Dudu é o primeiro.Palmeiras quer desmanche.Volta do bom e barato
Desiludido, Galiotte resolveu vender estrelas. Montar uma equipe mais barata. Scarpa, Lucas Lima, Deyverson, Rapahel Veiga oferecidos no mercado
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Há um clima incômodo no Palmeiras.
De desistência por títulos.
E preocupação com as finanças.
A tentação por um time 'bom e barato' está se materializando.
A negociação de Dudu, por empréstimo, para o Al Duhail, é apenas a ponta do iceberg.
Está encaminhado um desmanche.
Desde a saída de Alexandre Mattos e sua postura megalomaníaca de contratar, sem sucesso onde importava: vencer a Libertadores, Mauricio Galiotte decidiu recuar.
Não mais comprar.
Vender.
Ele sairá no final de 2021 e quer cumprir a promessa de deixar o Palmeiras sem dívidas.
E já havia prometido a conselheiros que não repetiria a 'loucura' de 2019.
Contratações milionárias, dois técnicos de Seleção Brasileira dispensados, com multa: Felipão e Mano Menezes.
E fracassos no Paulista, Copa do Brasil, Brasileiro e Libertadores.
O clube não venceu um título em 2019.
Sem pandemia, Galiotte pretendia gastar 30% a menos do que os R$ 536 milhões do ano passado.
A primeira medida foi não ceder à pedida de R$ 1,5 milhão de salário exigida pelo argentino Jorge Sampaoli.
Por R$ 900 mil a menos contratou Vanderlei Luxemburgo.
Faria mais: venderia estrelas do time, e baixaria a folha salarial do futebol.
E pretendia pagar os R$ 190 milhões à Crefisa, ainda por contratações 'dadas' pela patrocinadora, que a Receita Federal transformou em empréstimos, depois de multar a empresa de crédito pessoal.
Mas veio a pandemia, quatro meses sem futebol, e tudo piorou.
Nada de arrecadação na arena, dinheiro de transmissão de futebol, fuga de sócios-torcedores.
O clube deixou de arrecadar cerca de R$ 30 milhões por mês.
Teve de diminuir a folha salarial em 25% dos jogadores.
Embora a Crefisa mantivesse o pagamento das parcelas responsáveis por R$ 72 milhões em patrocínio no ano, a tensão domina o presidente palmeirense.
De maneira exagerada para conselheiros importantes no clube.
Os mesmos revoltados pelo empréstimo de Dudu.
Galiotte decidiu de vez implementar a política que assombra o Palmeiras desde que Mustafá Contursi era o presidente, e a Parmalat deixou de patrocinar o clube.
A do 'bom e barato'.
No começo deste ano, o blog já havia avisado que essa política seria adotada, antes da pandemia. Galiotte mandou a assessoria do clube responder que o elenco já era caro e possuía jogadores diferenciado.
Mas o blog deixou claro que a projeção era um time "anti Alexandre Mattos". Foi o que ocorreu.
E agora, Galiotte pressionado pela pandemia, decidiu priorizar o equilíbrio financeiro do clube, mesmo se vier outro ano de jejum de títulos.
A negociação de Dudu é amadora, leva em conta mais em conta o problema pessoal do jogador, acusado de agredir a ex-mulher.
E o clube está emprestando seu melhor jogador ao Al Duhail, por 7 milhões de euros, cerca de R$ 41,9 milhões.
Mas vai se livrar de um salário de R$ 1,1 milhão.
Galiotte já avisou agentes e empresários que negociam com o Palmeiras. Não há atleta que o clube não aceite vender.
Gustavo Scarpa, R$ 700 mil mensais, não conseguiu se firmar como titular. Está sendo oferecido para clubes espanhóis e árabes. Giuliano Bertolucci está buscando 7 milhões de euros, R$ 41,9 milhões. Mas se surgir com uma proposta de 5 milhões de euros, R$ 30 milhões, o jogador vai embora.
Raphael Veiga é outro que está sendo oferecido no mercado.
No começo do ano, o Palmeiras não quis vendê-lo ao Grêmio, por ser rival na Libertadores. Mas agora, se o clube gaúcho insistir, leva.
O clube só teve proposta do Al Ahli, dos Emirados Árabes, de empréstimo ao jogador. Por enquanto, disse não.
Deyverson está até afastado do time, depois do seu empréstimo ao Getafe.
E é outro que o Palmeiras quer se livrar.
Grêmio, Internacional, Atlético Mineiro são equipes possíveis, se não houver proposta do Exterior.
Galiotte não quer a sequência do problemático atacante no clube.
Victor Luis pediu aos dirigentes para voltar ao Botafogo, já que o titular da lateral esquerda é o uruguaio Matías Viña e o reserva, Diogo Barbosa.
O clube carioca vinha conversando com o jogador e Galiotte consentiu a negociação.
Negociar Lucas Lima, que custa R$ 1 milhão por mês, entre salário e direito de imagem, é outro objetivo. Mas o fraco futebol mostrado com a camisa verde desestimula interessados.
Bruno Henrique, Diogo Barbosa, Zé Rafael, Gustavo Goméz, Luan...
Não há atleta inegociável.
A esperança é faturar nesta abertura de janela na Europa.
A empolgação deixou o departamento de futebol do Palmeiras.
O descontrole de Alexandre Mattos não é exemplo.
Mas a falta de ambição de Anderson Barros, ex-Botafogo, só faz aumentar a vontade de economizar de Mauricio Galiotte.
Aliás, a ordem do presidente é investir em garotos da base.
A possibilidade de ter Roger Guedes na vaga de Dudu, que arruma malas para o Qatar, foi muito alta. E hoje, é remota.
Mustafá Contursi está com sua vida política travada noclube, depois da acusação na justiça, de intermediar vendas de ingressos que ganhava de 'cortesia' da Crefisa.
Mas seu espírito está presente.
O 'bom e barato' já domina o Palmeiras.
Será assim durante o resto de 2020...
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