Ex-presidente corintiano: 'Palmeiras fez melhor negócio com o estádio'
Roberto de Andrade colocou Andrés Sanchez em péssima situação. Mas disse a verdade na tevê. O Corinthians está travado pelas contas do Itaquerão
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Cosme, a arena é nossa."
"O Palmeiras joga em um estádio que não é seu."
"É da WTorre."
"Paga aluguel."
"Quando for dele, daqui a 30 anos, estará ultrapassado."
"O nosso estádio, não."
"Daqui a 12 anos estará pago."
"A Fiel paga."
"Não tenho dúvidas."
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"Você quer saber?"
"Será até antes desses 12 anos, que acordamos."
"Enquanto isso, o Palmeiras ficará pagando aluguel à WTorre."
"O Corinthians soube negociar seu estádio muito melhor."
Essa foi a resposta que o presidente Andrés Sanchez em maio de 2011, quando se iniciaram as obras do Itaquerão.
Depois de nove anos, com Andrés controlando de forma absolutista os gastos do estádio, sem a transparência prometida, sem acesso até mesmo a conselheiros importantíssimos do Corinthians, o ex-presidente Roberto de Andrade, confessa a verdade.
"A gente vê que a forma que o Palmeiras fez foi melhor do que a nossa. Porque a gente não consegue viabilizar."
"Vamos pagar o estádio?"
"Vamos pagar o estádio."
"Talvez não no mesmo prazo, talvez até igual o Palmeiras em 30 anos ou perto disso", disse Andrade para a Fox Sports.
Ou seja, a promessa de Andrés, que o Itaquerão seria pago em até 12 anos, não será cumprida.
O estádio que custaria R$ 350 milhões ao Corinthians, pode passar de R$ 1,6 bilhão. Ninguém pode afirmar com certeza porque há inúmeras questões jurídicas envolvendo a Odebrecht e a Caixa Econômica Federal, que viabilizaram a construção do Itaquerão.
Misturando pressa e ganância para conseguir as isenções de impostos, reservada a estádios da Copa do Mundo, Andrés cometeu vários erros primários.
O primeiro foi acertar que toda a arrecadação dos jogos do Corinthians seria para pagar o estádio. Um absurdo.
Que se mostrou completamente inviável e que drenou as finanças no Parque São Jorge.
Também, pela pressa, não adequou o estádio para comportar shows. A Zona Leste de São Paulo é carente de grandes espaços que permitam apresentações de cantores, grupos internacionais.
Andrés teve todo o apoio do ex-presidente Lula, que pressionou a cúpula da Odebrecht para construir o Itaquerão. Seria como o presidente corintiano desejasse. Inclusive a forma de pagamento.
"Não dá para falar que (o Itaquerão) é um erro, porque é o sonho de qualquer clube ter uma arena, tá certo? Pode ser que o erro... Eu não gosto de falar isso porque eu não participei da forma que foi desenhada a parte financeira. Eu não participei", lava as mãos Roberto de Andrade.
O ex-presidente, depois de suas declarações, foi muito criticado por conselheiros corintianos.
Por expor o clube e Andrés.
Mas ele apenas falou a verdade.
O Corinthians segue escravo das dívidas por seu estádio.
Não pagará em 12, em 20, já calcula 30 anos.
E o Palmeiras se aproveita das arrecadações da arena "da WTorre".
Colocou grama sintética, para jogar no dia seguinte aos shows, cuja arredação é da 'dona do estádio'.
Aproveita seu estádio 'de aluguel'.
Até novembro de 2019, o Palmeiras já havia faturado R$ 310 milhões de arrecadação. O dinheiro nestes cinco anos ficou nos cofres do clube.
Já o Corinthians faturou R$ 316 milhões, também de 2014 para cá, foi para amortizar juros, pagar o empréstimo junto à Caixa e à construtora Odebrecht.
Mesmo assim, a dívida não para de crescer, por conta da correção monetária, juros e multas, por contas que não foram pagas no prazo combinado.
O erro de Andrés foi grave demais...
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