Felipão deixa Scarpa jogar como sabe. Até que enfim
O Palmeiras goleou o Melgar, em plena Arequipa, no Peru. Se classificou para as oitavas da Libertadores. 4 a 0. A melhor notícia. Scarpa jogando como meia
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Os 20 dias que o Palmeiras teve, com a eliminação na semifinal do Paulista, foram importantes.
Felipão finalmente parece ter descoberto um dos grandes desperdicíos no seu elenco milionário.
Gustavo Scarpa.
Atuando como meia e não improvisado na direita, o jogador mostrou todo o talento que impressionava no Fluminense.
Ele conseguiu ser o articulador das principais jogadas ofensivas e autor de dois gols na partida que deu a classificação às oitavas de final da Libertadores.
E a liderança provisória do grupo F. Basta um empate diante do San Lorenzo, dia 8 na arena palmeirense, para terminar em primeiro esta fase.
Mesmo com o óbvio desconto que o Melgar é um adversário fraquíssimo e de movimentação primária, o placar de 4 a 0, em plena Arequipa, no Peru, foi até injusto diante do domínio palmeirense, com atuação brilhante de Scarpa.
A altitude de 2.300 metros de Arequipe não atrapalhou o desempenho físico do time brasileiro. O ar rarefeito tornou o tempo de bola diferente, atrapalhou o domínio em alguns lances.
A parada para recuperação física de Ricardo Goulart e o fraco desempenho ofensivo do Palmeiras contra o São Paulo fizeram Felipão descobrir uma nova maneira de fazer seu time atacar.
Ele resolveu radicalizar.
Tirou Dudu da esquerda e o colocou na direita. Fez Zé Rafael atacar pelo lado esquerdo.
E deixou Gustavo Scarpa centralizado, com liberdade para atacar por onde quisesse.
Deyverson se movimentou muito bem, atraindo a atenção dos zagueiros, abrindo espaço para os companheiros na área.
Jorge Pautasso não esperava essas mudanças. E pressionado para tentar a quase impossível classificação, pela distância dos pontos, e pelo fraquíssimo elenco, o treinador argentino tentou pressionar o time paulista.

Obrigou Weverton a uma defesa importante, de reflexo e susto, em uma cabeçada à queima roupa de Christian Ramos, logo no primeiro minuto de jogo.
O lance deixou uma falsa impressão.
O Melgar tinha enorme espaço entre o ataque, o meio de campo e a defesa. Gustavo Scarpa fez o que quis.
E aos nove minutos, depois de jogada ensaiada com Dudu, cruzou com perfeição, na cabeça de Gustavo Gomez. O paraguaio marcou 1 a 0, com nove minutos de jogo.
O gol fez os peruanos se abrirem, buscando o empate.
Facilitaram tudo de vez.
Aos 21 minutos, Gustavo Scarpa aproveitou falha dos zagueiros e bateu de primeira, da entrada da área, indefensável para o esforçado goleiro Cáceda. 2 a 0, Palmeiras.
O time brasileiro seguiu muito mais consciente e criando chances para a goleada, que viria.
O Melgar voltou da mesma maneira, sem a menor coordenação na recomposição. Ótimo para o Palmeiras que cansou de articular contragolpes.
Zé Rafael, que teve uma boa atuação, deixou o campo aos 15 minutos do segundo tempo para a entrada de Hyoran.
O jogador muito leve e técnico foi ótimo companheiro para Gustavo Scarpa.
Foi ele quem deu excelente passe no meio da zaga. Scarpa livre entre os zagueiros bateu com convicção. 3 a 0, Palmeiras, aos 21 minutos.
Felipão tratou de colocar Lucas Lima e Moisés, no lugar de Dudu e Bruno Henrique. Os dois estavam cansados.
O Palmeiras seguiu se impondo.
E Hyoran deu ótimo cruzamento para Moisés marcar o quarto gol, aos 35 minutos. Luan ainda acertou chute impressionante no travessão.

Lucas Lima entrou muito bem no jogo.
Mais do que a goleada, o futebol do Palmeiras agradou.
Felipão descobriu que o meio de campo existe.
Não são obrigatórios os chutões, os cruzamentos da intermediária.
Há meias de talentos no seu milionário elenco.
Basta escalá-los onde sabem jogar.
Gustavo Scarpa, principalmente...