Cosme Rímoli Diretoria do Corinthians só ameaça. Não pode romper com as organizadas. É refém. Precisa delas para seguir no poder

Diretoria do Corinthians só ameaça. Não pode romper com as organizadas. É refém. Precisa delas para seguir no poder

Duilio prometeu 'repensar' a relação com as organizadas, depois de os torcedores ameaçarem jogadores antes do clássico contra o Santos. Mas não haverá rompimento. São elas que sustentam o grupo no poder há 16 anos

  • Cosme Rímoli | Do R7

Luxemburgo se explica às organizadas do Corinthians. Duilio não pode romper com elas

Luxemburgo se explica às organizadas do Corinthians. Duilio não pode romper com elas

Reprodução/Instagram Gaviões da Fiel

São Paulo, Brasil

“O Corinthians vai repensar também a relação com as organizadas. Tivemos dez dias com manifestações de alas diferentes, tem eleições no clube e nas torcidas.

“O Corinthians não vai ser prejudicado por isso.

“Sabemos da responsabilidade e do trabalho que tem que ser feito para o Corinthians subir no Brasileiro. Daí para violência é algo muito grande.”

Essa foi a promessa do presidente Duilio Monteiro Alves depois da vitória do Corinthians diante do Santos, na quarta-feira.

O desabafo foi uma satisfação pública aos jogadores e ao técnico Vanderlei Luxemburgo, que se viram acossados por membros das organizadas, assim que a delegação chegou ao litoral, ainda na última terça-feira (20), para o clássico.

O ônibus foi cercado e os jogadores e a Comissão Técnica ameaçados, xingados. O veículo foi socado, chutado.

O coro era pesado e ameaçador.

"Elenco c..., desce do busão."

Temendo agressões, a ordem de Duilio foi retornar a São Paulo. Na dia seguinte, o time chegou à Vila Belmiro protegido por policiais. 

Protegido da própria torcida.

Mas os dias passaram.

Duilio teve tempo para pensar e repensar.

Mas não houve rompimento.

Nem formal nem informal.

Nem haverá.

Porque a ligação entre as organizadas e a ala que comanda o Corinthians desde 2007 é umbilical. O grupo se denomina Renovação e Transparência. Há 16 anos.

Andrés Sanchez foi um dos fundadores da Pavilhão Nove.

Os líderes da Gaviões da Fiel sempre tiveram livre acesso ao clube. Influenciando a contratação e, principalmente, a saída de treinadores e jogadores.

Duilio não pode ser reeleito.

A não ser que seja mudado o estatuto do clube, situação que não acontecerá por desagradar seu mentor e homem que o colocou no cargo, Andrés Sanchez.

André Luz Oliveira, conselheiro vitalício e parceiro de muitos anos de Sanchez, espera ser o indicado. Está “na fila” há pelo menos três eleições. E, até agora, tudo leva a crer que chegou a sua vez.

A oposição, encabeçada por Augusto Melo, se estruturou. Ganhou força com os fracassos recentes do Corinthians. E tem real possibilidade de vitória.

Torcedores organizados cercam o ônibus do Corinthians e ameaçam jogadores, na terça-feira

Torcedores organizados cercam o ônibus do Corinthians e ameaçam jogadores, na terça-feira

Reprodução/Twitter

O apoio das organizadas tem potencial para ser decisivo na eleição. Há inúmeros membros que são sócios do clube, com direito a voto.

Vanderlei Luxemburgo, muito vivido e esperto, sabe muito bem que foram membros das organizadas que cercaram o ônibus do Corinthians na terça-feira.

Mas ele não pode “comprar briga” abertamente para não prejudicar o grupo de Duilio Monteiro Alves.

No seu raivoso desabafo após a vitória contra o Santos, ele teve todo o cuidado de não citar as organizadas.

“Não tinha falado sobre o episódio do ônibus e nosso retorno para São Paulo porque o foco era o jogo, mas agora tenho de falar. A decisão de voltar foi tomada com o presidente, em conversa por telefone e por bom senso com as crianças, mulheres e idosos que estavam no hotel e poderiam se ferir numa confusão. Voltamos e descemos hoje com a polícia fazendo nossa segurança. Jogamos e ganhamos no campo.

“Precisamos de paz.

“Pressão ou porrada não faz ganhar, o que faz ganhar jogo é trabalho.”

Só que as organizadas do Corinthians seguem prometendo cobrar o time.

Depois da eliminação da Libertadores, há o medo real do rebaixamento da equipe.

Não há confiança total no time nem no trabalho de Luxemburgo.

A pressão continuará.

E Duilio seguirá irmanado com a torcida.

Rompimento significaria fazer seu grupo dar adeus ao poder, depois de 16 anos.

A eleição seria perdida seis meses antes...

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