Jairzinho teve de se desculpar. Por mandar bandeira 'lavar roupa'
Para seguir trabalhando como comentarista da Botafogo TV, ídolo de 75 anos teve de reconhecer o machismo. O ataque à bandeira Neusa Back
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Jairzinho.
75 anos.
Tricampeão do mundo.
Único jogador a marcar em todas as partidas de sua seleção campeã em uma Copa.
Pela velocidade, ganhou o apelido de Furacão.
Leia também
Um dos grandes ídolos da história do Botafogo.
A noite de ontem, 23 de setembro de 2020, tinha tudo para ser feliz.
Seu filho, Jair Ventura, comandou a vitória do Sport sobre o clube que o desprezou, o Corinthians.
E o Botafogo eliminou o Vasco da Copa do Brasil, depois de empatar em 0 a 0.
Mas o machismo de Jairzinho estragou tudo.
Como ídolo, ele trabalhava como comentarista da Botafogo TV no clássico carioca.
E, irritado com a marcação de um impedimento por parte da auxiliar Neuza Ines Back (Fifa-SP), não teve dúvidas.
Tratou de diminuí-la por ser mulher.
"Está dando mesmo (dor de cabeça), está dando mesmo, está dando mesmo."
"Vai lavar roupa, pô."
"Pelo amor de Deus."
"Essa Federação Carioca de Futebol, pelo amor de Deus."
"Pô, bota para lavar roupa, pô."
Neuza é do quadro paulista de arbitragem.
E conseguiu entrar no seleto elenco de bandeiras da FIFA.
Trabalhou na Olímpiada de 2016, no Rio de Janeiro.
Se o bandeira fosse homem, jamais Jairzinho o iria mandar lavar louça.
O comentário machista tomou conta das redes sociais.
Jairzinho estava representando não só o grande ídolo que é.
Mas também o Botafogo, ao ser o comentarista da tevê oficial.
As queixas chegaram até o presidente Nelson Mufarrej.
Ele decidiu ter uma reunião com Jairzinho.
E o ídolo não encontrou outra saída.
A não ser, se desculpar.
"Venho a público me desculpar com a árbitra Neuza Ines Back pelo comentário que fiz ontem na transmissão do jogo entre Vasco x Botafogo, na Botafogo TV.
"Foi um erro e que não irá se repetir.
"Falei tomado pelo calor do momento, o que não justifica tal ato.
"Arrependido, me retrato e reforço o respeito pelas mulheres", escreveu no seu Instagram.
Foi uma lição dolorida, para o ex-jogador de forte personalidade.
Por mais que ele tenha nascido em 1944 e tenha tido grande parte de sua vida cercada de machismo, precisa se adaptar.
Ou deixar sua postura atrasada longe dos veículos de comunicação.
Ainda mais representando um clube.
A sociedade avançou.
As mulheres têm direito de trabalhar no que quiserem.
Como árbitras de futebol, desembargadoras, motoristas de Uber.
Até pelos seus fãs, pelo clube, por sua história, não havia outra saída a Jairzinho.
A não ser a retratação...
Jogador bilionário que tem até tigre em casa assina com time português
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.