Lágrimas não adiantam. Paes classificou o São Paulo
Um erro absurdo de Paes colocou o time de Aguirre na semifinal do Paulista. Sabotou seu time. E abriu o caminho para os 2 a 0 necessários para o tricolor
Cosme Rímoli|Cosme Rímoli
Um jogador tem o poder de estragar todo o trabalho de um clube.
O São Paulo deve sua classificação à semifinal do Paulista ao goleiro Paes. A partida estava dramática, com o São Caetano segurando o 0 a 0, sem muito esforço.
Pintado fez ótimo trabalho tático. Até ser sabotado pelo goleiro de seu time.
Eram 19 minutos do segundo tempo, quando Alex Reinaldo decidiu recuar a bola para o arqueiro. Ele estava livre. Em vez de bater logo para a frente, a dominou. E deu um passo para trás, fez pose para chutar. Todo esse ritual absurdo deu tempo para Trellez. O colombiano nem acreditou no presente. Travou o chute do irresponsável goleiro. E só teve o trabalho de empurrar a bola para as redes.
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O gol mudou a partida. Os jogadores do São Caetano desanimaram com a infantilidade e o São Paulo ganhou uma injeção de ânimo. E Diego Souza cabeceando firme, aos 39 minutos, sacramentou o resultado que o time de Aguirre precisava. 2 a 0. Estava descontada a derrota por 1 a 0. E o time está na semifinal do Paulista.
Se os grandes confirmarem seu favoritismo, o São Paulo fez a quarta, a pior campanha.
E enfrentará o líder do Estadual.
O Palmeiras, com o jogo decisivo na arena palmeirense.
"Agora é muito difícil de falar, a gente esta ali para acertos, não sei o que aconteceu. É um lance que eu tenho que rever, mas a tristeza é por não ajudar a equipe a se classificar e quem sofre são os parentes, minha esposa. Mas isso faz parte da profissão", conformava-se Paes.
Se ele não fosse tão desatento, irresponsável, não estaria fazendo seus parentes sofrerem. O São Caetano tinha tudo para conseguir sair do Morumbi classificado. O time de Aguirre estava afobado, tenso, pressionado pela torcida. Até chegar a bobagem de Paes.
O treinador uruguaio teve coragem. E fez mudanças importantes na apátia equipe que perdeu para o São Caetano por 1 a 0. Despachou a lentidão de Petros e a indefinição tática do pesado Diego Souza para o banco de reservas. Sabia que precisava de velocidade. E tratou de colocar Trellez e Liziero no time. Fez também voltar Reinaldo na lateral.
E exigiu postura, vontade de vencer e marcação alta, para sufocar o São Caetano, desde os primeiros minutos. Pintado sabia que seria essa a estratégia do adversário. E tratou de montar as previsíveis duas linhas de marcação. E com seus jogadores orientados para não darem chutões. Sair jogando com personalidade, tocar a bola.
Pintado queria controlar o ritmo de jogo. Explorar o desespero são paulino. E no primeiro tempo, seu plano deu absolutamente certo. Tudo o que o São Paulo fazia era correr. Brigar por laterais, escanteios, reclamar. Nenê era o mais irritante. Enervava o próprio time. E Reinaldo voltou à equipe acreditando ser um lutador de MMA, querendo mais brigar, intimidar, que jogar. Uma bobagem.
O mais lúcido do meio para frente era Valdivia. Outra vez, ele destoava dos seus companheiros, atuava bem.
E foi o motivo de Diego Aguirre ser chamado de burro por todos os 17 mil são paulinos que tiveram coragem de ir ao Morumbi. Enfrentando a cidade mergulhada no caos, por causa da fortíssima chuva.
Aguirre tirou Valdivia no intervalo. Não porque é burro ou louco. O meia sentiu dores nas coxas. O garoto Lucas Fernandes entrou no seu lugar. E muito bem. Conseguiu ser melhor que Valdivia. Trouxe mais insinuidade, dribles, tabelas. Melhorou, e muito, o São Paulo.
Mas o São Caetano seguia firme. Com seus jogadores mais pressionados, com a mudança de atitude do rival, sem a apatia de sábado. O gramado molhado atrapalhava o toque de bola da equipe do ABC. Mas tudo estava sob controle. O São Paulo chutava mais ao gol, de fora da área. E apelava para cruzamentos e mais cruzamentos.
Quando a torcida se impacientava, os jogadores se afobavam e Aguirre não sabia o que faria, Paes surgiu. Cometendo uma bobagem que nem um goleiro juvenil faria. Ainda mais em partida decisiva, valendo a semifinal do Paulista.
Quando a bola foi recuada na sua direção aos 19 minutos, bastaria dar um chute para a frente, focado, concentrado, responsável como deveria ser. Mas foi fazer pose. Teve a capacidade de dar um passo para trás antes de despachar a bola. Chamou Trellez para a sua área, para a prensada na bola, para o prazer de comemorar um gol importantíssimo para o São Paulo.
O lance foi revoltante de tão tolo.
Com o São Paulo confiante e o São Caetano abatido, efeitos colaterais de Paes, o Morumbi todo sentia. O segundo gol era questão de tempo. E coube a Diego Souza marcar, aos 39 minutos, de cabeça.
O meia tirou a camisa e mostrou para a própria torcda são paulina.
Ele cobrava que acreditasse no time.
O jogo acabou com o São Paulo classificado, com a vitória por 2 a 0.
Mas sua vida foi facilitada graças a Paes.
Ele sozinho foi capaz de sabotar o São Caetano.
Responsável pela eliminação.
"Não foi um momento de distração. Eu dominei a bola, olhei para baixo, olhei para a frente, inflizmente a bola bateu no jogador do São Paulo. Naquela hora eu olhei para Deus e perguntei: "Por que comigo?". Estou sentindo a pior sensação do mundo. Eu trabalho muito, então não entendi porque isso aconteceu justamente comigo", desabafou o goleiro, chorando.
Aconteceu porque foi imprudente.
Irresponsável.
Cruel, mas simples assim...
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