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O segredo de Velloso. ‘Fui para a Seleção. Fui campeão. Com um segredo. Não girava o punho esquerdo. Compensava com o ombro. Mas lutei, sofri, venci. Fiz história no Palmeiras.’ Exclusiva

Um dos melhores goleiros da história do Palmeiras. Entrevista reveladora, que mostra toda a luta de sua carreira vencedora. Na época da Parmalat foi tremendamente injustiçado. Além de enorme coração. ‘Foi fundamental para mim", garante Marcos

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'Nós tínhamos Rivaldo, Cafu, Luizão, Muller. Era um time sensacional", relembra Velloso Divulgação/Palmeiras

‘Ele é o goleiro mais técnico, o que mais treinava. O mais frio, calculista. E o mais corajoso."

As definições sobre Velloso foram feitas pelo primeiro preparador de goleiros, o histórico Valdir Joaquim de Moraes.E eu tive a sorte de acompanhar toda a trajetória dele no Palmeiras. Ele surgiu, de repente, para os jornalistas, substituindo Zetti, que havia quebrado a perna. E Ivan, reserva imediato, que lesionou a mão direita.


Aos 21 anos, em 1989. Naquele tempo, o Palmeiras tinha uma escola de goleiros excepcional. Mas só apostava nos jogadores vividos. Não em um garoto. Só que a imprensa não sabia que ‘aquele garoto’ tinha história importante já, com tão pouca idade. Havia sido titular absoluto das Seleções Brasileiras de base.

E com direito a um grande drama.


“Tive uma lesão gravíssima. Um jogador da Ponte Preta chutou o meu braço esquerdo e rompeu os dois ossos principais. Minha mão foi parar no cotovelo. Foi o pior momento da minha carreira. Fiz uma delicada operação. Não deu certo. Tinha de fazer outra. Queria parar.

“Minha mãe que me incentivou. Enfrentei a segunda operação, fiz enxerto ósseo. Deu certo.


“Mas nunca mais consegui girar o pulso esquerdo. Já treinava mais que todo mundo. Passei a treinar mais para me adaptar. E consegui ser titular pelo Palmeiras e Atlético Mineiro. Ganhei títulos.

“Fui convocado, joguei na Seleção. Compensava com o ombro. E ninguém sabia dessa minha pequena limitação. Mas nunca me atrapalhou.”


Era impossível perceber, porque Velloso foi excepcional goleiro. Elogiado até por adversários do quilate de Zico.Viveu o jejum de títulos do Palmeiras.

Em 1990, fugiu com seus companheiros, para não apanhar, dos torcedores enfurecidos com a eliminação do Paulista, empatando com a Ferroviária.

Sem conseguir bater nos jogadores, eles foram ao clube e quebraram a magnífica sala de troféus do Palmeiras. Mas a volta por cima veio em 1993, com a conquista do Paulista, fim da seca de títulos.

‘Os torcedores invadiram nosso ônibus fizeram uma festa inesquecível. Maravilhosa.“

Velloso foi uma das peças fundamentais na Era Parmalat. Goleiro de grandes recursos técnicos Reprodução/Instagram Velloso

Velloso nasceu em uma família palmeirense de Araras.

‘Parecia um sonho. Meu pai me levava para assistir jogos do Palmeiras. E, depois, eu estava lá. Dentro do campo, defendendo o nosso time. Futebol me fez muito feliz.’O destino foi irônico. Da mesma maneira que ele admirava e copiava os gestos técnicos de Zetti, surgiu outro goleiro que o imitava em tudo. E que se tornou seu grande amigo, apesar de rivais: Marcos.

“Nossa relação sempre foi incrível. De amizade mesmo. A gente competia de uma maneira muito leal. Assim também como o Sérgio, muito amigo. Situação rara no futebol.’A amizade era tanta que Velloso forçou um cartão amarelo para que Marcos estreasse na partida que ambos haviam combinado: contra o Botafogo, no Parque Antártica. O titular foi além.

Disse que o cobrador de pênaltis do Botafogo era Paulo César. E ele só cobrava no canto direito. E foi o que aconteceu. Marcos estreou e já defendendo pênalti, começando sua história no Palmeiras.

Velloso só sofreu com o então presidente Mustafá Contursi. Enquanto os jogadores da Parmalat recebiam dez, vinte vezes seu salário, ele se submetia a um teto baixo, do Palmeiras, criado por Mustafá.

‘Éramos eu e o Galeano. Uma injustiça tremenda.’ Inconformado exigiu ser emprestado. E foi parar no União São João e no Santos. Com grandes atuações, o Palmeiras não aceitou vendê-lo.Mas o destino foi irônico com Velloso.

Convocado para a Seleção Brasileira, foi participar de um rachão, jogo de brincadeira entre os jogadores. E Velloso acertou um chute muito forte no pé de Marcos. Resultado. Velloso quebrou o pé. Não pode ir para a Seleção.

“Foi o próprio Marcos que me levou para o hospital. Ele empurrando a cadeira de rodas”, relembra, sorrindo.

Irritado com a situação que vivia no Palmeiras, recebendo muito menos que os jogadores da Parmalat, ele falou a Felipão que iria embora.

“Ele queria fazer um pacto comigo. Pagar a diferença do próprio bolso. Não aceitei. Pedi que me ajudasse a ir para outro clube grande. E foi assim que fui para o Atlético Mineiro, onde fui muito feliz.“

Velloso foi um dos melhores goleiros da história do Palmeiras e do Atlético.Tentou a carreira como treinador, mas logo desistiu. “Tudo é muito pesado, complicado. Há jogo de interesses. Cobrança absurda. Não era para mim.”

E foi para um lado que só sua mãe enxergava para ele: a televisão.

“O Neto se tornou meu amigo desde sua passagem pelo Palmeiras. E me chamou para o programa dele. E já são 12 anos como comentarista. Nunca imaginava esse caminho para mim. Minha mãe que havia previsto. Faço como nos meus tempos de jogador. Se eu treinava muito, agora, eu estudo muito. Estou bastante feliz.

“O ambiente é ótimo na Bandeirantes. O Neto é um grande parceiro. O futebol mudou minha vida”, sorri, muito feliz, aos 57 anos..

A entrevista com Velloso está no Canal Cosme Rímoli, no Youtube, uma parceria com o R7.

São mais de 150 entrevistas.

Toda terça-feira há um personagem importante no esporte.

O canal já passou dos 13,3 milhões de visualizações...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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