Custou caro demais as sete partidas que ele jogou de forma seguida.
O próprio camisa 10 que pediu para não ser poupado.
Acreditou no poder de recuperação dos seus músculos.
Perdeu.
E veio a incômoda lesão no músculo adutor da coxa esquerda.
O que controla arrancadas, dá firmeza nos dribles, nos chutes.
Seu inchaço incomoda, impede a força na hora de correr e bater na bola de pé direito.
Repórteres que cobrem o Santos garantem, depois do corte.
O que desconfiavam se confirmou.
A contusão de Neymar é bem mais grave do que um simples ‘edema’, como o Santos informava.
E ele pode ficar semanas longe dos gramados.
Mesmo no teatro tosco que participou na semifinal contra o Corinthians, ficando no banco de reservas, sem a menor condição de jogo, já se percebia sua dificuldade para um mero trote de aquecimento.
Andando na Sapucaí, na segunda-feira, um dia após ele e seus companheiros estarem eliminados, ele mancava.
Os sinais são de um estiramento no músculo adutor da coxa esquerda.
“Parecia tão perto a volta, mas infelizmente não vou poder vestir a camisa mais pesada do mundo neste momento!
“Tivemos longas conversas, e todos sabem a vontade que eu estava para voltar, mas entramos em um consenso e resolvemos não me arriscar e poder me preparar melhor para zerar totalmente a lesão. Faz parte do processo.
“Valeu aos que mandaram mensagens de apoio”, escreveu Neymar, nas redes sociais.
Dorival tentou disfarçar.
Não quis dar destaque ao seu sonhado meia/atacante.
Colocou Neymar, Danilo e Ederson no mesmo depoimento ensaiado para as câmeras.
“Nos últimos dias, após a convocação do dia 6 de março, às 11 horas, o Departamento Médico da Seleção Brasileira, na pessoa do Dr. Rodrigo Lasmar, vem nos atualizando a respeito da situação de todos os atletas, em especial Danilo, do Flamengo, Neymar, do Santos, e Ederson, do Manchester City. Após as avaliação realizadas, o Departamento médico da Seleção nos atualizou a respeito da situação de cada atleta. Sendo assim, estamos convocando Lucas Perri do Lyon, Alex Sandro, do Flamengo, e Endrick, do Real Madrid.”
Dorival tentou parecer impessoal.
Mas a verdade é que está muito preocupado.
Não ter o veterano jogador contra a Colômbia e, principalmente, Argentina, trouxe mais um peso enorme à Seleção.
O camisa 10 que seria o escudo para a geração insegura, do atual futebol brasileiro.
Enquanto o corte do jogador era anunciado, ele estava no Allianz Parque.
Sim, nesta noite.
Não para entrar no gramado sintético, que detesta.
Mas para um desfile de moda para a marca italiana Replay, que representa no Brasil.
Se mostrou despreocupado, sorridente, ao lado do surfista Pedro Scooby.

Se confirmado o estiramento, a situação é péssima, para um jogador de 33 anos, com histórico de 29 lesões, pode levar muito tempo sua recuperação.
Mesmo sendo submetido a tratamento intensivo.
O que não é o caso do camisa 10 do Santos.
Muito pelo contrário, até.
Ele participou de um torneio de pôquer na noite de ontem.

Só hoje, o clube divulgou uma nota sobre a contusão.
Sem detalhes.
E depois de muita pressão da mídia do Litoral paulista, obcecada por Neymar.
“Na última quinta-feira (6) foi identificado um edema na região posterior da coxa esquerda de Neymar Jr, fato que o tirou da partida semifinal do Paulistão, e depois de realizar novo exame de controle foi identificado a manutenção da lesão muscular (sem ruptura de fibras).
“O diagnóstico do Departamento Médico é que ele deve permanecer em tratamento clínico nos próximos dias. A precaução com relação a este processo de recuperação ocorre em virtude do longo período sem atividade de alta intensidade do atleta, fato que ressalta a necessidade de um cuidadoso protocolo de prevenção para a retomada de um novo ciclo de treinamentos e jogos.”
“Próximos dias.” A superficialidade do diagnóstico é de propósito.
Para não haver cobranças pela recuperação.
Endrick foi chamado para o lugar de Neymar.
Um bom assunto, com potencial para desviar um pouco o foco do principal jogador a atuar neste país.
As sete partidas seguidas são vistas por preparadores físicos, que não são do Santos, como uma ‘loucura’.
Porque Neymar ficou um ano e um mês parado, lesionado, com os ligamentos do joelho esquerdo rompidos.
Depois de curado, entrou em duas partidas no Al-Hilal, em dezembro.
Voltou a sentir uma lesão muscular.
Veio para o Santos.
Se preparou fisicamente, outra vez.
E não entrou aos poucos no ritmo do time.
Fez questão de atuar sete partidas seguidas.
Até que veio o ‘edema’.
Custou a partida mais importante do Santos, este ano.
A semifinal contra o Corinthians, que o clube do Litoral saiu derrotado, eliminado.
Contundido, Neymar vem se tratando no Santos.
E ninguém no clube falou sobre a gravidade da contusão.
Muito menos da chance dele ser cortado.
Mas chegou a hora ‘da verdade’.
Não jogará o amistoso do Santos contra o Coritiba, domingo, no Paraná.
Frustrando quem comprou antecipadamente seu ingresso.
E nem atuará contra a Colômbia, em Brasília.
Não pisará no gramado do estádio do River Plate, em Buenos Aires, contra a Argentina, de Messi.
Ele não enfrenta a Colômbia e a Argentina.
Outra vez Neymar cortado.
Surpresa
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